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Significado de Sofonias 3:14-17

Falando no passado profético, mostrando a certeza do que está previsto para o futuro, Sofonias chama o povo de Judá a gritar de alegria porque o SENHOR, seu Deus Susserano, anularia a sentença de condenação contra eles e destituiria seus adversários. O povo de Deus podia, assim, deixar o medo de lado e alegrar-se, porque o Senhor, o grande guerreiro, estava no meio deles. Eles habitariam em amor íntimo e companheirismo, em um mundo repleto de alegria.

Na seção anterior, o SENHOR afirmara que destruiria o povo orgulhoso e arrogante no dia do julgamento, mas deixaria um remanescente humilde. Esse remanescente viveria em retidão porque teria lábios purificados e viveria sob o refúgio de Deus (Sofonias 3:12). Naqueles dias, o remanescente do povo de Deus não enganaria ou exploraria a ninguém para ganho pessoal. Portanto, os humildes desfrutariam de segurança e paz (v. 9-13).

O profeta Sofonias, imaginando tal tempo de bênção e restauração, chama o povo de Deus a se alegrar. Em alta voz, ele emite três declarações semelhantes contendo quatro imperativos: Gritem de alegria, ó filha de Sião! Gritem em triunfo, ó Israel! Alegrai-vos e exultai de todo o vosso coração, ó filha de Jerusalém! (v. 14).

A expressão "filha de Sião" refere-se à comunidade de pessoas em Jerusalém que viviam fielmente diante do Senhor. A frase fala do relacionamento amoroso que o SENHOR estabeleceria com Seu povo da aliança (2 Reis 19:21). O termo “filha” implica que o SENHOR era um pai amoroso. Ele amava a Seu povo e cuidava deles, mesmo quando "agiam corruptamente em relação a Ele" e O ignoravam (Deuteronômio 32:5).

O profeta usa quatro imperativos (gritar de alegria, gritar em triunfo, alegrar-se e exultar) para convocar o povo de Deus a se alegrar. Gritar é a maneira normal de expressar alegria. "Davi e toda a casa de Israel" trouxeram "a arca do Senhor" a Jerusalém "com gritos e o som da trombeta" (2 Samuel 6:15). Da mesma forma, durante a batalha de Jericó, o SENHOR instrui Josué e todo o povo de Israel a "gritar com um grande alarido" para que "o muro da cidade" caísse (Josué 6:5).

Aqui, em nossa passagem, Sofonias convoca o povo de Deus a se alegrar muito, como indica a acumulação de verbos. Eles deveriam fazê-lo de todo o coração, a sede das escolhas. Sim, eles tinham boas razões para ter alegria sem limites: O SENHOR tirou Seus julgamentos contra ti, Ele lançou fora teu inimigo (v. 15).

A frase Ele “lançou fora teu inimigo” está no pretérito profético, destacando um evento ainda futuro e enfatizando que seu cumprimento era tão certo quanto se o evento já tivesse acontecido.

Deus anularia a sentença de condenação pronunciada contra Seu povo da aliança e venceria aos seus inimigos. Assim como a condenação seria uma execução do tratado de aliança de Deus com Israel, a restauração também seguiria às disposições do tratado de aliança. Deus havia prometido em Sua aliança que, mesmo que as disposições de execução fossem decretadas contra Israel devido à sua desobediência, Ele ainda acabaria restaurando a Seu povo (Deuteronômio 32:36). Isso incluía a promessa de vencer a todos os seus inimigos. A seguir vemos esta promessa em Deuteronômio, que contém uma reafirmação e uma emenda da aliança de Deus com Israel:

"Alegrai-vos, ó nações, com o seu povo; Porque Ele vingará o sangue dos Seus servos, e vingará os Seus adversários, e expiará a Sua terra e o Seu povo" (Deuteronômio 32:43).

Não apenas o povo de Judá se alegraria em sua libertação de seus inimigos, mas também se alegraria porque Deus habitaria entre eles. O profeta declara: O Rei de Israel, o SENHOR, está no meio de ti (v. 15). O livro de Apocalipse afirma que, na nova terra, não haverá templo, porque Deus habitará na terra com Seu povo e Ele será o templo deles (Apocalipse 21:3, 22). Isso vai acontecer. No entanto, nesta profecia em particular, a ênfase está no Rei de Israel. Esta ênfase pode apontar para o reinado de mil anos no qual Jesus se assentará no trono em Israel (Apocalipse 20:4).

Jesus é o Rei de Israel. Embora Israel e Judá tivessem reis humanos, o SENHOR foi e sempre será o maior Rei (1 Timóteo 6:15; Apocalipse 17:14). Deus prometera ao rei Davi que um descendente seu se assentaria no trono de Israel para sempre, o que será cumprido na pessoa de Jesus (2 Samuel 7:12-13; Mateus 1:1, 21:9).

No mundo antigo, uma das tarefas de um rei era lutar pelo povo em tempos de guerra. No livro de 1 Samuel, vemos uma ilustração dessa prática com Israel. O povo se recusou a ouvir a voz de Samuel e disse: "Não, mas haverá um rei sobre nós, para que também sejamos como todas as nações, para que nosso rei nos julgue e saia diante de nós e lute nossas batalhas" (1 Samuel 8:20). O SENHOR ouviu ao apelo do povo e nomeou o primeiro rei (1 Samuel 8:22).

Ao longo da história de Israel, vemos que os reis acabavam falhando em proteger ao povo. Porém, o SENHOR é um guerreiro invencível. Ele protegerá o povo e eliminará seus inimigos. Ele "reina e é revestido de majestade" (Salmo 93:1). Todos os reis humanos que governaram Israel estão mortos. Eles governaram por pouco tempo. Porém, o SENHOR "reinará para sempre" (Salmo 146:10). Pelo fato de o Deus vivo e eterno, um dia, habitar entre Seu povo do pacto novamente, Sofonias os encoraja, dizendo: Não temerás mais o desastre (v. 15).

O medo é uma reação humana normal diante de ameaças. O ser humano teme por sua segurança física em situações de perigo. Por exemplo, os pastores tinham medo quando os leões rugiam nos prados do Jordão (Amós 3:8). Além disso, os povos antigos temiam a destruição por animais selvagens (Jó 5:22). No entanto, chegará o dia em que o povo de Deus não temerá, porque Ele habitará entre eles para protegê-los de todas as ameaças e perigos (Apocalipse 21:3). Nesse momento, o povo viverá em paz e segurança.

O profeta abre o versículo seguinte com a expressão “Naquele dia”, para que o povo de Judá soubesse que sua restauração ainda era futura. Depois de punir a nação, o SENHOR restauraria o remanescente. Nesse tempo, dir-se-á a Jerusalém: Não tenhais medo, ó Sião (vs 16).

O termo “Sião” significava os habitantes de Jerusalém, como lemos em um dos versículos anteriores (v. 14). A palavra é sinônima de Jerusalém. De acordo com Sofonias, outros grupos de pessoas encorajarão o povo de Jerusalém a não temer. Eles lhes dirão: Não esmoreçam suas mãos (v. 16).

No pensamento e na cultura hebraica, as mãos eram um símbolo de poder e força (Deuteronômio 32:36). Assim, esmorecer as mãos simbolizava desânimo e/ou cansaço. O poder militar e industrial dependia em grande parte da musculatura humana.

Isso indica que, mesmo na terra recém-configurada, cheia de justiça e habitada pelo próprio Deus, ainda haverá trabalho humano (2 Pedro 3:13; Apocalipse 21:3). O Apocalipse faz uma declaração intrigante de que a nova terra terá nações e os "reis da terra trazem sua glória e honra para [a Nova Jerusalém]" (Apocalipse 21:4). Parece que a aventura humana vai escalar e ser elevada, porque haverá trabalho humana em equipe, colaboração e propósito compartilhado, porém com uma ausência total de egoísmo, exploração e violência.

Aqui em Sofonias, outros povos encorajarão os habitantes de Jerusalém a não desmaiarem e lhes darão a razão disso: O Senhor, teu Deus, está no meio de ti, um guerreiro vitorioso (v. 17). Isso parece se referir ao tempo em que Jesus voltará à Terra como rei conquistador para estabelecer Seu reinado (Apocalipse 19:11-16, 20:4).

O termo traduzido como “guerreiro” aqui é "gibbor" na língua hebraica. Em linhas gerais, denota qualquer pessoa que seja excepcionalmente poderosa em algumas áreas. Por exemplo, Ninrode era "poderoso na terra" (Gênesis 10:8). Especificamente, a palavra é usada em contextos militares para designar um homem forte que realiza atos heroicos (1 Samuel 2:4; Oséias 10:13Amós 2:14). Em nossa passagem, o termo é usado para o SENHOR, o Deus Todo-poderoso. Nenhum outro guerreiro pode resistir a Seu poder e julgamento.

O Deus Todo-poderoso de Israel habitará entre Seu povo da aliança. Sofonias diz ao povo de Judá: O SENHOR exultará sobre ti com alegria (v. 17), significando que Deus se deleitará em Seu povo. Eles não farão mais coisas que O desagradem. Isso indica um tempo no futuro em que a Terra se encherá de retidão (2 Pedro 3:13).

Além disso, Ele descansará no Seu amor (v. 17), dando às pessoas uma nova vida e permitindo-lhes desfrutar da comunhão com Ele. Esta frase é interessante porque Deus é referenciado nela duas vezes. Ele (Deus) descansará em Seu amor. Isso pode indicar a interconexão entre Jesus, o Filho de Deus, o Pai, o Espírito Santo e o povo de Deus. Jesus será um com Sua noiva, o Corpo de Cristo (Efésios 5:31-32). O profeta parece prever aqui que o amor de Deus envolverá a todo o Seu povo de uma maneira diária e tangível, afetando a própria existência das pessoas.

Finalmente, Sofonias diz: Ele se alegrará em ti com alegria (v. 17). Ah, que dia de regozijo será esse! Deus estará com Seu povo e neles encontrará grande deleite.

O versículo 17 pinta um quadro incrível de um povo que vive em segurança, prosperando em comunidade de forma íntima e amorosa, em alegria uns com os outros.

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