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Significado de Salmos 51:1-3

Davi olha profundamente para seu próprio coração e confronta a seu próprio pecado. Ele chega à conclusão de que precisava mais do que apenas o perdão. Ele precisava de limpeza no mais íntimo do seu ser.

O título deste Salmo nos dá um contexto para considerar o significado do clamor e da oração de Davi. A expressão “Ao cantor-mor” é um termo familiar que se encontra no título de 55 dos salmos. Embora a maioria de nós tenha alguma familiaridade com o termo e provavelmente tenhamos em mente a imagem de uma pessoa diante de um grupo de pessoas liderando-as ou dirigindo-as em uma canção, o termo aqui se refere a um oficiante litúrgico. Embora não consigamos determinar exatamente do que se tratava tal papel, certamente há uma conexão com canções, músicas e expressões de adoração.

A expressão “Salmo de Davi” é usada com frequência nos salmos. A palavra hebraica "mizmor" traduzida como "salmo" descreve uma música cantada com o acompanhamento de instrumentos de cordas. A referência a “quando o profeta Natã veio ter com ele depois de ele ter entrado a Bate-Seba” nos dá o cenário histórico e fornece o contexto de como Davi chegou a este lugar de buscar a verdade em seu íntimo. O incidente com Bate-Seba é descrito em 2 Samuel 11:1 - 12:25. Através do uso  de uma história, o profeta Natã levou Davi a ver a malignidade do seu adultério com Bate-Seba, indiretamente matando a seu marido na tentativa de encobrir seu pecado.

O Salmo 51 é geralmente categorizado como um "salmo penitencial". A penitência bíblica é uma condição de um coração que busca reconciliação com Deus, assumindo responsabilidade pelo erro, ofensa ou pecado cometido contra Deus. Há sete deles no Saltério (Salmos 6, 32, 38, 51, 102, 130, 143). Na medida em que Davi se aproxima do Senhor nesses salmos penitenciais, há uma diferença marcante da base de sua esperança ao buscar ao Senhor:

Compadece-te de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; segundo a multidão das tuas ternas misericórdias apaga as minhas transgressões (v. 1).

Esta abertura fornece um contraste com o início de outros salmos penitenciais. O Salmo 51 começa com um apelo para que Deus seja gracioso com Davi de acordo com Sua bondade. Outros salmos parecem primeiro tentar evitar a ira e o castigo de Deus:

Salmo 6:1: "Ó Senhor, não me repreendas na tua ira, nem me castigues no teu furor."

Salmo 38:1: “No teu furor, Jeová, não me repreendas, Nem, na tua cólera, me castigues.”

  • Salmo 102:1: “Ouve, Jeová, a minha súplica, e chegue a ti o meu clamor.”

Porém, Davi inicia este salmo com a súplica: Compadece-te de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade (v. 1).

A palavra hebraica "hanan", traduzida como “benignidade”, engloba a graça e a misericórdia de Deus, duas faces da mesma moeda. Quando se trata de Deus, a misericórdia deve ser pensada como "não receber o que se merece", enquanto a graça significa "receber algo que não se merece". Este é um pensamento razoável a respeito de Deus, uma vez que não há nenhum padrão mais alto que o padrão de Deus. Nele e por Ele todas as coisas existem (Colossenses 1:16-17). Portanto, ninguém pode fazer com que Deus esteja em dívida de forma alguma. Quando Deus derrama Seu favor sobre uma pessoa, esta pessoa está recebendo, gratuitamente, a benignidade de Deus.

O rei Davi foi pêgo, exposto e responsabilizado por seu papel nas circunstâncias que cercaram Bate-Seba e a morte de Urias, o hitita. Embora ele tenha resistido às tempestades políticas e relacionais decorrentes de sua ação, permanecia uma questão crítica à qual Davi deveria responder: sua reconciliação com Deus e sua restauração. O Senhor — que é pureza, amor e justiça — odeia o pecado; o pecado é uma barreira entre Ele e os que foram criados à Sua imagem (Salmos 5:4; Isaías 59:2).

Davi inicia sua jornada rumo à restauração com o reconhecimento imediato de sua necessidade. Sua situação complicada foi criada por ele próprio e não podia ser atribuída a outrem. Sabendo que tinha apenas defeitos para apresentar diante do Senhor, Davi sabiamente apela para algo que não merecia. A “benignidade” (em hebraico, "hanan") do Senhor descrevia o resultado pelo qual Davi orava: misericórdia, favor, concessão de piedade sem respeito ao mérito. Suas primeiras palavras estabelecem a posição a partir da qual ele implora o benefício da caridade divina: Davi não merecia a bondosa atenção de Deus; porém, mesmo assim, eles as buscaria. Mesmo o discurso direto do salmista a Deus (hebraico "Elohim") era um reflexo de seu quebrantamento. Aqui, o nome de Deus usado por Davi não é Seu nome, Javé, mas um título mais formal que ressaltava a supremacia divina sobre os seres mortais.

"Hanan" (benignidade) foi a palavra ensinada aos sacerdotes de Israel para abençoarem aos filhos de Israel:

"Que o Senhor faça resplandecer sobre vós o seu rosto e seja gracioso ["hanan"] para convosco" (Números 6:25).

A misericórdia que podemos receber por meio de Jesus Cristo é a de não recebermos a morte, ou a separação eterna de Deus (Romanos 3:23-24). A graça de Deus é recebermos pela fé o que não merecemos: o dom gratuito da vida eterna em Cristo (João 3:14-15; Efésios 2:8-9).

Davi não faz apelo algum às suas próprias circunstâncias; ele sabia que a única esperança que poderia ter era a benignidade que vinha da bondade amorosa de Deus.

A base sobre a qual os seres humanos podem se reconciliar com Deus permanece inalterada no Novo testamento: somos salvos pela graça, pela fé. Abraão creu em Deus e isso foi lhe foi imputado como justiça (Gênesis 15:6; Romanos 4:3).

O apóstolo Paulo escreve em Romanos 3:23: "Porque todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus". Ele acrescenta em Romanos 6:23: "Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor". Todos nós pecamos e o que merecemos é a morte, a separação eterna de Deus.

Porém, Deus tem misericórdia para conosco, conforme lemos em Romanos 5:6: "Quando nós ainda éramos fracos, Cristo morreu a seu tempo pelos ímpios". Em Romanos 5:8, Paulo prossegue: "Mas, Deus demonstra Seu próprio amor por nós, em que, enquanto ainda éramos pecadores, Cristo morreu por nós". A vida eterna e o perdão dos pecados é um dom grautito de Deus a qualquer um que creia em Jesus (João 3:16).

Para saber mais sobre como receber este dom, veja o artigo A Bíblia Diz: "O que é a Vida Eterna? Como Alcançar o Dom da Vida Eterna".

Esta misericórdia e graça para com a humanidade ocorre de acordo com a bondade. A bondade amorosa de Deus e abrange Seu amor divino, infalível, incondicional e eterno. Esta bondade amorosa é sempre iniciada por Deus, conforme descreve o apóstolo João:

"Nisso está o amor, não que amássemos a Deus, mas que Ele nos amou e enviou Seu Filho para ser a propiciação pelos nossos pecados" (1 João 4:10).

Embora Davi visse a seu próprio pecado, conforme revela neste Salmo, ele chega ao lugar no qual sua única esperança era a misericórdia, a graça e o amor de Deus. Como veremos mais adiante, sua penitência é completa, aberta, transparente, assimilando sua total culpa pelo pecado cometido.

Os crentes em Jesus também são encorajados a confessar seus pecados tanto a Deus (1 João 1:9) quanto uns aos outros (Tiago 5:16). Esta confissão não tem como objetivo confirmar o dom gratuito da vida eterna. Uma vez que os crentes são colocados no Corpo de Cristo, caso Jesus os rejeitasse Ele estaria negando a Si mesmo. Como Paulo afirma:

"Se somos infiéis, Ele permanece fiel, pois não pode negar-se a Si mesmo" (2 Timóteo 2:13).

Assim, além de destacar a realidade de que os seres humanos são pecadores por natureza e precisam de um salvador, este salmo de Davi também demonstra o que o povo de Deus deve fazer quando se torna consciente do pecado. Muitas vezes cometemos pecados dos quais não temos consciência (1 João 1:8). Felizmente, todos os pecados foram pregados na cruz com Jesus (Colossenses 2:14). Portanto, Seu sangue cobre até mesmo os pecados dos quais não temos conhecimento (1 João 1:7).

No entanto, quando tomamos consciência do pecado, temos a responsabilidade de confessar e nos arrepender. Se nos recusarmos a fazer isso, isso quebrará nossa comunhão com Deus:

"Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça" (1 João 1:9).

O rei Davi cria em Deus. Ele foi chamado de "homem segundo o coração de Deus" antes mesmo de se tornar rei (1 Samuel 13:14). Aqui, Davi demonstra nos se aproximar do trono de Deus para receber perdão e restaurar nossa comunhão com Ele. Aqueles que crêem em Jesus precisam ter suas consciências limpas; devemos crer nisso ao entrarmos na presença de Deus e receber Sua misericórdia (Hebreus 9:14, 10:19).

O exemplo de Davi nos instrui a nos aproximarmos de Deus em honestidade, verdadeira confissão e arrependimento. Se buscamos nos justificar e oferecer desculpas diante de Deus, não estaremos seguindo esse padrão de arrependimento. É claro que é uma grande tentação pensarmos em nos proteger ou acusar os outros. O próprio Davi racionalizou suas ações antes de ser confrontado pelo profeta Natã, que mostrou seu pecado diante de Deus (1 Samuel 12:1-13). Agora, o rei confessa as trevas de seu próprio pecado e se lança sobre a benignidade e bondade de Deus.

A confissão é a primeira coisa que um crente deve fazer depois de reconhecer ter pecado contra Deus. Veja o artigo A Bíblia Diz — "Culpa e Arrependimento: A Maneira Saudável de Lidar com o Remorso".

Davi continua sua oração de confissão, pedindo: “Segundo a multidão das tuas ternas misericórdias, paga as minhas transgressões (v. 1b).

As palavras “misericórdias” e “transgressões” não deveriam ser termos usados juntos. No entanto, encontramos a ambos aqui nesta frase. Nos versículos seguintes, Davi usa três termos quase que indistintamente: transgressões, iniquidade e pecado. A palavra “transgressão”, usada ao longo dos Salmos e no Antigo Testamento, aponta para a quebra de uma lei ou estatuto. As transgressões eram, especificamente, violações da lei de Deus.

Deus deu Sua lei para mostrar aos humanos como viver de acordo com Seus bons desígnios. Seu projeto era o de que a humanidade vivesse em harmonia, justiça e prosperidade. Quando seguimos aos caminhos de Deus e escolhemos amar uns aos outros como amamos a nós mesmos, nossas comunidades obtêm esse grande benefício (Mateus 22:37-39; Gálatas 5:13-15).

Quando alguém transgride a lei de Deus, esta pessoa está operando fora dos bons desígnios de Deus e isso é considerado como um pecado. Qualquer violação intencional das leis conhecidas de Deus é um pecado deliberado. Davi chegou ao ponto de assumir total responsabilidade por seu pecado contra Urias. O uso que Davi faz dos três termos (transgressão, iniquidade e pecado) no contexto de seu próprio arrependimento demonstra a completude do pecado em seu homem interior, bem como em suas ações. Ele reage como o apóstolo Paulo, que declarou:

"Porque sei que nada de bom habita em mim, isto é, na minha carne; pois o querer está presente em mim, mas o fazer o bem, não" (Romanos 7:18).

Ao contemplar sua natureza pecaminosa, Davi apela à compaixão de Deus. A palavra hebraica traduzida como “compaixão” também é traduzida como "misericórdia". Ela é usada em toda a Escritura como expressão do nível mais profundo do ser interior. Ao fazer tal petição, Davi expressa fé de que o caráter mais íntimo de Deus era cheio de compaixão.

Quando Davi clama para que Deus apague suas transgressões, ele demonstra muito mais do que apenas uma tentativa de negociação com Deus: ele tinha a esperança e a fé de que Deus se preocupava com ele em Seu nível mais profundo. Como sempre deve ser o objetivo de nossas confissões diante de Deus, Davi procura restaurar sua comunhão com Ele.

Davi não tem nenhuma pretensão de encobrir sua culpabilidade. Ele não procura evitar ou desviar sua culpa ao fazer seu apelo a Deus. O salmista busca um perdão imerecido que acabe com a separação que o pecado havia criado entre ele e Deus, seu Criador. As múltiplas “transgressões” (plural hebraico "psha'im") - rebeliões, violações, crimes - haviam claramente sido obra de Davi. Somente Deus poderia desfazer ou apagar suas manchas, a culpa persistente em sua alma resultante da traição de sua relação com Deus.

Lava-me completamente da minha iniquidade e purifica-me do meu pecado.

O versículo 2 serve como repetição poética do apelo inicial de Davi no versículo de abertura do salmo. Esta não era uma oração pedindo que as consequências de seu pecado fossem evitadas; o rei reconhece haver cometido as transgressões contra Deus. Em 2 Samuel 12:11-12, o profeta Natã deixou dolorosamente claro que as consequências viriam, embora Davi recebesse o perdão de Deus. No entanto, ainda que soubesse que não escaparia dos resultados e das dores a seguir, o salmista procura reparar a vital relação com Deus à qual ele havia rompido (Isaías 40:31). A vida e o ministério de Jesus Cristo deixam claro a relevância e o caráter eterno do nosso relacionamento com Deus (João 3:16; Romanos 5:8).

Davi pede ao Senhor:

Lava-me completamente da minha iniquidade e purifica-me do meu pecado (v. 2).

Davi não pede a Deus que simplesmente remova o pecado de seus registros. Ele pede a Deus que purifique seu coração (Salmo 51:10). Ele pede a Deus que o leve a amar fazer a vontade de Deus, não a sua.

Assim como usa várias palavras para descrever seu pecado Davi, agora, pede que Deus apague, lave e limpe a completude do pecado dentro dele. Embora possamos considerar este salmo como penitencial, Davi não usa a palavra “perdão” ao se referir a seu arrependimento ou contrição. Embora este fato tenha pouco ou nenhum significado, ele pode nos ajudar a entender melhor o conceito de perdão do Novo Testamento.

Os ricos e profundos apelos de Davi a Deus a respeito de seu pecado podem nos ajudar a lembrar da completude daquilo que chamamos pecado. Além das palavras apagar, purificar e lavar, no Salmo 103:3, Davi refere-se a um Deus que “perdoa todas as vossas iniquidades" e quem “redime a tua vida da cova". O versículo 12, ainda no Salmo 103, diz: "Quanto dista o Oriente do Ocidente, tanto tem ele apartado de nós as nossas transgressões".

Nessas admoestações somos lembrados das palavras de João Batista em João 1:29: "Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo". Quando Davi enfrenta e admite seu  pecado, ele se abre para a provisão de Deus para seu pecado. Ele pede que Deus lave sua iniquidade, mas não apenas isso: ele pede que Deus o lave completamente. A ação de “lavar” era uma admissão explícita de que o perdão viria somente de Deus. Davi afirma que estava em dívida. Assim, ele pede a Deus que faça a obra, lavando-o completamente.

“Lavar” (em hebraico, "kabas") sugere uma varredura vigorosa de sujeira visível e de fácil acesso. “Purificar” (em hebraico, "taher"), por outro lado, sugere uma limpeza mais profunda e completa, uma erradicação de elementos estranhos ou prejudiciais à saúde corporal e espiritual.

Imagine uma criança pedindo a sua mãe para esfregar a sujeira atrás de suas orelhas. Na era do Novo Testamento, ao orarmos, devemos invocar a imagem de que Jesus já levou todos os nossos pecados na cruz (Colossenses 2:14). Devemos reconhecer que  o pecado quebra nossa comunhão/harmonia tanto com Deus quanto com as outras pessoas (Mateus 6:14-15). Devemos confiar na natureza perdoadora de Deus, buscando limpeza para nossa consciência do pecado. No entanto, este processo se inicia tanto no conhecimento do pecado quanto em sua admissão.

Pois as minhas transgressões, eu as reconheço; e o meu pecado está sempre diante de mim (v. 3).

Ao lermos o contexto histórico de 2 Samuel 11 e 12, podemos fazer a seguinte pergunta: Quando foi que Davi reconheceu suas transgressões? Davi foi ungido por Deus para ser o rei de Israel. Deus disse que havia escolhido a Davi como rei porque ele tinha um coração semelhante ao Seu (1 Samuel 13:14).

Consistente com a descrição um coração segundo o de Deus, Davi dependia do Senhor e O buscava em todas as ocasiões. Ele foi abençoado por Deus muitas vezes. Certamente, ele conhecia a lei de Deus e sabia quando a transgredia. Não sabemos o contexto completo do que Davi tinha em mente para fazer o que fez, algo que o levou ao ponto de dizer: Pois sei que minhas transgressões e meu pecado estão sempre diante de mim.

O que sabemos de 2 Samuel 12:1 é: "Então o Senhor enviou o profeta Natã a Davi". Natã trouxe a palavra do Senhor a Davi, mostrando-lhe o mal que havia sido feito, bem como a necessidade da justiça do Senhor. Isso levou Davi à conclusão inevitável em 2 Samuel 12:13: "Pequei contra o Senhor".

Para os seguidores de Jesus na era do Novo Testamento, podemos não ter um profeta como Natã para nos revelar a palavra do Senhor. No entanto, todos os crentes em Cristo têm o Espírito Santo, que sempre nos ajuda a lutar contra nossa carne, levando-nos a andar nos bons desígnios de Deus, chamado pela Bíblia de "justiça" (Gálatas 5:17). Jesus fala do Espírito Santo em João 16:8: "E Ele, quando vier, convencerá o mundo a respeito do pecado, da justiça e do juízo". Ao permitirmos que o Espírito Santo examine nosso coração, Ele nos convencerá da santidade, justiça e amor do Pai, e sob essa luz conheceremos nossas transgressões.

Davi também reconhece: Meu pecado está sempre diante de mim. Certamente entendemos o por quê de Davi dizer isso. Em seu caso, ele estava ponderando suas próprias transgressões no adultério, engano e assassinato cometidos. Porém, nos versículos seguintes, Davi vai além das ações, meditando o que o havia motivado a fazer aquelas coisas más. Como disse o profeta Natã ao confrontá-lo:

"Por que desprezaste a palavra do Senhor fazendo o mal aos Seus olhos?" (2 Samuel 12:9).

Davi percebeu que precisava de uma mudança radical dentro dele para que pudesse seguir em frente e cumprir o propósito de Deus para sua vida. Davi reconheceu suas trevas interiores ao entender que seu pecado estava sempre diante dele.

Paulo afirmou algo semelhante sobre si mesmo: nada de bom habita dentro da velha natureza, à qual ele chamava de “carne” (Romanos 7:18). O apóstolo João também aponta para isso:

"Se dissermos que temos comunhão com Ele e ainda assim andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade; mas se andarmos na luz, como Ele está na Luz, temos comunhão uns com os outros e o sangue de Jesus, Seu Filho, nos purifica de todo pecado" (1 João 1:6-7).

Todos esses versículos nos mostram que, embora sejamos feitos novas criaturas em Cristo, ainda temos nossa velha natureza pecaminosa (2 Coríntios 5:17). E, embora não haja nada que possa redimir nossa velha natureza, podemos nos afastar dela no poder do Espírito. No entanto, isso não é possível sem antes reconhecermos a realidade de que somos pecadores por natureza. Assim, podemos dizer, como Davi: Meu pecado está sempre diante de mim.

Como o SENHOR disse a Caim antes de assassinar a seu irmão Abel: "E se não fizeres bem, o pecado está à sua porta; o seu desejo será para ti, mas deves dominá-lo" (Gênesis 4:7). Assim é o nosso pecado, sempre espreitando à nossa porta, desejando nos consumir. Até que recebamos novos corpos na nova criação, nosso pecado estará sempre diante de nós. A única maneira de "dominá-lo" (Gênesis 4:7) é confiando no Espírito de Deus, como Jesus fez sempre que encontrava uma tentação (Lucas 4:1, 17).

Quando reconhecemos a realidade da nossa velha natureza, isso nos ajuda a reconhecer que o caminho para obtermos os benefícios da nova vida em Cristo é confessar essa realidade, deixar a velha natureza de lado e caminhar em novidade de vida por meio do poder do Espírito (Gálatas 5:16).

Às vezes, nosso pecado pode não aser tão dramático quanto o de Davi, mas se não o enfrentarmos, o reconhecermos e clamarmos para que Deus o apague, nos lave e purifique, submergiremos nas trevas da nossa velha natureza. Isso é trágico, porque fomos libertos da escravidão, do vício, da separação e da disfunção do pecado através do poder da ressurreição de Jesus; porém, podemos escolher voltar ao pecado (Romanos 6:17, 20-23).

Quando escolhemos andar nas trevas, nosso coração pode tornar-se endurecido para a inspiração e o convencimento do Espírito Santo (1 Timóteo 4:2). A maneira de evitarmos isso é reconhecer a realidade do nosso eu interior.

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