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Significado de 1 Tessalonicenses 4:9-12

Paulo exorta os crentes a crescerem em seu amor, a se santificar, a produzir seu próprio sustento e a trabalhar duro em seus empregos, ao invés de se tornarem fardos para os outros.

Paulo descreve o que é a santificação (ser separado, ou santo). A principal vontade de Deus para nós é sermos santificados, separados para o propósito especial para o qual Ele nos designou, ou seja, servir aos outros e viver como líderes-servos (1 Tessalonicenses 4:3). De acordo com o apóstolo, o primeiro aspecto da vontade de Deus para nós ao sermos santificados é mantermos a pureza sexual. Somos chamados a servir uns aos outros, não a explorar uns aos outros.

A imoralidade sexual é alicerçada na prática da exploração. Paulo traça um contraste entre o que os crentes deveriam fazer com as práticas pagãs comuns aos gregos. Os crentes deveriam controlar seus corpos com honra, diferente dos gregos, que seguiam a suas paixões lascivas. Os crentes deviam viver uma vida separada (santificada), não uma vida de impureza. Se eles rejeitassem ao mandamento de serem sexualmente puros, eles estariam rejeitando a obediência a Deus e ao Seu Espírito que habitava dentro deles. Desta forma, eles estariam seguindo ao mundo. Isso significava que, em vez de receberem as grandes recompensas prometidas por Deus, eles receberiam as recompensas vazias e corruptas do mundo. O mundo promete a alegria mas sempre entrega a miséria.

Este é um princípio fundamental lançado por Paulo. Era algo especialmente radical aos tessalonicenses gregos e romanos reconfigurar suas mentes a este respeito, já que a cultura da época incentivava a promiscuidade sexual e, em alguns lugares, a prostituição. O fato de a prostituição no templo fazer parte do culto pagão mostrava que o paganismo considerava o que Deus chamava de imoralidade sexual como uma forma de adoração santa. É difícil imaginar duas posições mais opostas. O paganismo grego justificava a exploração sexual como um ato de adoração, enquanto o Cristianismo afirmava que era a principal das coisas a se evitar caso alguém desejasse ser santo.

Paulo continua sua lição sobre a pureza sexual, reforçando a importância do amor entre os tessalonicenses: Ora, quanto ao amor dos irmãos, não precisais que ninguém vos escreva, pois vós mesmos sois ensinados por Deus a amarem-se uns aos outros, pois de fato o praticais em relação a todos os irmãos que estão em toda a Macedônia.

Ele os elogia várias vezes pela maneira amorosa com que se tratavam uns aos outros e os exorta a aumentar seu amor uns pelos outros e por todas as pessoas (1 Tessalonicenses 1:3, 3:6, 3:12). O amor contraria à cultura exploradora, já que está focado em servir aos interesses uns dos outros, em vez de satisfazer aos apetites pessoais à custa das pessoas. Paulo repete a necessidade do amor aqui para consolidar a lição de que isso os impediria de retornar ao seu antigo modo de vida. O apóstolo faz isso como forma de encorajá-los, afirmando ser Deus quem os havia instruído a amarem-se uns aos outros.

Deus ensinou o amor uns aos outros no Antigo Testamento. Levítico 19:18 e labora sobre a lei de que cada israelita deveria amar uns outros como a si mesmos. Os tessalonicenses não tinham necessidade de que ninguém lhes ordenasse isso, eles já sabiam deste princípio, pois ele estava registrado nas Escrituras. Jesus citou este mandamento de Levítico 19 dizendo que este era o segundo maior mandamento (Mateus 22:39). Jesus foi mais longe e deu um novo mandamento, ordenando um amor ainda maior do que o de Levítico 19. Jesus ordenou a Seus seguidores que se amassem uns aos outros como Ele os amava. Jesus nos amou dando Sua vida por nós (João 13:34). Os tessalonicenses haviam entendido este princípio e praticavam esse estilo de amor para com todos os irmãos que estavam na Macedônia.

Aparentemente, eles interagiam com outros crentes por toda a Macedônia (norte da Grécia, onde Tessalônica estava localizada). A prática desse amor aos irmãos (crentes) era algo evidente. Seu exemplo honrava a Deus diante de todos. Isso ecoava o que Jesus havia dito a Seus discípulos: o mundo veria que eles eram Seus seguidores pelo amor que demonstrassem uns aos outros (João 13:35). Desta forma, Paulo enfatiza: Mas nós os exortamos, irmãos, a abundarem ainda mais no amor. Esta é a segunda exortação do apóstolo de que eles deveriam aumentar o amor uns pelos outros. Amar ao próximo como a nós mesmos deve ser uma prática contínua. Amar a nossos irmãos como Jesus nos amou é algo que deve continuar a aumentar. Esse tipo de amor é sobrenatural e requer que andemos em Espírito todos os dias.

É perigoso pensar que quando começarmos a viver em santificação, andando em obediência a Cristo, continuaremos vivendo assim automaticamente. Devemos manter nossos olhos em Deus, que nos ensina a amar, e em Cristo, que nos mostrou o exemplo perfeito de como servir uns aos outros. Porém, se não continuarmos a aumentar nosso amor pelas pessoas, a tendência é que ele comece a diminuir.

Paulo, então, destrincha a segunda e a terceira formas de se santificar: ser um bom trabalhador e julgar apenas a nós mesmos, não aos outros.

Ele dá outra instrução aos tessalonicenses: E procureis viver sossegados, tratar dos vossos negócios e trabalhar com as vossas mãos. Trabalhar para ganhar a vida faz parte da nossa santificação; devemos trabalhar como para o Senhor, como se Ele fosse nosso patrão (porque Ele é). Não há como amar e servir ao próximo sendo um fardo econômico quando temos a capacidade de ganhar nosso próprio pão. Na carta seguinte, Paulo é ainda mais explícito sobre esse tema. Ele diz:

"Porque, mesmo quando estávamos convosco, costumávamos dar esta ordem: se alguém não está disposto a trabalhar, também não deve comer. Pois ouvimos que alguns entre vós estão levando uma vida indisciplinada, não fazendo nenhum trabalho, mas agindo como desocupados" (2 Tessalonicenses 3:10-11).

Parecia haver alguns crentes tessalonicenses que estavam se folgando às custas de outros, talvez se aproveitando da generosidade dos irmãos. Os tessalonicenses viviam em grande expectativa do retorno de Jesus à terra. Talvez cressem tanto nisso que não mais consideravam o trabalho como algo relevante. Por terem uma percepção do retorno iminente de Cristo, Paulo os lembra que ele mesmo lhes havia dado o exemplo de trabalhar com suas próprias mãos, pois ele "não seria um fardo para ninguém" (2 Tessalonicenses 3:8b).

Pessoas ociosas tendem a criar problemas. Devemos ser laboriosos e não provocar conflitos desnecessários, mas levar uma vida tranquila. Paulo causou muitos problemas devido à pregação do Evangelho e por decidir viver a verdade. Esses problemas ocorriam porque certas pessoas se opunham ao seu ensino de como ter uma vida santificada. Paulo certamente não pretende evitar esse tipo de problema aqui. Ele havia ensinado os tessalonicenses a esperar a perseguição (1 Tessalonicenses 2:13-14). O ensino claro da Bíblia é confrontar alguém apenas no que for apropriado (Romanos 12:18). A criação de tumultos como meios de manipulação ou exploração jamais seria algo apropriado. Paulo criava polêmica porque falava a verdade, seguindo o exemplo de Jesus. Ele não criava divisão para ganhar vantagem sobre ninguém.

Ser trabalhador era um grande testemunho para os não crentes, a quem Paulo chama aqui de forasteiros. Paulo orienta os tessalonicenses a trabalharem com suas mãosassim como lhes ordenamos, para que vos comporteis adequadamente em relação aos forasteiros e não tenham nenhuma necessidade. Não ter nenhuma necessidade é seria um bom testemunho para as pessoas de fora, provavelmente porque os irmãos estariam contribuindo para a comunidade, em vez de extrair recursos dela. Trabalhar e servir aos outros pelo trabalho é definido por Paulo como comportar-se adequadamente em relação aos estrangeiros. Ter um bom desempenho profissional no trabalho e servir aos outros com nosso trabalho é uma expressão da nossa santificação, ou seja, nossa separação para o serviço especial de Deus.

Ser trabalhador significava ser santificado. Quem é santificado não precisa buscar alguém para o servir. A pessoa, ao contrário, buscará oportunidades para servir ao próximo, tanto aos crentes quanto aos de fora.

Pessoas "religiosas" e exploradoras serão julgadas pela forma como se desviam de suas responsabilidades. Elas passam a ser identificadas como más testemunhas. Paulo diz o seguinte sobre as pessoas que falavam e agiam de forma religiosa, vivendo como hipócritas:

"Pois 'O NOME DE DEUS É BLASFEMADO ENTRE OS GENTIOS POR CAUSA DE VÓS', assim como está escrito” (Romanos 2:24).

Paulo não desejava que os irmãos em Tessalônica julgassem as pessoas. Ele não desejava que eles dissessem uma coisa e fizessem outra. Ele também não desejava que eles vivessem para a aprovação dos homens. Ele desejava que eles deixassem Deus julgar as pessoas, enquanto se concentravam em viver uma vida santa. Assim como Israel havia sido chamado a ser uma nação sacerdotal, como crentes, eles haviam sido chamados a ser bons testemunhos aos que estavam fora da fé cristã.

Paulo acrescenta um ponto de exclamação quanto a isso em 2 Tessalonicenses. Ele diz o seguinte aos que se aproveitavam de outros crentes:

"Agora, a essas pessoas, ordenamos e exortamos no Senhor Jesus Cristo a trabalhar de maneira tranquila e comer seu próprio pão" (2 Tessalonicenses 3:12).

Este é um princípio excelente. Quando permitimos que as pessoas sejam indolentes, somos cúmplices de um estilo de vida autodestrutivo. Não apenas no trabalho da igreja, mas no trabalho do dia-a-dia. A vida é um todo. O Evangelho acontece 24 horas por dia, sete dias por semana. Alguns dos tessalonicenses aparentemente haviam aprendido uma lição errada a respeito de esperar ansiosamente pelo retorno de Cristo. Eles estavam usando a expectativa da segunda vinda de Jesus como desculpa para não trabalhar, tornando-se um fardo para o restante da comunidade.

Paulo identifica a decisão de esperar ser suprido por outras pessoas como "indisciplina" (2 Tessalonicenses 3:7). A indisciplina gera o caos, dando tempo de sobra para as pessoas se meterem em confusões. Como não cuidam de seus próprios negócios, essas pessoas se metem nos negócios de todos. A exortação de Paulo aqui é para que os tessalonicenses trabalhassem ou buscassem um emprego, levando uma vida tranquila, cuidando de seus próprios negócios e trabalhando com suas próprias mãos. Viver uma vida tranquila e trabalhar com as próprias mãos nos ajuda a nos comportar adequadamente em relação às pessoas de fora.

Ganhe seu salário. Sirva em vez de ser servido. Seja um contribuinte, não um fardo. Isso nos remete às admoestações feita por Paulo aos Gálatas:

  • "Carregai os fardos uns dos outros e, assim, cumpri a lei de Cristo" (Gálatas 6:2).
  • "Porque cada um deverá levar a sua própria carga" (Gálatas 6:5).

Devemos servir aos outros, assumindo a responsabilidade de ajudá-los, enquanto carregamos nossas próprias responsabilidades. Não devemos esperar que outras pessoas as assumam. O oposto desta abordagem é a exploração da generosidade dos outros, exigindo que nos amem. Tal atitude usa os mandamentos de Deus da mesma forma que as crianças partilham as coisas. Em vez de compartilhar, as crianças tendem a exigir que as outras compartilhem o que possuem com elas. Este não é o caminho de Cristo. Cristo deixou de lado Seu privilégio e conforto para nos servir (Filipenses 2:5-10).

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