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Significado de Salmos 51:18-19
Tendo pedido a Deus que o perdoasse e renovasse sua comunhão com ele, Davi agora se volta para o exterior, para seu reino e para o povo dado a ele por Deus:
Faze o bem a Sião, segundo a tua boa vontade; edifica os muros de Jerusalém (v. 18).
Na época de Davi, os termos “Sião” e “Jerusalém” eram usados alternadamente. Jerusalém era a capital de Israel, na qual Davi morava. Jerusalém foi construída em várias colinas, incluindo o Monte Sião.
Além disso, “Sião” e “Jerusalém” se referiam a todo o reino de Israel. Eram palavras que evocavam imagens do reino. Assim como Davi pede a Deus que restgaure seu ser interior por meio de um coração novo e puro, ele agora pede a Deus um fundamento semelhante para a reconstrução da nação e do povo.
Davi afirma no versículo 16: "Pois, não te comprazes em sacrifícios" — ao contrário, Deus se deleita em um coração contrito que segue aos Seus caminhos — os caminhos que levam à vida, em vez da destruição. Agora, Davi diz:
Então, te deleitarás com os sacrifícios de retidão, com holocaustos e com ofertas queimadas; então, se oferecerão novilhos sobre o teu altar (v. 19).
A razão pela qual Deus se deleita em sacrifícios justos é porque eles são imagens externas de uma realidade interna de submissão a Ele e a Seus caminhos. Isso indica que a imagem física no versículo anterior reflete uma realidade espiritual mais profunda. Davi diz:
Faze o bem a Sião segundo a tua boa vontade; edifica os muros de Jerusalém (v. 18).
Aparentemente, com isso, Davi fala do favor de Deus para o bem de Sião como Aquele que moveria os corações das pessoas e renovaria seus espíritos. A imagem física dos muros de Jerusalém remetia a uma imagem de força. Os muros existentes então haviam sido construídos por seres humanos. Davi parece pedir a Deus que forneça outro tipo de proteção, uma proteção muito mais forte do que a de um mero muro - Davi desejava que Deus construísse a vitalidade espiritual de Israel.
No contexto do versículo 1, ao apelar à "bondade" e "benignidade" de Deus, Davi diz: Faze bem a Sião. A “graça de Deus" nas Escrituras é simplesmente o favor de Deus. Não há outro padrão além do padrão de Deus pelo qual qualquer coisa possa ser medida. Todos os julgamentos de Deus são justos. Portanto, Deus nõa nos deve favor algum, jamais. Sustenta-se, então, que todo favor de Deus é uma questão da Sua graça.
Ou seja, quando Davi pede a Deus que edifique os muros de Jerusalém, isso significava que sua nação poderia oferecer sacrifícios rituais com um coração limpo e puro. Novilhos sendo oferecidos em Seu altar provavelmente seja uma descrição dos holocaustos. Essas ofertas estavam prescritas na Lei Mosaica e deveriam ser oferecidas em horários determinados (Deuteronômio 12:11). Em muitos casos, os sacrifícios de animais deveriam ser oferecidos e depois desfrutados, ou seja, consumidos em uma festa comunitária. A restauração interior da comunhão entre nós e Deus deve, assim, transbordar para os nossos relacionamentos com outras pessoas e produzir comunhão dentro das nossas comunidades.
Não é pouca coisa se alcançar o “deleite de Deus”. O deleite de Deus traz "bondade, justiça e retidão na terra" (Jeremias 9:24). Quando o povo de Deus reflete Sua justiça em suas vidas, quando são dedicados a "fazer justiça, amar a bondade e andar humildemente com seu Deus" (Miquéias 6:8), então suas práticas religiosas - seus sacrifícios e holocaustos - ressoam com uma autenticidade que eleva os outros e agrada a Deus. Os rituais do templo — meras sombras de uma realidade redentora maior (Hebreus 10:1-4) — passaram a não mais ser úteis após a morte e ressurreição de Jesus, a oferta final e completa de sacrifício de Deus pelo pecado humano (Hebreus 9:11-14).
Uma aplicação prática deste salmo é que a observância religiosa externa não interessa a Deus, a menos que seja uma aplicação externa de um coração puro que se dedica a seguir Seus caminhos (Salmo 51:16-17). Como podemos ver no contexto deste salmo, ao quebrar a lei de Deus, Davi cometeu assassinato, causando uma morte desnecessária e a separação/morte em uma família. A lei de Deus estabelece um modo de viver que reconecta as pessoas com os bons desígnios de Deus para o mundo. Seguir a Seus caminhos traz luz e vida. Nossa capacidade de seguir aos caminho de Deus requer que nos aproximemos Dele com um coração arrependido quando falhamos, para recebermos perdão e restauração.
Este princípio também se reflete na oração modelo de Jesus, também chamada de Oração do Pai Nosso. O ponto central dessa oração é que a comunhão com Deus requer que perdoemos uns aos outros como desejamos ser perdoados por Deus. Nossa comunhão com Deus resulta na comunhão uns com os outros (1 João 1:2-4).
Finalmente, para o crente, no espírito do Salmo 51, devemos nos considerar como "sacrifícios vivos" (Romanos 12:1). Ou seja, toda a nossa vida deve ser continuamente oferecida como um sacrifício a Deus e Sua perfeita vontade para nossas vidas. Devemos nos sacrificar diariamente, tomando nossa cruz e seguindo o exemplo de Jesus (Lucas 9:23).
Se não oferecermos nossas vidas como sacrifício, certamente a perderemos - não viveremos em harmonia com Deus, mas sofreremos as infelizes e terríveis consequências de levarmos a vida por conta própria (Lucas 9:24a). Porém, se oferecermos nossas vidas como sacrifício a Ele, certamente a encontraremos (Lucas 9:24b) e experimentaremos a alegria encontrada por Davi por meio da confissão de seu pecado, a mesma alegria que Jesus alcançou quando não se importou com a vergonha da cruz. Ele tinha em mente apenas a recompensa colocada diante Dele ao obedecer a Seu Pai (Hebreus 12:1-2).
O Salmo 51 é uma oração modelo para os crentes que pecarem e que busquem ser restaurados à comunhão e harmonia com Deus e Sua perfeita vontade.