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Significado de Salmos 16:7-8
Davi continua a declarar que Deus era quem Ele dizia ser e que não havia outro lugar, pessoa ou deus capaz de lhe fornecer refúgio real. Davi vivia numa realidade segura: "Além de Ti não tenho outro bem" (v. 2). Isso o levava a louvar ao Deus único, como ele mesmo diz: Bendirei a Jeová que me aconselha.
Podemos perguntar: realmente é possível ao homem bendizer a Deus? Várias traduções usam a palavra "louvar" ao invés de “bendizer” ou abençoar. Embora qualquer um dos termos seja uma resposta adequada em relação a quem Deus é e o que Ele fez e faz por nós, eles não são necessariamente os mesmos, particularmente na língua hebraica do Antigo Testamento.
No Salmo 103, por exemplo, Davi usa a frase "Bendize ao Senhor" seis vezes. Ele convida sua "alma", o mais íntimo do seu ser, a "abençoar" ao Senhor, mas também convida a "Seus anjos", "Seus exércitos" e "todas as Suas obras" a bendizer ao Senhor.
Como bendizemos ao Senhor? Não recebemos instruções específicas sobre o que pode ou não ser uma bênção; porém, neste caso (v. 7), parece ser uma resposta aos versículos anteriores que mostra o reconhecimento do "Senhor que me aconselha". Podemos ter uma idéia do que significa “abençoar” ao Senhor olhando para outro versículo que usa a palavra hebraica "barak" (traduzida aqui como abençoar):
"Fez ajoelhar [barak] os camelos fora da cidade, junto ao poço de água, à hora da tarde em que as mulheres saem para tirar água" (Gênesis 24:11).
Bendizer ao Senhor, então, pode significar "ajoelhar-se" diante Dele, reconhecer a realidade de quem Ele é, não apenas para dizer "Além de ti não tenho outro bem", mas para reconhecer isso de verdade.
Podemos elogiar muitas coisas - pessoas ou eventos no mundo em que vivemos - mas não devemos nos "ajoelhar" diante delas. “Abençoar” desta maneira só deve se aplicar ao contexto do próprio Deus. Podemos chamar isso de um louvor "santificado". A palavra "santificar", conforme usada no Novo Testamento, significa que algo ou alguém é "separado para uso sagrado" (João 17:17-19). “Bendizer”, para o salmista, portanto, seria reconhecer a soberania de Deus. Ele é a fonte de tudo o que existe. Nele consistem todas as coisas (Colossenses 1:16-17). Somente através Dele acessamos o bem (Salmo 16:2).
Davi, assim, reconhece que Deus é quem o “aconselha”. No contexto deste Salmo, Deus continua a fornecer conselhos. Até de noite me instruem os meus rins. Alguém poderia dizer que isso era fácil porque Davi tinha um relacionamento especial com Deus. Ele tinha, é claro, mas todos nós podemos ter também, de acordo com João 1:12: "Mas a todos quantos O receberam, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus, a saber, aos que crêem em Seu nome". Somos “novas criaturas" em Cristo Jesus (2 Coríntios 5:17).
Ainda que a maioria dos seguidores de Cristo reconheça seu relacionamento de filhos com seu Pai nesses versículos, quantos deles poderiam dizer que Deus os aconselha? Poderíamos dizer como Davi que “somos aconselhados durante a noite”? É um erro imaginarmos a Deus como alguém que apenas espera que cometamos um erro para que imediatamente recebamos Sua disciplina. Deus com certeza nos disciplina, como Sua palavra afirma (Apocalipse 3:19). Porém, Seu desejo para nós é que tenhamos êxito em tudo (Romanos 8:31).
Tudo começa com o amor de Deus: "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito" (João 3:16). Deus nos ama, ponto final. Da mesma forma que Davi descobriu, o conselho e a instrução de Deus sempre começam por Seu amor por nós. Ele sabe o que é melhor para nós. Ele está sempre disponível. De fato, podemos ser instruídos durante as noites.
Davi aprendeu a habilidade da meditação. Ele pensava nas coisas de Deus e nos caminhos de Deus o suficiente, de forma que sua mente continuava a guiá-lo, mesmo à noite. Isso é uma lição para os crentes do Novo Testamento, que são instruídos a serem transformados pela renovação de suas mentes (Romanos 12:1-2). Uma boa maneira de renovar nossa mente é nos debruçarmos sobre o que é verdadeiro e real, de forma que nossa mente adote novas estruturas baseadas nos caminhos de Deus (Filipenses 4:8).
Tenho posto sempre a Jeová diante de mim. Davi já havia declarado que não correria atrás de outros deuses, nem cantaria seus louvores. Tanto para ele quanto para nós hoje é mais fácil dizer do que fazer isso. Há muitas coisas em nosso mundo que gritam por nossa atenção, nossa lealdade, nossa fidelidade. Aqui, chegamos a uma encruzilhada complicada: a intencionalidade.
Observe a intencionalidade de Davi na redação da frase: Tenho posto. Era um ato consciente da vontade de Davi colocar o Senhor sempre diante dele. É sobre isso que Jesus fala em Mateus 6 ao descrever os tesouros no céu em contraste com os tesouros na terra (Mateus 6:19-21). O ato de depositar tesouros no céu e não na terra requer intencionalidade.
Davi explica que devemos ser intencionais em seguir os caminhos de Deus: Tenho posto sempre a Jeová diante de mim para que eu possa tomar o caminho certo (o caminho de Deus). Jesus diz que devemos ser intencionais na busca pelos caminhos de Deus em Mateus 6:33:
"Mas, buscai em primeiro lugar o Seu reino e a Sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas".
Buscar é uma palavra forte, uma palavra de ação, não muito diferente das palavras de Davi: Tenho posto sempre a Jeová diante de mim. A frase indica uma ação calculada. As palavras de ação nesta frase vão muito além dos sentimentos e das circunstâncias. A intencionalidade da busca de Davi pelo Senhor e Seus caminhos provavelmente seja uma das principais razões pelas quais a mente de Davi o instruía durante as noites.
A confiança de Davi vinha da fidelidade de Deus: Estando Ele à minha direita não serei abalado.
A expressão “mão direita” aparece trinta e oito vezes nos Salmos. A expressão, muitas vezes, se refere à força, já que a mão direita é a mão dominante para a maioria das pessoas; assim, em geral, é a mão que toma a espada ou a lança. A expressão “mão direita” também pode se referir a um lugar posicional de autoridade.
A expressão “mão direita” parece se referir a Deus como a fonte de da força de Davi. Ele tinha estabilidade por causa de sua confiança em Deus. Davi reconhecia que precisava do constante lembrete de confiar em Deus e não no que seus olhos viam. É por isso que ele precisava colocar o Senhor sempre diante dele. Por causa de seu foco constante em Deus ele não seria abalado. Sua confiança estava na força do Deus Todo-poderoso.
Davi sabia que podia contar com o "refúgio", a "porção", a "herança", as "sortes", o “conselho” e a “instrução” do Senhor. Não importava o que enfrentasse, ele continuaria no caminho e na direção de Deus, não por sua própria sabedoria ou força, mas pelo poder do Senhor. Pelo feato de o Senhor estar à sua direita, ele não seria abalado.
A boa notícia para nós, seguidores de Cristo, Filho de Deus e Filho de Davi, é que podemos viver e caminhar na mesma confiança:
Talvez não vejamos Deus se mover em nossas vidas tanto quanto na vida de Davi. Mas temos Suas promessas para nos guiar:
Ao nos levantarmos e seguirmos às promessas de Deus, saberemos: Porque Ele está à nossa direita, não seremos abalados.