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Significado de Romanos 9:30-33

A justiça só pode ser conquistada de uma maneira: através da fé. Os gentios (não judeus) encontraram a justiça através da fé, ainda que não a estivessem buscando. Muitos do povo judeu buscavam a justiça através da obediência a regras, não através da fé; assim, eles não encontraram a justiça.

Esses versículos estão diretamente ligados ao versículo tema de Romanos 1:16, 17; a justiça só vem de uma forma: através da fé. A justiça começa pela fé em Jesus e isso nos torna justos aos olhos de Deus. Nos tornamos filhos de Deus apenas pela fé (João 3:14-15). Ela deve continuar a ser exercitada em nossa vida diária — andar pela fé diariamente nos traz a um lugar de retidão.

Por quatro vezes, Paulo traz à tona sua pergunta retórica: “Que diremos, pois?” em sua carta aos crentes romanos (Romanos 4:1; 6:1; 8:31; 9:14). Ele usa a pergunta no versículo 30 para levantar e responder uma objeção provavelmente trazida pelas autoridades judaicas. Do contexto do capítulo 9, podemos inferir que a expressão “Que diremos, pois?” destina-se a aplicar-se à questão geral do relacionamento de Deus com Seu povo Israel. Já que Deus, agora, passara a aceitar aos gentios, o que isso significaria para os judeus?

Que diremos, pois? Que os gentios, que não buscavam a justiça, alcançaram a justiça, mas a justiça que vem da fé (v. 30).

O ponto principal parece ser o de que os judeus estavam procurando pela justiça, mas não a encontraram porque estavam procurando no lugar errado - eles estavam procurando alcançá-la por meio da Lei. Por outro lado, os gentios não estavam particularmente procurando pela justiça, mas a encontraram porque creram.

Como os crentes gentios chegaram à justiça? Paulo responde que foi através da fé.

Este é o ponto alto da carta, porque a principal pergunta que a carta faz e à qual responde é: "O que é a justiça e como ela é obtida?" A palavra grega traduzida como "justiça" é "dikaiosune", uma tradução também típica na "República", de Platão, que também faz e responde à mesma pergunta: "O que é justiça e como ela pode ser obtida?" Curiosamente, Paulo e Platão chegam a definições semelhantes sobre a retidão/justiça - ambos propõem que a justiça é a harmonia de pessoas trabalhando juntas por uma causa comum e por benefícios mútuos.

Platão usa a ilustração de uma cidade-estado grega onde cada pessoa faz o melhor para o benefício de toda a comunidade. Paulo usa a ilustração de um corpo, onde cada parte faz o melhor para o benefício de todo o corpo. Paulo fala sobre exercitarmos os dons e, assim, servirmos uns aos outros (Romanos 12:4-8).

A diferença dramática entre Platão e Paulo é na definição de quem é o líder neste processo. Paulo afirma que o cabeça ou líder do corpo é Cristo (Romanos 12:5; Efésios 1:22-23). Platão identifica uma certa classe nobre de seres humanos como "guardiães". Paulo poderia até concordar em princípio, mas definitivamente afirmava que nenhum ser humano havia conseguido viver de acordo com o padrão de tutela proposto por Platão, apenas Jesus Cristo, o Deus-homem (Romanos 3:10, 23-24; 2 Coríntios 5:21).

Paulo afirma que a justiça é obtida pela fé (Romanos 1:17). Somos justificados (feitos justos aos olhos de Deus) crendo na morte de Jesus na cruz (Romanos 3:23-24; 4, 1-3; João 3:14-15). Podemos viver de maneira justa andando por fé, crendo que o caminho de Deus é para o nosso bem, em vez de vivermos em orgulho, acreditando sabermos mais que Deus (Habacuque 2:4; Romanos 1:16-17). Os gentios encontraram a justiça por sua fé. Eles não estavam buscando viver em harmonia com os bons desígnios de Deus, mas acabaram fazendo isso por terem crido em Jesus e seguido a Seus caminhos.

Os gentios não buscavam a justiça de Deus, mas Deus se deu a conhecer a eles (Romanos 10:20) e eles creram. Por terem crido, tornaram-se justos diante de Deus por meio da fé e, portanto, foram adotados na família e na justiça de Deus.

Ao andarem pela fé, ele experimentaram a retidão em suas vidas. Isso ocorreu mesmo que a justiça não fosse algo ao qual eles buscavam. Deus a revelou a eles.

Por outro lado, Israel (o povo judeu) estava buscando a lei da justiça (v. 31), procurando deliberadamente ser justos aos olhos de Deus. Porém, eles não conseguiam encontrar  a justiça porque não a buscavam pela fé. Eles a estavam buscando através da Lei. Quando buscamos ser justificados através da Lei, isso nos leva a focar-nos em nós mesmos, pois passamos a seguir a regras e padrões e a nos comparar com os outros.

O povo judeu buscava a justiça através de suas próprias ações, obedecendo às regras religiosas, não através da fé. Como resultado, eles não alcançaram justiça. “...Israel, buscando uma lei da justiça, não chegou a essa lei. Por que? Porque não a buscavam pela fé, mas como que pelas obras” (v. 32). Ninguém pode viver de acordo com o padrão de Deus, conforme Paulo deixa claro em Romanos 3:10, 23-25.

Nos versículos 31-33, Paulo diz aos crentes romanos que o mesmo vale para judeus e gentios: ambos devem chegar à justiça por meio da fé. A justiça aqui se refere à vida harmoniosa e correta, de acorado com o que Deus designou. Essa justiça está ligada à nossa justificação (que vem da fé de que Cristo morreu na cruz por nossos pecados) e à nossa santificação (uma vida harmoniosa como Deus deseja).

Paulo se refere à justiça como justificação e santificação, ambas necessárias para se viver uma vida justa e harmoniosa. Quando os crentes são justificados pela fé em Jesus, eles recebem o poder do Evangelho, o poder do Espírito Santo, que lhes concede a capacidade para andar em retidão e seguir ao Espírito pela fé (Romanos 1:16-17; Gálatas 5:13-18).

Paulo nos diz que os judeus haviam tentado chegar a essa justiça por meio de suas próprias ações, ou seja, pela obediência a regras religiosas. O apóstolo deixa claro no versículo 33, citando Isaías, no Antigo Testamento, que Jesus era a pedra de tropeço para o povo judeu: “Tropeçaram na pedra de tropeço, 33como está escrito: Eis que ponho em Sião uma pedra de tropeço e uma rocha de escândalo. Aquele que nele crê não será envergonhado” (v. 33).

Jesus veio a Israel como a pedra angular sobre a qual o reino restaurado poderia ter sido construído, o prometido reino messiânico do trono de Davi (2 Samuel 7:12-13). Essa pedra angular era o Servo sofredor de Deus, o cumprimento do que havia sido retratado em Isaías 53:11. Essa pedra angular foi o cumprimento de Deus de Sua promessa de enviar um profeta como Moisés, que falaria palavras diretamente ao povo de forma que pudessem ouvir (Deuteronômio 18:18).

Esta pedra angular foi o Filho de Davi, enviado por Deus para restaurar o reino a Israel (Mateus 1:1). Porém, Israel não reconheceu o dia de sua visitação (Lucas 19:44). Assim, essa pedra fundamental se tornou uma pedra de tropeço e uma pedra de ofensa.

Paulo cita dois versículos do Antigo Testamento, mostrando que a rejeição de Israel foi prevista: “Portanto, assim diz o Senhor Jeová: Eis que ponho em Sião como alicerce uma pedra, pedra provada, pedra preciosa do ângulo de firme fundamento; aquele que crer não se apressará(Isaías 28:16).

Sião é um dos termos usados para se referir a Israel, já que o Monte Sião era um monte proeminente sobre o qual Jerusalém estava assentado. Paulo afirma que Jesus era o cumprimento da profecia de Isaías e tal cumprimento resultou na rejeição de Israel ao seu Messias naquele momento. Israel rejeitou a Jesus, o Messias. A pedra fundamental destinada a ser a fundação de um novo reino tornou-se uma pedra de tropeço.

No entanto, embora alguns a tenham rejeitado, quem creu Nele não ficou desapontado. Houve um remanescente de judeus que creu (Romanos 9:27). E eles não decepcionaram porque foram salvos pela graça, pela fé (Efésios 2:8, 9).

Para alcançarmos a justiça, Deus requer que tenhamos fé em Seu Filho, Jesus. Jesus explicou a Nicodemos que, assim como a serpente de bronze no deserto foi erguida em um poste para que, quem olhasse para ela, fosse liberto da morte produzida pelas picadas das cobras venenosas, Jesus seria da mesma forma "levantado". Jesus foi "levantado" na cruz para que todo aquele que creia Nele seja liberto do veneno do pecado e receba a vida eterna (João 3:14-15). Isso proporciona o novo nascimento espiritual (João 3:3). Este é o ponto de partida para o novo nascimento em Cristo.

Porém, o povo judeu não creu. Ao invés disso, eles buscaram sua própria justiça por meio da Lei. Portanto, Jesus tornou-se uma pedra de tropeço para eles, ao invés de a pedra angular. A pedra caiu sobre eles, Ele se tornou um obstáculo em seu caminho por terem buscado a justiça através de suas próprias ações, ao invés de buscá-la pela fé.

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