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Significado de Zacarias 14:16-21
Zacarias 14:12-15 descreveu como o SENHOR derrotaria as nações que atacassem Jerusalém. Ele as atacaria com uma praga severa que apodreceria seus olhos e línguas e mataria seus animais. Ele os confundiria através do pânico, fazendo-os atacar uns aos outros. Enquanto isso, Judá se aliaria a Jerusalém para coletar os itens valiosos descartados por seus adversários derrotados.
A presente seção conta ao leitor o que acontecerá com os sobreviventes entre as nações. Em outras palavras, o escritor explica o que Deus faria após a vitória de Jerusalém. Uma vez que Ele derrote aos exércitos estrangeiros, “todos os que restaram de todas as nações que vieram contra Jerusalém subirão de ano em ano”. O objetivo da peregrinação anual será o de “para adorarem o Rei, Jeová dos Exércitos e para celebrarem a Festa dos Tabernáculos” (v. 16).
O verbo “subir” refere-se à peregrinação a Jerusalém. Jerusalém era mais elevada em altitude que todas as estradas que se aproximavam dela a partir das planícies costeiras. Portanto, viajar para Jerusalém é mencionado nas Escrituras sempre como um deslocamento ascendente.
O termo em hebraico traduzido como “Jeová” é “Javé”, o Deus auto-existente e eterno que se revelou a Moisés na sarça ardente (Êxodo 3:14). Javé é Seu nome de aliança, descrevendo Seu relacionamento com Seu povo. Esse nome vem do verbo hebraico "ser". É por isso que Deus instruiu Moisés a dizer aos israelitas: "EU SOU vos enviei" (Êxodo 3:14). Em Zacarias, o Deus eterno é chamado de Senhor dos Exércitos.
O termo em hebraico traduzido como “exércitos” é "Sabaoth" na língua hebraica, muitas vezes se referindo aos exércitos angelicais do céu (1 Samuel 1:3). Assim, a frase o Senhor dos Exércitos, que ocorre em todos os livros proféticos, muitas vezes descreve o poder de Deus como guerreiro liderando Seus exércitos angelicais para derrotar Seus inimigos (Amós 5:16, 9:5; Habacuque 2:17).
Aqui em Zacarias, a frase “SENHOR dos Exércitos” demonstra o poder do SENHOR como guerreiro supremo que tem controle total sobre todos os assuntos humanos. É por isso que os sobreviventes entre as nações estrangeiras prestarão homenagem a Ele e celebrarão a Festa das Cabanas.
A Festa dos Tabernáculos era um festival de sete dias que começava após a conclusão das colheitas do outono (Levítico 23:44). De acordo com o livro de Levítico, esta festa deveria começar "no décimo quinto dia" do sétimo mês chamado "Tisri", correspondendo aproximadamente a outubro em nosso calendário (Levítico 23:34). Durante essa alegre celebração, o povo de Deus deveria dar-Lhe graças pelas colheitas e por Suas provisões e proteção durante suas andanças pelo deserto (Deuteronômio 16:13-16).
Como parte dos requisitos do festival, os israelitas deixavam suas casas por uma semana para habitar em tendas temporárias feitas com galhos de árvores (Levítico 23:42). O termo “cabanas” refere-se a estruturas temporárias feitas de galhos e folhagens, fornecendo sombra durante o dia e proteção contra o orvalho e os ventos durante a noite (Gênesis 33:17; Jonas 4:5). Este festival é celebrado até os dias atuais.
Zacarias diz a seu público que o remanescente entre as nações um dia se tornaria adorador de Deus. Eles adorariam anualmente junto com Israel durante a celebração da Festa das Cabanas. “Se qualquer das famílias da terra não subir a Jerusalém para adorar o Rei, Jeová dos Exércitos, não cairá sobre eles a chuva” (v. 17).
As nações derrotadas pelo poder do SENHOR adorarão a Deus e subirão a Jerusalém todos os anos para fazê-lo, significando que elas participarão do ritual anual da Festa das Cabanas que celebrará o cuidado do SENHOR pelos israelitas enquanto vagaram pelo deserto. Foi lá que Deus lhes deu a oportunidade de aprender a confiar Nele (Deuteronômio 8:2-5).
O livro de Ezequiel também indica que na era do Messias na terra haverá um "príncipe" que governará e oferecerá holocaustos (Ezequiel 42:1-4). Este príncipe parece referir-se a Jesus depois de Seu retorno. Parece que haverá um novo templo (Ezequiel 40-44) e os sacrifícios serão restabelecidos. Presumivelmente, esses sacrifícios serão lembretes do que Jesus fez, semelhante à Ceia do Senhor, que lembra os crentes do Novo Testamento de Seu sacrifício por eles (1 Coríntios 11:23-26).
Essa adoração será necessária. Qualquer nação que não mostrar o devido respeito passará por secas, ou seja, não haverá chuva sobre elas.
No mundo antigo, a seca era uma realidade complexa, porque poderia levar à ruptura das safras. A seca muitas vezes impactava negativamente a economia de um país e resultava em fome. O livro de Gênesis nos diz que Abraão, Isaque e Jacó se mudaram por causa da fome relacionada à seca (Gênesis 12, 26, 41). Em Deuteronômio, a ausência de chuvas foi uma das maldições que o SENHOR pronunciou contra Israel por sua desobediência à aliança (Deuteronômio 28:22-24).
Aqui em Zacarias, o SENHOR reterá a chuva para punir as famílias da terra que se recusarem a fazer a peregrinação anual a Jerusalém para adorá-Lo. Por exemplo, “Se a família do Egito não subir, nem vier, não virá sobre eles a chuva” (v. 18). A palavra hebraica traduzida como “famílias” é usada em Gênesis para se referir aos vários tipos de animais. Aparentemente refere-se a várias nações ou grupos étnicos. Cada povo, grupo étnico ou nação será obrigado a enviar embaixadores para representar seus clãs.
O profeta Zacarias pode ter usado o Egito como exemplo para ilustrar a certeza do julgamento divino, porque aquele país não dependia diretamente das chuvas para sua produtividade. Sua agricultura dependia principalmente das cheias anuais do rio Nilo. Ou seja, até mesmo o povo do Egito experimentaria seca caso rejeitasse a oportunidade de subir à peregrinação anual a Jerusalém. Para o Egito, isso poderia indicar que a seca seria tão severa que afetaria o nível das água do rio Nilo.
Porém, o Egito não seria a única nação a sofrer com a seca. A seca seria “a praga com que Jeová ferirá as nações que não subirem para celebrar a Festa dos Tabernáculos” (v. 18). O termo “nações” aqui parece se aplicar a todas as nações da terra, à exceção de Israel. A palavra hebraica traduzida como “nações” às vezes é traduzida como "gentios", um termo que se aplica a todos os povos não hebreus.
O termo “praga” é a mesma palavra usada pelo SENHOR ao enviar pestes aos egípcios, para que eles soubessem que não havia ninguém como Ele "em toda a terra" (Êxodo 9:14). Da mesma forma, os espias "que trouxeram à tona o péssimo relato da terra morreram por uma praga diante do Senhor" (Números 14:37).
Em Zacarias, Deus diz que enviaria uma praga na forma de seca para atingir os sobreviventes entre as nações que se recusassem a adorá-Lo e a celebrar a Festa dos Tabernáculos. O profeta resume os pensamentos dos versículos 17 e 18 ao dizer: “Este será o castigo do Egito e o castigo de todas as nações que não subirem a celebrar a Festa dos Tabernáculos”.
O termo traduzido como “castigo” é "chāṭāʾ" no texto em hebraico. Muitas vezes significa "pecado". Mas, na mente hebraica, havia uma conexão entre uma ação e suas consequências. Portanto, "chāṭāʾ" referia-se à ação maligna e suas consequências. Ações perversas traziam calamidade ao pecador ao longo do tempo (Êxodo 32:34; Oséias 8:13). Em Zacarias, a seca seria consequência da escolha de ignorar a exigência de Deus. A consequência seria o castigo às nações que desafiassem à direção de Deus de participar da Festa dos Tabernáculos. A menção ao Egito, juntamente com todas as nações, destacava a todos os grupos que passariam pela seca.
Zacarias continua seu discurso e introduz a frase temporal “naquele dia” para falar sobre o tempo futuro em que o SENHOR interviria nos assuntos dos homens de acabaria com a iniquidade, restaurando a justiça na terra. Nessa nova era, Jerusalém será santa: “será gravado nas campainhas dos cavalos: Santidade a Jeová” (v. 20).
Os cavalos nesta era vindoura usariam sinos como ornamentos em seus arreios e nesses sinos haveria a inscrição especial: "SANTIDADE A JEOVÁ". Isso provavelmente nos mostre que, nesta nova era, coisas comuns como o transporte (cavalos) adorarão ao Senhor da mesma forma que as cerimônias religiosas do passado.
Os judeus que ouvissem ou lessem às palavras de Zacarias reconheceriam imediatamente a frase “SANTIDADE A JEOVÁ” (em hebraico, "Kadosh L'Yahweh"), pois era o que estava inscrito na placa presa no turbante usado pelo Sumo Sacerdote (Êxodo 28:36). Nesta nova era que se avizinha, até mesmo os arreios dos cavalos serão santos ao Senhor.
O termo “santo” significa "separado". Se algo é santo para Deus isso significa que está disponível para Seu uso dentro do espaço sagrado do recinto do templo onde Ele habitava. Quando Moisés instruiu os israelitas a fazerem uma placa de ouro para a cabeça do Sumo Sacerdote, ele lhes instruiu a inscreverem "Santidade ao Senhor" (Êxodo 28:36). Em Zacarias, o profeta vê um tempo em que até mesmo animais usados como transporte ou instrumentos de guerra, como os cavalos, se tornariam santos.
Não apenas o transporte seria santo ao Senhor, mas também as atividades diárias, como cozinhar: “as panelas da Casa de Jeová serão como as bacias diante do altar” (v. 20).
Os antigos israelitas usavam bacias sagradas para as atividades rituais mais significativas (Êxodo 37:16).
Na nova era prevista por Zacarias, até mesmo itens comuns como sinos dos cavalos e panelas, se tornariam santos ao Senhor. As pessoas tratariam esses itens como as bacias diante do altar. “Todas as panelas em Jerusalém e em Judá serão santas a Jeová dos Exércitos” (v. 21).
O quadro pintado aqui é que todas as coisas estarão alinhadas com o bom projeto de Deus para a criação. Todas as coisas serão aplicadas de acordo com a Sua vontade, na terra e no céu (Mateus 6:10). Hoje, Deus se agrada da obediência e promete grandes recompensas aos que fazem todas as coisas como a Ele (Colossenses 3:23). Nesta nova era prevista por Zacarias, fazer todas as coisas como ao Senhor se tornará algo normal — todas as atividades diárias serão feitas como ao SENHOR.
Isso implica que a terra estará cheia de pessoas amando e servindo umas às outras, já que esta é a principal coisa que Deus pede a Seu povo (Mateus 22:37-39). A terra se encherá da justiça de Deus — o que significa que a terra funcionará em harmonia com os bons desígnios de Deus (2 Pedro 3:13).
O Senhor dos Exércitos, o Todo-poderoso, transformará Jerusalém e Judá, conferindo-lhes um status sagrado, tanto que todas as panelas da terra se tornarão santas. Assim, “todos os que oferecerem sacrifícios virão, e delas tomarão, e nelas cozerão” (v. 21). Nunca mais faltarão vasos sagrados em Jerusalém porque os vasos comuns poderão ser usados; o que antes era comum agora será santo.
Além disso, “naquele dia, não haverá mais cananeu na Casa de Jeová dos Exércitos” (v. 21).
A palavra hebraica para “cananeu” ("kĕnaʿănî") também pode significar "mercador". Em Provérbios 31:24, algumas versões traduzem o termo como "comerciantes". O profeta Oséias usou o termo num jogo de palavras para explicar como os mercadores israelitas reproduziam as práticas ilícitas dos cananeus ao carregarem falsos pesos em suas mãos (Oséias 12:7). Porém, na nova era, não haverá espaço para mercadores imorais que se aproveitarão dos adoradores que trazem seus sacrifícios ao Senhor. Uma vez que o Rei estará presente, Ele vai interromper todas as práticas ilegais e restaurar Sua criação ao seu estado perfeito como antes da Queda do Homem (Gênesis 3).
Quando Jesus limpou o templo dos mercadores, Ele disse:
...levando qualquer objeto, e ensinava, dizendo: Não está escrito que a minha casa será chamada casa de oração para todas as nações? Mas vós a tendes feito um covil de salteadores (Marcos 11:17).
Na época de Jesus, os filhos de Anás possuíam uma dinastia sacerdotal. Eles aparentemente haviam criado uma moeda dedicada a ser usada no templo e exploravam o "rebanho" de adoradores no templo através do uso de "cambistas" (João 2:14). Sem dúvida, a taxa de câmbio criava um grande fluxo de dinheiro para os bolsos sacerdotais.
Talvez tenha sido isso que levou Jesus a se referir ao templo "covil de ladrões" (Mateus 21:13, 23:14). O templo da época de Jesus havia se corrompido a ponto de ser chamado de "O Bazar dos Filhos de Anás". Na nova era futura, onde a justiça habitará, não haverá tal corrupção. O comum será santo e o que é santo não será corrompido.
Para saber mais a respeito de Anás e o julgamento de Jesus, clique aqui.
Isaías fala desta época não apenas como uma era de paz e harmonia entre as pessoas, onde o mundo não será livre da violência (Isaías 2:4), mas também haverá paz e harmonia na natureza, já que os leões estarão em paz com os cordeiros (Isaías 65:25).
Jesus recebeu toda autoridade (Mateus 28:18). No entanto, Ele ainda não afirmou a autoridade do Seu Reino terreno de maneira física. Atualmente, Ele delegou a autoridade de fazer discípulos em todas as nações a Seus seguidores (Mateus 28:18-20).
Ele, no entanto, retornará à terra e lançará a Satanás no Lago de Fogo (Apocalipse 20:10), assumindo o Reino físico sobre a terra (Apocalipse 19:6). Os crentes que vencerem às tentações e a rejeição, como Jesus venceu, se juntarão a Ele para reinar (Apocalipse 3:21, 5:10, 20:6). Os que se unirem a Cristo para reinar com Ele serão as pessoas mais realizadas na era que está por vir. Jesus descreve isso como entrar na "alegria de seu senhor" em Sua "Parábola dos Talentos" (Mateus 25:21). Isso faz sentido, porque o projeto original de Deus aos seres humanos é que eles tenham domínio sobre a terra, reinando em harmonia com Ele, com a natureza e uns com os outros (Hebreus 2:5-10).
Clique aqui para ler nosso comentário sobre Hebreus 2:9.
O livro de Zacarias é o mais longo na coleção dos doze Profetas Menores. Ele antecipa a adoração a Deus por judeus e gentios no Reino Messiânico que está por vir (Apocalipse 20:4-6). Neste livro, o profeta exorta a comunidade pós-exílica de judeus que haviam retornado a Judá do exílio babilônico a se arrepender e fazer o bem, porque Deus pretendia abençoá-los.
Ele também prevê um dia em que as nações gentias se juntariam para atacar Jerusalém e causar graves danos a seus moradores. No entanto, quando toda a esperança parecer perdida, o SENHOR intervirá para subjugar as nações e resgatar Jerusalém. Ele a elevará à proeminência e fará dela o centro de Seu reinado universal. Todo joelho se curvará diante de Deus em adoração e louvor. Todos O reconhecerão como o único Deus verdadeiro e vivo. As nações também se tornarão servas do SENHOR e virão a Jerusalém para adorá-Lo. O SENHOR inaugurará um reinado onde a justiça habita sobre a terra.