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Significado de Atos 5:1-6
A passagem começa contrastando com a passagem anterior registrada no final de 4, onde a igreja estava em unidade com Deus e uns com os outros. Aqui, Lucas relata sobre um marido e sua esposa, Ananias e Safira, que tentam fraudar a igreja (e o próprio Espírito Santo). Eles são o exemplo contrário ao de Barnabé, que generosamente havia vendido suas terras e dado seu dinheiro aos necessitados da igreja:
"Ora, José, um levita de nascimento cipriano, que também era chamado de Barnabé pelos apóstolos (que traduzido significa filho da exortação), e que possuía um pedaço de terra, vendeu-o, trouxe o dinheiro e colocou-o aos pés dos apóstolos" (Atos 4:36-37).
Não havia uma ordem na igreja de que todos devessem abrir mão de seus bens. A igreja primitiva fazia isso voluntariamente. Lucas nos dá o exemplo de Barnabé, que havia vendido sua terra e depositado o valor aos apóstolos. Porém, um homem chamado Ananias, com sua mulher Safira, também vendeu uma propriedade. A diferença entre esse homem e Barnabé era que Ananias guarda parte do preço para si, com o pleno conhecimento de sua esposa, trazendo apenas uma parte dele e colocando-a aos pés dos apóstolos.
A linguagem é a mesma do que havia ocorrido com Barnabé: ambos venderam suas terras, trouxeram o dinheiro e o colocaram aos pés dos apóstolos. No entanto, Barnabé deu todos os seus ganhos aos apóstolos. Ananias trouxe apenas uma parte de sua venda, mas afirmou ser o preço cheio. Ele fez isso com o pleno conhecimento de sua esposa, o que significava que eles haviam inventado aquela mentira juntos, enquanto secretamente mantiveram parte do preço. Novamente, não havia nenhuma ordem dos apóstolos para que todos os membros da igreja vendessem seus bens e trouxessem os lucros. Em cada um dos casos nos quais Lucas registra uma caridade, os crentes o faziam por vontade própria (Atos 2:44-45, Atos 4:34-37). Não existe generosidade coagida e Deus ama ao doador alegre (2 Coríntios 9:7).
Pedro vê a mentira imediatamente. Parece que o Espírito Santo lhe revelou a verdade. Depois de Ananias trazer uma parte de sua venda e a colocar aos pés dos apóstolos, Pedro o confronta imediatamente, perguntando: Por que Satanás encheu teu coração para mentirdes ao Espírito Santo e reterdes parte do preço da terra? Antes de ser vendido, não era teu? E depois de vendido, não estava sob teu controle? Por que concebeste esse ato em teu coração? Não mentistes aos homens, mas a Deus.
Pedro ressalta que não havia motivo para Ananias mentir. A igreja não o havia obrigado a vender suas terras. Quando a terra ainda pertencia a Ananias, antes da venda, ela era posse de Ananias e ele podia fazer com ela o que quisesse. Nem Deus nem a igreja exigiam que ele a vendesse. Era sua propriedade. Mesmo depois de vendida, Pedro pergunta retoricamente se não estava sob seu controle? Ananias poderia ter feito o que quisesse com o preço de venda. Ele poderia tê-lo guardado para si, poderia tê-lo dado ao templo, poderia tê-lo usado para comprar outro imóvel. Ele poderia ter dado parte e mantido outra parte.
Em vez disso, ele concebe uma ação em seu coração para enganar aos apóstolos, com o conhecimento de sua esposa Safira. Com base na passagem anterior, parece que a motivação do marido e da mulher era a de parecerem mais generosos do que eram. Eles haviam acabado de ver seu companheiro crente, José, vender suas terras e dar todos o dinheiro aos anciãos da igreja. Este é o homem a quem os apóstolos dão um nome especial, Barnabé, filho da exortação. Ananias e Safira, aparentemente, perceberam o favor que tal atitude rendeu a Barnabé (embora ele o tivesse feito por orientação do Espírito Santo, por amor aos necessitados da igreja, como muitos outros crentes ricos estavam fazendo). Parece que Ananias e Safira foram motivados pelo orgulho, pelo desejo de que outras pessoas pensassem bem deles, ao mesmo tempo em que foram levados pelo desejo de ficar com uma certa porcentagem do dinheiro.
Seu pecado não foi ter retido uma parte do valor, mas ter mentido sobre dar o valor total para ficar bem diante dos apóstolos e dos outros crentes.
Pedro atribui essa ideia a Satanás, que havia enchido o coração de Ananias para mentir ao Espírito Santo e reter parte do preço da terra. É por isso que Ananias recebe um julgamento repentino de Deus, porque, como Pedro lhe diz, não mentistes aos homens, mas a Deus.
Ao ouvir essas palavras, Ananias caiu e deu seu último suspiro. Deus o matou. Foi um momento chocante que se destaca do resto do Novo Testamento. O resultado da morte abrupta de Ananias é que um grande temor tomou conta de todos que ouviram falar dele. Os crentes que souberam do que havia acontecido ficaram com medo. Eles receberam uma advertência clara de Deus para não mentir para Ele mentindo para a igreja. O verdadeiro inimigo de Deus e de Sua igreja é Satanás. A igreja era jovem, estava crescendo e já estava sob o cerco dos fariseus e saduceus (Atos 4:18-21). Ela estava sendo atacada de fora, sem nenhum efeito até aquele momento. Então, Satanás procura feri-los por dentro. Parece haver uma lição aqui de que o egoísmo pode poluir e colocar em risco mortal a eficácia da igreja.
Talvez a severa disciplina de Deus sobre Ananias e Safira tenha sido necessária para preservar a igreja e sua eficácia em seu momento de fundação. Há um paralelo entre Ananias e Acã, que havia desobedecido a uma ordem de Deus quando Israel entrou na Terra Prometida (Josué 7:10-26). Quando Deus inicia uma nova obra, Ele parece enviar lições disciplinares claras e rápidas ao povo, a fim de ensiná-lo Seus caminhos (Hebreus 12:5). Na medida em que o tempo passa, Deus parece permitir um espaço maior para a fé, dando um tempo maior antes que Sua ira se derrame sobre o pecado. Conforme Paulo afirma, a ira de Deus sobre o pecado é muitas vezes permitir que as consequências naturais do pecado forneçam um ciclo de feedback negativo (Romanos 1:18, 22, 24, 26).
Aqui vemos Deus acabar com essa corrupção interna de forma rápida e severa, para que um grande temor viesse sobre todos os que soubessem do que havia acontecido. Deus nos julgará por todas as nossas ações eventualmente (2 Coríntios 5:10); porém, às vezes, Seu julgamento vem ainda nesta vida. Pode vir através das consequências naturais do nosso pecado. Neste caso em Atos, o julgamento veio por Sua intervenção, visando afastar outros crentes de tal pecado. Os fariseus já eram conhecidos por darem apenas o que sobrava de suas riquezas (Mateus 23:23) e os saduceus haviam transformado o templo em um mercado de lucros (Mateus 21:13). Os líderes religiosos estavam longe da vontade de Deus devido a diversas razões, uma das quais era seu mundanismo e ganância. No caso de Ananias e Safira, Deus envia uma mensagem clara ao corpo de crentes que seguiam a Seu Messias: não caiam nesse pecado destrutivo - mentir motivado pela ganância e pela vontade de agradar ao homem.
Os jovens que foram testemunhas daquele incidente se levantaram e cobriram Ananias e, depois de o levarem, o enterraram. A esposa de Ananias não estava com ele e neste momento não sabia o destino do marido.