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Significado do Apocalipse 3:4-6
Agora a carta à igreja de Sardes faz a transição para a parte das bênçãos para aqueles que têm sido fiéis.
Primeiro, Jesus descreve o que significa ser uma testemunha fiel neste contexto:
Mas tens umas poucas pessoas em Sardes que não contaminaram as suas vestes, e estas andarão comigo em vestes brancas, porque são dignas.
Aqueles que não contaminaram suas vestes representam os que estão vivendo uma fé genuína, em vez de apenas manter aparências, como é a condição principal da igreja em Sardis (Apocalipse 3:1). A Bíblia frequentemente utiliza imagens de sujeira em relação ao pecado. Por exemplo, o salmista pede a Deus que remova o seu pecado, dizendo:
“Expurga-me com hissopo, e ficarei limpo; lava-me, e ficarei mais branco que a neve”
(Salmos 51:7)
Aqui, estar sem pecado é sinônimo de estar limpo e purificado.
Outro versículo compara Deus ao sabão de um "lavador", uma pessoa encarregada de limpar roupas sujas:
“Mas quem pode suportar o dia da sua vinda? Quem subsistirá quando ele aparecer? Porque ele é como o fogo de fundidor e como o sabão de lavandeiros.”
(Malaquias 3:2)
Neste versículo de Malaquias, Deus é como o fogo que refina minério em metal precioso, ou como sabão que limpa as roupas sujas. Cada um transforma algo inútil em útil.
A indicação clara é que queremos evitar que Deus "limpe para nós". Se Ele faz a purificação, a limpeza, então não recebemos a recompensa, porque ela vem se não sujarmos nossas vestes e permanecermos limpos. A palavra vestes usada aqui, provavelmente representa as ações ou obras dos crentes. Ter uma veste branca indicaria uma vida vivida sem ser manchada pelo mundo; portanto, uma vida cheia de boas obras. O fato de os crentes em Sardes serem chamados ao arrependimento nos diz que podemos recomeçar se confessarmos nossos pecados e nos arrependermos (1 João 1:9).
Se não sujarmos nossas vestes terrenas, que representam nossas ações na terra, então receberemos a recompensa de sermos vestidos com vestes brancas na próxima vida. No mundo antigo, a posição de alguém muitas vezes era indicada por suas roupas. A ideia parece ser que aqueles que são dignos ao viverem uma vida obediente andarão comigo em vestes brancas, que indicam uma posição de honra no reino de Deus.
A recompensa que Jesus dará aos Seus servos fiéis não apenas incluirá a distinção de roupas, mas também que andarão comigo. Isso possivelmente reflete a promessa de que aqueles que vencerem como Jesus venceu compartilharão o governo de Jesus sobre a nova terra (Apocalipse 3:21). Aqueles que não sujam suas vestes serão como os servos bons e fiéis na Parábola dos Talentos. Foram fiéis em algumas coisas que o mestre lhes deu para administrar (nesta vida), e por isso receberam a grande recompensa de governar sobre muitas coisas (na próxima vida). Mas eles não governaram sozinhos, mas na comunhão e alegria de seu mestre (Mateus 25:21, 23). Talvez aqueles que governarem em serviço a Cristo no mundo que está por vir usarão vestes brancas especiais que designarão a honra de sua posição, e andarão com Jesus governando sobre o Seu reino.
A palavra usada para contaminaram na frase não contaminaram as suas vestes (Apocalipse 3:4) é a palavra grega "molyō", que é usada no Novo Testamento para se referir às pessoas que não se mantiveram puras ao comer comida sacrificada a ídolos e cometer pecado sexual. Essas são tentações primárias advertidas nas cartas às igrejas de Pérgamo e Tiatira (Apocalipse 2:12-29). Neste caso, em Sardes, isso pode implicar que alguns crentes são elogiados por não se contaminarem com tal pecado. Portanto, eles são como aquelas poucas pessoas que não contaminaram suas vestes.
É a vontade de Deus que Seus servos andem de maneira santificada, separada do mundo. 1 Tessalonicenses 4:3 afirma isso diretamente, e o primeiro exemplo dado do que significa andar de maneira santificada é manter-se limpo do pecado sexual. O pecado sexual envolve a exploração dos outros para nosso próprio prazer. Em vez disso, devemos amar e servir aos outros. Esta é uma maneira fundamental de manter suas vestes não contaminadas.
Vale a pena observar que as poucas pessoas na igreja em Sardes que não contaminaram suas vestes são elogiadas, mas a igreja como um todo é repreendida. Cada pessoa será julgada de acordo com suas próprias obras. No entanto, aparentemente a condição geral da igreja, sua liderança e cultura também são algo que Deus julga. O Antigo Testamento indica que normalmente algumas pessoas justas podem preservar uma cidade ou nação inteira. Deus disse a Abraão que preservaria a cidade de Sodoma do julgamento se houvesse dez homens justos habitando nela (Gênesis 18:32). Deus também disse a Israel que eles haviam se corrompido tanto que, mesmo se "Noé, Daniel e Jó estivessem no meio deles, pela sua justiça, só se livrariam a si mesmos" (Ezequiel 14:14). Neste caso, Sardes tem alguns que são justos, mas sozinhos não preservarão a igreja. Ela deve se arrepender como um todo.
Esta seção fala das recompensas ou consequências das escolhas feitas pelos crentes. Aqueles que escolhem andar em obediência a Cristo são dignos de receber honra de Jesus. Os crentes se tornam novas criações em Cristo não porque são dignos, mas porque Jesus é digno. Jesus levou os pecados do mundo em nosso lugar (Colossenses 2:14). Os crentes recebem um novo nascimento na família eterna de Deus como um presente que é dado gratuitamente (Romanos 5:18). Os crentes recebem um novo nascimento espiritual e nascem na família de Deus pela graça de Deus, apenas pela fé (João 3:14-16; Efésios 2:8-9).
No entanto, os crentes serão recompensados pelas ações realizadas enquanto vivem neste mundo. Essas recompensas são concedidas com base no julgamento de Deus sobre se são dignos de recebê-las. Os crentes em Jesus podem esperar receber recompensas apropriadas por suas ações no Tribunal de Cristo, sejam elas boas ou más (2 Coríntios 5:10). Jesus promete que recompensará generosamente aqueles que vivem como testemunhas fiéis. Mas os crentes também experimentam recompensas agora nessa vida. Por exemplo, quando vivemos de acordo com os mandamentos de Deus, experimentamos as bênçãos Dele como Sua paz (Colossenses 3:15). Todas as recompensas que Deus dá são resultado de Sua misericórdia, porque ninguém pode obrigar Deus a fazer qualquer coisa (Romanos 4:5; 2 Timóteo 1:18). Viver como uma testemunha fiel é confiar e acreditar na promessa de Jesus e, portanto, andar em Seus caminhos (Hebreus 11:6).
A promessa que Jesus faz quanto à recompensa para o vencedor, é tripla:
1. que ele será vestido com vestes brancas,
2. que Eu (Jesus) não apagarei o seu nome do Livro da Vida, e
3. que Eu (Jesus) confessarei o seu nome diante do Meu Pai e diante dos Seus anjos.
A imagem de ser vestido com vestes brancas é a primeira recompensa prometida o vencedor. Em cada uma das sete cartas, existem recompensas especiais para uma classe especial de crentes, descritos como o vencedor. Mesmo nas escrituras se fale “o” vencedor, esta promessa incluiria qualquer crente que seja considerado digno de receber essa recompensa, independentemente de sua posição na vida (Gálatas 3:28). Vencer é resistir à tentação do mundo, incluindo rejeição e morte, e continuar fiel a Jesus (para saber mais, leia nosso artigo "Tópicos Complexos Explicados: Os Vencedores").
Ser vestido com vestes brancas parece estar relacionado à recompensa de ter uma posição especial concedida ao vencedor, para reinar na nova terra em harmonia com e ao serviço de Jesus (Apocalipse 3:21). As vestes brancas podem indicar essa autoridade para reinar.
A segunda recompensa por ser um vencedor é evitar uma consequência negativa: não apagarei o seu nome do Livro da Vida. Paulo fala do Livro da Vida como o lugar onde seus "companheiros de trabalho" têm seus nomes escritos (Filipenses 4:3). Isso indica que o Livro da Vida contém todos aqueles que foram declarados justos aos olhos de Deus pela fé (Gênesis 15:6; Romanos 4:3).
O Livro da Vida é mencionado em Apocalipse como sendo um dos vários livros que serão usados no julgamento de Deus de todos aqueles que viveram. Ele é o livro que contém os nomes daqueles que evitam ser "lançados no lago de fogo".
Vemos isso em Apocalipse 20, onde Deus está executando o julgamento, usando vários livros:
“...livros foram abertos, e foi aberto outro livro, que é o da vida; e foram julgados os mortos pelas coisas que estavam escritas nesses livros segundo as suas obras.”
(Apocalipse 20:12)
O Livro da Vida é o único livro nesta cena mencionado pelo nome. Portanto, ele é destacado de forma especial.
Este julgamento abrange cada pessoa presente que é julgada "conforme as suas obras" (Apocalipse 20:12). O trecho continua dizendo:
“Se alguém não foi achado escrito no livro da vida, foi lançado no lago de fogo.”
(Apocalipse 20:15)
Quando considerado isoladamente, o fato de Deus apagar o nome do Livro da Vida pode ter várias interpretações. Como em toda Escritura, é necessário examinar o contexto para obter um significado que se encaixe tanto no imediato, quanto o mais amplo da Bíblia.
Se considerarmos que o vencedor representa aqueles que passarão a eternidade no céu como filhos de Deus, isso equivaleria a ser um "crente em Jesus". O problema com essa abordagem é que ela não se encaixa no contexto de Apocalipse nem no restante das Escrituras. Com relação ao Apocalipse, vemos que, na sétima e última carta, Jesus elimina a ideia de que "vencer" significa acreditar em Jesus e receber o dom gratuito de ser justificado diante de Deus. Isso ocorre porque Jesus diz que Ele mesmo é um "vencedor".
“Ao vencedor, fá-lo-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como eu venci e sentei-me com meu Pai no seu trono.”
(Apocalipse 3:21)
Jesus incentiva Seus servos a vencer, assim como Ele venceu. Claramente, Jesus não tinha pecado e não acreditava em Si mesmo para ser justificado diante de Deus. Portanto, a condição de vencedor deve ser um componente daqueles que são crentes em Jesus. Ser um vencedor é ser alguém que se tornou digno por meio de boas obras, permanecendo sem mancha pelo mundo. Ser considerado justo diante de Deus só acontece pela fé, e não por obras (Gênesis 15:6; Romanos 4:1-6). O que Jesus fala aqui não é sobre Ele aceitar os crentes, eles são plenamente aceitos e fazem parte da família de Deus porque isso é um presente, dado livremente. O que Jesus fala aqui é sobre o que Ele aprovará. Ser considerado digno de ser recompensado é ter vivido como uma testemunha fiel. Será a maior alegria de um crente ter vivido uma vida que é aprovada por seu Criador.
Apocalipse é escrito para os servos de Jesus, que são prometidos com uma grande bênção se lerem, ouvirem e obedecerem (fizerem) as palavras desta profecia (Apocalipse 1:3). Essas ações não são apresentadas como uma condição para ser um servo. Em vez disso, são como uma oportunidade e incentivo para que cada servo seja considerado digno de receber aprovação e recompensas de Jesus.
Isso deixa duas possibilidades aparentes. A primeira é que qualquer pessoa que seja um crente, mas depois tenha seu nome apagado do livro da vida devido à infidelidade, experimentará o lago de fogo por um tempo, mas não por toda a eternidade. Essa interpretação necessariamente precisaria se encaixar com a recompensa de evitar oferecida na carta a Esmirna, que diz:
“O vencedor nada sofrerá da segunda morte.”
(Apocalipse 2:11b)
A "segunda morte" é definida como o lago de fogo em Apocalipse 20:14. Como discutido no comentário sobre Esmirna, a possibilidade aqui é que o lago de fogo seja como um pecador experimenta a presença de Deus. Como a Escritura diz, "nosso Deus é um fogo consumidor" (Hebreus 12:29). Jesus glorificado e sem véu será tão brilhante a ponto de eliminar a necessidade do sol (Apocalipse 21:23). Isso poderia significar que apenas aqueles que foram refinados e purificados no fogo são capazes de suportar e desfrutar da presença desvelada de Cristo. Assim como o justo profeta Isaías não desfrutou de estar na presença de Deus até que o pecado de seus lábios foi removido com uma brasa de fogo, o mesmo acontecerá com os crentes que têm vestes contaminadas (Isaías 6:5-7).
Existem muitas imagens ao longo do Antigo Testamento de Deus como um fogo consumidor (Hebreus 12:29, Daniel 7:9-11, Deuteronômio 9:3 e 2 Reis 1:10-12). Deus frequentemente se manifesta na forma de fogo, então é possível que o lago de fogo não seja um lugar, mas a presença da santidade de Deus, assim como em Êxodo 24:
“Era a aparência da glória de Jeová como um fogo consumidor sobre o cume do monte aos olhos dos filhos de Israel.”
(Êxodo 24:17)
Israel estava aterrorizada com essa presença de Deus e pediu que Ele se afastasse (Deuteronômio 18:15-16).
Portanto, quando Jesus promete que não apagarei o seu nome do Livro da Vida, isso significa que o vencedor não será lançado e "machucado" pelo lago de fogo, significando a presença de Deus. Isso ocorre porque ele já terá sido purificado por provações ardentes nesta vida (Tiago 1:2-4, 12; 1 Pedro 4:12-19).
1 Coríntios 3:9-15 descreve o fogo do julgamento que testará cada "edifício" (ou seja, as obras) que uma pessoa constrói por meio das ações que realiza enquanto vive nesta terra. Isso ocorrerá "no dia", que é o dia do julgamento por Cristo:
“Contudo, se alguém edifica sobre o fundamento um edifício de ouro, de prata, de pedras preciosas, de madeira, de feno, de palha, manifesta se tornará a obra de cada um; pois o Dia a demonstrará, porque ele é revelado em fogo; e qual seja a obra de cada um, o próprio fogo o provará.”
(1 Coríntios 3:12-13)
Aquele cujas obras permanecerem após o fogo purificador receberá uma recompensa, mas aquele cujo trabalho for consumido sofrerá perda, embora ele mesmo seja salvo através do fogo do julgamento (1 Coríntios 3:15).
Aqueles cujas obras são queimadas poderiam ser descritos como tendo uma parte no lago que arde com fogo. Eles seriam feridos, mas não consumidos (Apocalipse 2:11). Isso parece ter sido a noção aceita na igreja primitiva. Essa noção acabou evoluindo para o ensinamento da doutrina do "Purgatório" como um lugar de fogo purificador onde os pecados seriam "purificados" do crente. Isso era um fator tão motivador para a igreja primitiva que ela teve que encorajar os crentes a não tentarem deliberadamente ser martirizados (para que pudessem ter um bom julgamento de Jesus por terem sofrido por Seu nome). Parece que essa grande crença motivadora acabou sendo distorcida em um esquema de angariação de fundos por homens que prometiam intercessão e ajudar a evitarem o fogo purificador em troca de dinheiro.
Essa prática manipulativa foi devidamente desacreditada e descartada. Mas a motivação subjacente deve permanecer. A Escritura é clara sobre a consequência do pecado, que é a morte (Romanos 6:23). A morte é a separação. O pecado separa o crente da vida abundante que Deus deseja para nós enquanto vivemos na terra (Romanos 1:18, 24, 26, 28). Viver no pecado também nos priva das maiores bênçãos em termos de recompensa na vida futura.
Todos os crentes estão destinados a serem conformados à imagem de Cristo (Romanos 8:29). O processo de conformação à Sua imagem requer fogo purificador. A escolha básica para cada crente parece ser se optar por ser purificado pelo fogo consumidor do julgamento de Cristo em Seu julgamento (uma escolha ruim) ou optar por ser purificado vivendo fielmente através do fogo das provações nesta vida, o que fortalece nossa fé e assegura nossa grande recompensa (Tiago 1:2, 12). Ambas as escolhas causam sofrimento. A pergunta é "Qual sofrimento devemos escolher?" Este trecho defende que escolhamos o sofrimento de rejeição e perda pelo mundo. Qualquer crente que viva fielmente, sem ter contaminado suas vestes, será alguém que receberá a recompensa de um vencedor, pois será considerado por Jesus como digno de receber essa recompensa.
Parece provável que parte do critério de avaliação de Jesus sobre a dignidade seja baseada na disposição de alguém em servir com amor. Faz sentido lógico que apenas aqueles que são testados pela fé e estão dispostos a servir sejam considerados dignos de governar com Ele. Jesus não terá governantes egoístas em Seu reino.
A alternativa a ser refinado nesta vida através de uma vida fiel é ser purificado pelo fogo consumidor no céu, no tribunal de Cristo. Algumas descrições bíblicas para Seus servos, crentes, que escolhem o caminho mais fácil oferecido pelo mundo e contaminam suas vestes com o mundo, são as seguintes:
Essa imagem gráfica deve incentivar cada crente a perceber as imensas consequências que resultarão de nossas escolhas. Vale a pena refletir agora sobre a afirmação de abertura de Apocalipse 1:3, que qualquer pessoa que leia, ouça e obedeça (faça) as palavras desta profecia receberá uma bênção imensa. Para obter as grandes recompensas do vencedor, como alguém que viveu a vida como uma testemunha fiel, evite a tremenda perda associada a ser alguém de quem Jesus dirá: "Vou apagar seu nome do livro da vida".
Outra explicação deste trecho, que se encaixaria com a explicação anterior e que também se ajustaria ao contexto do Apocalipse em particular e das Escrituras como um todo, é que existem três categorias de seres humanos em relação ao Livro da Vida:
1. Humanos que creram e têm seus nomes escritos no Livro da Vida.
2. Humanos que creram, tiveram seus nomes escritos no Livro da Vida, mas depois tiveram seus nomes apagados.
3. Humanos que nunca tiveram seus nomes escritos no Livro da Vida.
O que se segue são as ramificações de tal distinção.
Primeiro, todos os que creram em Jesus e têm seus nomes escritos no Livro da Vida recebem uma herança para reinar com Cristo, e eles recebem a herança de um vencedor no momento de seu novo nascimento em Cristo. Isso lhes é concedido e só precisa ser possuído. Se o crente se recusa a possuir sua herança, então seu nome é apagado. Eles ainda são filhos de Deus, mas não são mais herdeiros.
Assim como Israel recebeu uma herança, mas teve que suportar as provações do deserto e da guerra para possuí-la, o mesmo ocorre com todo crente. A herança é concedida, mas é preciso ser considerado digno de possuí-la. A segunda geração daqueles que saíram do Egito representaria aqueles que foram considerados dignos. Eles possuíram a concessão da herança porque obedeceram a Deus e suportaram as provações para possuir sua herança: a Terra Prometida. Os crentes obedientes não têm seus nomes apagados e recebem a recompensa de um vencedor.
Todos os que creem em Jesus, mas não suportam as provações da vida, são semelhantes à primeira geração de israelitas que saíram do Egito. Eles não possuirão sua herança. Isso é representado pelo apagamento de seus nomes. Como seus nomes foram escritos no livro, eles ainda passarão a eternidade no céu. Mas serão refinados no fogo purificador de Jesus e sofrerão perdas. Eles serão salvos, embora como que passando pelo fogo (1 Coríntios 3:15).
Todos aqueles que nunca acreditam em Jesus nunca terão seus nomes escritos no Livro da Vida, e também passarão pelo fogo do julgamento de Jesus. No entanto, em vez de serem refinados pelo fogo e conformados à imagem de Cristo, eles serão consumidos. Este será seu destino.
Isso pode ser exemplificado pelos soldados sendo mortos pelo calor da fornalha ardente na qual as três fiéis testemunhas de Daniel foram jogadas, enquanto os três fiéis hebreus conversavam com uma figura considerada ser o Cristo pré-encarnado (Daniel 3:2-27). O fogo consumiu os descrentes, mas não causou mal aos fiéis hebreus.
Uma vez que o fogo purificador de Jesus tenha feito o seu trabalho, todo o Seu povo será conformado à Sua imagem. Chegará um momento em que toda a tristeza acabará e todas as lágrimas serão enxutas (Apocalipse 21:4). No entanto, para aqueles que não forem redimidos, estar na presença de Cristo pode significar uma eternidade angustiante.
É importante notar que o nome é apagado do Livro da Vida, não que ele nunca tenha estado lá inicialmente.
Conforme vemos em Apocalipse 13, as pessoas que adorarão a "besta" ou o "anticristo" nunca tiveram seus nomes escritos no livro desde o início:
“Todos os habitantes da terra a adorarão, aqueles cujos nomes desde o princípio do mundo não estão escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto.”
(Apocalipse 13:8)
Este trecho implica que haverá pessoas vivendo na Terra que nunca terão seus nomes escritos no Livro da Vida. No entanto, esse não é o caso para aqueles na igreja de Sardes. A ameaça deles é que Jesus apagará seus nomes se não alinharem suas ações com sua fé e a fizerem reacender. Jesus os redimiu e escreveu seus nomes no Livro da Vida, mas isso não significa que eles não serão responsabilizados e julgados.
O dia do julgamento requer um processo de purificação para ver o que permanecer firme quando for submetido ao teste. Metais são forjados no fogo e saem mais fortes do que antes, mas materiais como madeira, feno e palha queimam facilmente (1 Coríntios 3:11-15). Uma possível razão pela qual o vencedor não será prejudicado aqui é porque sua fé já foi purificada nesta vida. Eles foram feridos e amadureceram pelas provações ardentes da vida. Portanto, quando ele estiver diante do tribunal de Cristo, haverá pouco ou nada que precise ser purificado.
Podemos perguntar "Quanto é suficiente?" Isso dependerá de Jesus. Ele é um juiz de pensamentos e intenções (Hebreus 11:6). Nosso Pai deseja nos recompensar (Lucas 11:13). Nunca é tarde demais para começar a ser fiel, como ilustra a parábola dos trabalhadores do vinhedo. Nela, o proprietário do vinhedo (representando Deus) recompensou aqueles que vieram tarde para trabalhar tanto quanto deu àqueles que trabalharam o dia inteiro. Ele fez isso porque é generoso (Mateus 20:1-16). Também podemos permanecer cientes de que determinamos nosso próprio padrão pelo qual somos medidos, com base em como julgamos os outros (Mateus 7:2).
O tema do julgamento também aparece anteriormente nesta carta à igreja de Sardes:
“Pois, se não vigiares, virei como um ladrão, e não conhecerás a hora em que hei de vir a ti.”
(Apocalipse 3:3)
Fazer parte de acordar e vigiar é estar ciente de que você está sendo julgado. Se você sabe que o dia do julgamento está chegando, não será uma surpresa quando for responsabilizado por suas ações. Mas se você estiver dormindo, será chocante quando Jesus vier julgar inesperadamente, como um ladrão aparecendo na noite sem aviso prévio.
Podemos ver neste trecho de Romanos 8 a distinção entre aqueles cujos nomes estão escritos no livro da vida (que podem ou não ser apagados) e aqueles que entram no céu ainda com seus nomes escritos, e, portanto, ganham a recompensa da herança:
“O Espírito mesmo dá testemunho com o nosso espírito de que somos filhos de Deus. E, se filhos, também herdeiros; herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo, se realmente padecemos com ele, para que também com ele sejamos glorificados.”
(Romanos 8:16-17)
Neste trecho, há duas heranças: "herdeiros de Deus" e "co-herdeiros de Cristo". Todos os crentes são "herdeiros de Deus". Mas somente os vencedores serão os "co-herdeiros de Cristo", porque esses vencedores devem "sofrer com Ele" e receber a recompensa de serem "glorificados com Ele".
Observe neste trecho de Romanos 8 que ele se aplica aos crentes que são filhos de Deus, que têm o testemunho interior do "Espírito mesmo". Todo crente tem Deus como herança desde o momento em que acredita. Observe que a frase "somos filhos de Deus" é incondicional. Todo crente tem Deus como herança porque é colocado em Cristo ao acreditar Nele (Romanos 12:5; 1 Coríntios 15:22). Deus é nosso Pai, e nós somos Seus filhos, independentemente das escolhas que fazemos. Ser herdeiro de Deus se aplica a todos os crentes, mesmo àquele cujo nome é apagado.
Observe também que neste trecho de Romanos 8, para ser "glorificado com Ele" e obter as recompensas que Ele também recebeu (Apocalipse 3:21), devemos "sofrer com Ele". Ou seja, se vencermos, como Ele venceu, compartilharemos Sua recompensa. Para obter essa recompensa, nosso nome não deve ser apagado. Devemos sofrer assim como Jesus sofreu: rejeição do mundo porque Ele viveu separado dele. Para obter esta grande herança, nossas vestes devem permanecer sem contaminação do mundo.
A última recompensa que Jesus promete ao vencedor é que Ele irá confessar o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos. A palavra traduzida como confessar também pode ser interpretada como "declarar" ou "reconhecer". A ideia parece ser que aquele que vencer receberá um reconhecimento especial. E o reconhecimento será Jesus testemunhando sobre o vencedor na presença de Seu Pai e de Seus anjos.
Podemos imaginar um banquete de "prêmio de conquistas ao longo da vida". Em eventos desse tipo, geralmente várias pessoas se levantam e reconhecem/declaram/confessam várias conquistas que o homenageado alcançou. Talvez um cantor tenha outros cantando suas músicas em homenagem, por exemplo. Idealmente, em um banquete de premiação desse tipo, artistas altamente respeitados fariam as homenagens.
Nesse caso, Aquele que merece toda honra e toda glória usará Sua grande autoridade para honrar aqueles que O serviram fielmente. Jesus honrará os crentes fiéis diante do Meu Pai e dos Seus anjos. Sabemos que os anjos observam os seres humanos (1 Pedro 1:12), em parte para entender a sabedoria de Deus (Efésios 3:10). Talvez todos eles tenham a oportunidade de ver as vidas de vários humanos que observaram sendo revistas de uma só vez e de apreciá-las.
De qualquer forma, este será um banquete de honra além dos nossos maiores sonhos. É uma oferta incrível. Mas ela só é dada àqueles que atentam para as palavras de Apocalipse e buscam ser testemunhas fiéis que não temem a perda, a rejeição ou a morte.
A carta à igreja de Sardes termina com um refrão familiar: Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Isso é ecoado ao longo das cartas às sete igrejas e remete às instruções em Apocalipse 1:3 para ler, ouvir e obedecer (fazer) as palavras da profecia. A promessa de Apocalipse 1:3 é que qualquer pessoa que ler, ouvir e obedecer (fizer) as advertências em Apocalipse será "abençoada". Com esta carta em particular, essa bênção é bastante tangível.
Existem benefícios surpreendentes em viver como uma testemunha fiel para Jesus, com vestes não contaminadas pelo mundo. E existem perdas severas correspondentes associadas à infidelidade. Jesus quer que isso fique claro para que possamos entender as ramificações reais e eternas de nossas escolhas.
Jesus deseja que a igreja em Sardes abrace a verdadeira vida Nele. Se abraçarmos uma vida falsa, ganharemos uma ilusão de vida enquanto estivermos na Terra e perderemos nossa grande recompensa no próximo mundo. Mas se abraçarmos a verdadeira vida, o que também significa abraçar a morte, a segunda morte não nos fará mal. Como Jesus disse durante o Seu tempo na Terra:
“Chamando a si a multidão com seus discípulos, disse-lhes: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a sua vida por amor de mim e do evangelho salvá-la-á.”
(Marcos 8:34-35)
Essa carta a Sardes parece estar expandindo esse princípio apresentado em Marcos 8.