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Significado de Romanos 9:9-13

A palavra da promessa remetia à promessa de Deus de que daria um filho a Abraão e Sara. Essa havia sido a promessa fundamental que Deus fez para criar Seu povo escolhido e Abraão respondeu com fé. Deus escolheu Abraão e o capacitou a conceber a seu filho Isaque. Deus também escolheu ao filho de Isaque, Jacó, para ser pai das tribos de Israel, ao invés de seu irmão mais velho, Esaú. Mesmo antes de Jacó ou Esaú nascerem, antes que qualquer um pudesse fazer qualquer coisa, Deus decidiu usar Jacó para Seus propósitos. Deus é Deus. Sua vontade é sempre cumprida.

Paulo continua sua explicação sobre os filhos da promessa fazendo referência à promessa de Deus a Abraão: “A palavra da promessa é esta: Por este tempo, virei, e Sara terá um filho(v. 9).

Deus prometeu que daria a Abraão um filho em sua velhice (Gênesis 17:15-17). Embora Abraão já tivesse Ismael, Deus insistiu que Suas promessas seriam cumpridas por meio de Isaque. Deus havia prometido que os descendentes de Abraão seriam tão numerosos quanto as estrelas (Gênesis 15:5). Assim, Ele designou Isaque como o filho por meio do qual a palavra da promessa seria cumprida.

Deus sempre cumpriu e sempre cumprirá Suas promessas. Pporém, Ele decide como Suas promessas serão cumpridas. Neste caso, Deus decidiu que Isaque seria o filho da promessa. Isaque era o segundo filho. Havia um padrão bíblico sobre o segundo ascender ao primeiro.

Isaque, filho de Abraão, era o filho prometido, por meio de quem a promessa de Deus seria cumprida: “E não somente isso, mas também Rebeca, que havia concebido de um, de Isaque, nosso pai(v. 10).

Deus afirmou que Sua promessa sobre o grande número de descendentes seria cumprida através de Isaque e isso começou a ocorrer com o nascimento dos gêmeos Jacó e Esaú, cuja mãe era Rebeca.

Deus escolheu ao segundo filho sobre o primeiro, Jacó sobre Esaú, para continuar a linha de Seu povo escolhido: “(porque não tendo os filhos gêmeos ainda nascido, nem tendo eles feito bem ou mal algum, para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das obras, mas daquele que chama) (v. 11,12).

Deus cumpriu Sua promessa, mas o fez de maneira surpreendente, escolhendo o segundo em detrimento do primeiro. Normalmente, o primogênito tinha a bênção da herança, o direito de primogenitura sobre a família. Porém, Deus escolheu ao segundo. Como veremos ao final deste capítulo, Deus também escolheu aos gentios em detrimento dos judeus. Ele fez isso porque os gentios O buscaram pela fé (Romanos 9:30-32).

O livro de Romanos apresenta o importante tema da filiação. Quem são os verdadeiros filhos de Abraão? Quem são os que herdam as promessas de Deus? Paulo explicara no capítulo anterior:

"O Espírito mesmo dá testemunho com o nosso espírito de que somos filhos de Deus. E, se filhos, também herdeiros; herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo, se realmente padecemos com ele, para que também com ele sejamos glorificados" (Romanos 8:16, 17).

Os filhos da promessa são aqueles a quem Deus escolheu. Como vemos em Romanos 8:17, aqueles que crêem são filhos de Deus. Todos os que crêem são herdeiros de Deus. Porém, somente os que sofrem com Cristo também "serão glorificados com Ele". Ser glorificado com Cristo significa receber "a glória e a honra" de reinar sobre a terra, como fomos criados e projetados (Hebreus 2:5-10).

Paulo constrói seu argumento de que os que nascem da fé e vivem pela fé são os verdadeiros filhos da promessa (que ele diz abertamente em Romanos 9:30). Todos os que crêem são filhos, mas somente aqueles que andam pela fé, vencendo à rejeição do mundo, reinarão com Ele (Romanos 8:17b; Apocalipse 3:21).

Deus escolhe quem herdará as recompensas que Ele promete. Paulo usa o Antigo Testamento mais uma vez para provar seu argumento; em Romanos 9:25, ele cita uma das profecias de Oséias a respeito da soberania de Deus na escolha de pessoas fora do Seu povo.

Deus decide quem são os filhos de Sua promessa. Esses versículos fornecem o exemplo específico no qual Deus escolheu ao filho da promessa antes que a criança tivesse feito qualquer coisa. Deus não escolheu a Esaú, mas a Jacó. Deus pode fazer o que Ele quiser fazer. O fato de Ele ter escolhido fazer dos filhos da fé os verdadeiros filhos da promessa significa que esta era Sua vontade. Deus decidiu que Jacó seria aquele por meio de quem a promessa de uma grande nação seria cumprida - antes de Jacó nascer. Da mesma forma, Deus decidiu que os gentios seriam filhos (Romanos 9:24).

Deus nos instrui a amar aos que nos odeiam; assim, o versículo 13 parece confuso pois, à primeira vista, parece dizer que Deus odiou a alguém antes mesmo da pessoa nascer: “Como está escrito: Eu amei a Jacó, porém aborreci a Esaú" (v. 13). Além disso, Deus abençoou grandemente a Esaú, o que torna o versículo ainda mais preocupante: Por que Deus abençoaria a alguém a quem odiava? Uma outra passagem envolvendo a escolha pode nos trazer alguma luz.

A palavra “odiar” é a palavra grega "miseao". Outra passagem do Novo Testamento que mostra o termo "miseao" no contexto da seleção entre duas possibilidades pode nos fornecer uma resposta. Lucas 16:13 usa "miseao" para descrever a situação da existência de dois mestres. O versículo diz que não podemos servir a ambos, precisaremos escolher a um deles. O texto continua dizendo que, ao escolhermos um, automaticamente iremos odiar ou desprezar ao que não foi escolhido. Neste caso, parece razoável inferir que não se trata de uma rejeição pessoal a um ou outro.

Lucas 16:13 afirma que o mestre selecionado é amado e respeitado por ter sido escolhido para ocupar aquela posição de prioridade. Assim, amor ou ódio se aplicam à pessoa escolhida ou não escolhida. A escolha do primogênito era a escolha por quem lideraria a família.

De maneira semelhante, no caso de Romanos 9:13, Deus parece selecionar entre os dois gêmeos, Jacó e Esaú, qual deles continuaria a bênção de Abraão e seria o líder da família, ou seja, aquele através dde quem a linha sucessória continuaria. Essa pessoa herdaria a promessa e ocuparia a posição de liderança.

Deus escolhe (ama) a um deles e não escolhe (odeia) ao outro. Assim, Ele ama àquele a quem escolhe e odeia àquele a quem não escolhe, usando a mesma linguagem de Lucas 16:13 referente à escolha do mestre. Porém, isso não significava que Deus odiava a Esaú como pessoa. O resultado dessa escolha feita por Deus é que Esaú não herdaria a bênção de Abraão, já que ele não foi escolhido para ser o herdeiro de Abraão. A bênção de Abraão era a de que ele herdaria a Terra Prometida e traria bênçãos ao mundo por meio do Messias prometido (Gênesis 12:2-3).

Romanos 9:13 é, na verdade, uma citação do Antigo Testamento, Malaquias 1:, -3. Na passagem de Malaquias, Deus parece não estar falando sobre os indivíduos Jacó e Esaú, mas das nações que eles carregavam em si. Malaquias 1:2 começa com uma declaração e uma pergunta dirigida à nação de Israel (outro nome para Jacó):

Eu vos tenho amado, diz Jeová. Contudo, vós dizeis: Em que nos tens amado?

A pergunta " Em que nos tens amado?" é respondida em Malaquias pelo versículo citado em Romanos 9:13 (Amei a Jacó, mas aborreci a Esaú):

"Acaso não era Esaú irmão de Jacó? — diz Jeová. Contudo, amei a Jacó, e aborreci a Esaú, e fiz dos seus montes uma desolação, e dei a sua herança aos chacais do deserto" (Malaquias 1:2-3).

Esaú foi abençoado por Deus de maneira poderosa, como Jacó; Deus o transformou em uma grande nação — a nação de Edom. Quando Israel entrou na Terra Prometida depois de sair do Egito, Deus instruiu Israel a se manter longe de Edom, porque Deus havia dado a terra aos descendentes de Esaú (Deuteronômio 2:4-6).

Deus havia abençoado a Esaú, mas não com a bênção da herança da promessa a Abraão; essa bênção foi direcionada a Jacó. Jacó herdou o manto de Abraão como pai da nação através da qual todas as nações da terra seriam abençoadas (Gênesis 12:2-3).

Mais de mil anos depois de Deuteronômio, quando o livro de Malaquias foi escrito, Deus julgou a Edom, destruiu "suas montanhas" - referindo-se à terra dada a eles em Deuteronômio 2, o Monte Seir. Portanto, esta passagem de Malaquias fala das nações e refere-se a Jacó e Esaú na qualidade de fundadores respectivos de cada nação.

A citação de Paulo em Romanos 9:13 parece usar "miseao" (ódio) da mesma forma que Lucas 16:13, não para se referir à pessoa de Esaú, mas ao fato de ele não ter sido selecionado para a posição de liderança. Por outro lado, o selecionado para a vaga foi "amado". Essa interpretação parece se correlacionar com a insistência da Bíblia de que Deus ama a todas as pessoas no mundo (João 3:16).

Na verdade, Deus amou o mundo de tal forma que deu Seu único Filho para pagar pelos pecados do mundo (João 3:16). Isso responde à aparente contradição da idéia de que Deus "odiou" a Esaú como pessoa, já que Deus o abençoou enormemente e o transformou em uma grande nação também. Porém, não foi a nação por meio da qual viria o Messias Jesus, que abençoaria a todas as famílias da terra; isso foi reservado a Jacó, mais tarde renomeado Israel (Gênesis 12:2-3).

Paulo é claro que, ao usar esses exemplos, Deus estava agindo, não o homem. Deus não olhou para as atividades do homem, porque as obras dos homens não possuem sentido para Ele sem a obediência. Ao invés disso, Deus, soberano sobre todos, escolheu a Abraão, depois a Isaque, depois a Jacó, para cumprir a Sua vontade. Esaú foi rejeitado por Deus como herdeiro do manto de liderança, não por alguma coisa que ele tivesse feito ou deixado de fazer. Deus escolheu a Jacó no lugar de Esaú para Seus propósitos.

Por que? A resposta vem nos versículos a seguir. Paulo já estava esperando inúmeras perguntas em relação ao que ensina aqui.

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