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Significado de Atos 7:35-43

Moisés, que havia sido rejeitado por seu povo, retorna ao Egito como libertador. Ele realiza maravilhas e sinais e mostra o poder de Deus no Egito, no Mar Vermelho e no deserto. Ele profetiza que Deus enviaria um segundo profeta como ele, Jesus. Moisés recebe a Lei de Deus no Monte Sinai, enquanto os hebreus faziam um bezerro de ouro para adorar no acampamento. Este era o padrão de Israel. Deus lhes enviou um salvador, eles rejeitaram ao salvador e adoraram a falsos deuses.

Estêvão está sendo julgado perante o Sinédrio, o Conselho de 70 fariseus e saduceus e o Sumo Sacerdote. A acusação contra Estêvão é que ele era inimigo do templo e da Lei de Moisés. Porém, Estêvão aproveita a oportunidade, guiado pelo Espírito, para confrontar àqueles líderes religiosos. Ele dá um sermão que resume partes relevantes do Antigo Testamento, respondendo às acusações contra ele sobre o templo e Moisés.

O propósito de Estêvão ao fazer referência a esses heróis e antepassados de Israel era mostrar como os israelitas repetidamente haviam rejeitado àqueles a quem Deus enviava para liderá-los e libertá-los. Ele lembra ao Concílio: Esse Moisés a quem os israelitas renegaram, dizendo: 'Quem te fez governante e juiz?', este homem que eles enviaram para o exílio por não confiar nele, era aquele a quem Deus havia enviado para ser, ao mesmo tempo, governante e libertador, com a ajuda do anjo que lhe apareceu na sarça ardente.

Moisés foi renegado em certo sentido, os israelitas rejeitaram sua ajuda e insinuaram que ele pretendia matá-los (v. 27-28). Porém, o plano de Deus para salvar Israel viria através daquele homem rejeitado por seu povo. Moisés foge do Egito, onde os israelitas eram escravos, e vive "como um estrangeiro" (v. 29) na terra de Midiã por quarenta anos. Deus envia Moisés de volta aos israelitas que o haviam renegado para ser seu governante (líder) e seu libertador. Apesar da rejeição de Israel a Moisés, Deus continuava a amá-los. Eles eram Seus eleitos. Eles eram Seus filhos, mesmo quando escravizados na terra do Egito. Assim, Deus chama Moisés para voltar e redimir a Israel da escravidão. A tese de Estêvão é clara: aquele que havia sido rejeitado por Israel torna-se o salvador de Israel.

Estêvão lembra ao Sinédrio de que Deus falou com a ajuda do anjo que apareceu a Moisés na sarça ardente, talvez para chamar sua atenção para a maneira maravilhosa e sobrenatural como Deus estava se fazendo conhecido. Sua intervenção e revelação foram acompanhadas de sinais e espetáculos maravilhosos que não ocorrem na vida normal.

Moisés não meramente sentiu-se guiado por Deus em seu coração, ele viu o anjo na sarça ardente que não se queimava, ele ouviu a voz audível de Deus. Coisas reais e incríveis acontecem sempre que Deus fala com libertadores a serem enviados. Estêvão havia realizado maravilhas para Deus, os apóstolos haviam realizado maravilhas, Jesus realizou maravilhas. Porém, o Concílio continuava a rejeitá-Lo, tal como haviam feito seus pais.

Estêvão destaca que Moisés os levou para fora, ele libertou aos israelitas da escravidão (pelo poder de Deus, mas como um emissário enviado por Deus) e, durante todo aquele processo, Moisés realizou maravilhas e sinais na terra do Egito e no Mar Vermelho e no deserto por quarenta anos. As maravilhas e sinais que Deus realizou através de Moisés provavelmente eram eventos bastante conhecidos do Concílio enquanto ouviam a Estêvão. Eles eram mestres e sacerdotes da Lei; eles conheciam as coisas aparentemente impossíveis que Deus havia feito através de Moisés. Desde seu primeiro confronto com o Faraó, onde ele transformou seu cajado em uma serpente e vice-versa (Êxodo 4:3-4), até as dez pragas do Egito, que persuadiram o Faraó a libertar os israelitas (Êxodo 7-11). A partir daí, Moisés partiu o Mar Vermelho para a passagem segura de Israel (Êxodo 14:1-31), tirou água de uma rocha (Êxodo 17:1-7), impediu que uma praga destruísse aos israelitas (Números 16:44-50), fez uma serpente de bronze para o povo de Israel olhar para que eles pudessem ser curados das picadas de cobras venenosas (Números 21:5-9). Ele fez muitas outras coisas milagrosas e sobrenaturais.

Assim como Jesus. A maioria dos milagres de Jesus foram de cura (João 4:46-50, Marcos 1:30-34, Mateus 8:14-17, Lucas 7:1-10, Marcos 5:25-34, Lucas 8:43-48, João 5:1-9, Mateus 12:10-13, Marcos 2:23-28, Lucas 6:1-5, Mateus 14:14, Marcos 7:   31-35      ,  Lucas 14:1-4, Lucas 17:11-19, Lucas 18:35-43 e muito mais). Ele restaurou a visão aos cegos, curou a lepra, fez andar aos paralíticos. Ele expulsou demônios (Marcos 1:23-26, Mateus 17:14-18). Ele alimentou Seu povo (Mateus 14:15-21) e deu-lhes bebida (João 2:1-11). É claro que Jesus realizou muitos outros sinais e maravilhas durante Seu ministério. O Sinédrio certamente havia ouvido falar de alguns deles, mas eles certamente foram testemunhas de várias curas. Pouco antes da crucificação de Jesus, Ele ressuscitou a seu amigo morto Lázaro (João 11:38-44). A notícia disso se espalhou por toda Jerusalém e os fariseus, sem dúvida, ouviram falar dela.

Aqui, em defesa de Estêvão, o Sinédrio poderia ter feito uma conexão entre Moisés, que havia realizado maravilhas e sinais, e Jesus, que também havia realizado maravilhas e sinais. Até Estêvão havia realizado maravilhas e sinais pouco antes de sua prisão (Atos 6:8). Assentado ali em julgamento, Estêvão é marcado por um sinal visível de que Deus aprovava a Seu servo. Assim como o rosto de Moisés brilhou após falar com Deus, tanto que teve que colocar um véu sobre a face para não cegar ao povo (Êxodo 34:29-35), enquanto Estêvão pregava no Sinédrio, seu rosto começa a brilhar, como se fosse um anjo (Atos 6:15). O Concílio poderia ter visto as semelhanças entre os homens anteriormente enviados por Deus e os homens enviados por Deus em seus dias atuais, porém eles claramente suprimiram à sua própria razão, ao invés de enfrentar a verdade óbvia. Logo a seguir eles tapariam os ouvidos para não mais ouvir ao que Estêvão tinha a dizer (Atos 7:57).

Eles não queriam ver. Estêvão faz uma conexão direta entre Moisés e Jesus Cristo: Este é o Moisés que disse aos filhos de Israel: 'Deus levantará para vós um profeta como eu de seus irmãos'. Ele estava citando Deuteronômio 18:18, onde Moisés profetizou: "O Messias será um segundo Moisés". Jesus era esse segundo Moisés.

O contexto dessa profecia é que os israelitas estavam reunidos no Monte Sinai e Deus falava diretamente a eles em uma exibição aterrorizante: fumaça saía da montanha, trovões explodiam, relâmpagos piscavam e uma trombeta soava. O povo disse a Moisés: "Não voltemos a ouvir a voz do Senhor nosso Deus, não vejamos mais este grande fogo, ou morreremos". (Deuteronômio 18:16). A presença e a apresentação de Deus os assustaram até a morte. E Deus aprovou seu medo, dizendo: "Eles falaram bem. Levantarei um profeta entre os seus conterrâneos como tu [Moisés], e porei as minhas palavras na sua boca, e ele lhes falará tudo o que eu lhe ordenar" (Deuteronômio 18:17-18).

Esta era uma promessa messiânica. Moisés foi enviado como salvador a Israel, assim como seria o profeta prometido, Jesus, a quem Israel havia rejeitado, da mesma forma que rejeitaram a Moisés. Estêvão continua a destacar os caminhos pelos quais Moisés foi enviado por Deus e como Israel o desprezou, como o povo continuamente se afastou de Deus. Moisés era aquele que estava na congregação no deserto junto com o anjo que falava com ele no Monte Sinai. Foi Moisés quem subiu ao Monte Sinai para falar com Deus, porque os israelitas tinham medo da voz de Deus. Moisés estava com nossos pais, e recebeu oráculos vivos para passar a vós. Moisés falou com Deus face a face (Êxodo 33:11), ouviu do anjo (mensageiro celestial de Deus), recebeu oráculos vivos, a Lei de Deus, para transmitir ao povo judeu. Tudo veio diretamente de Deus através de Seu escolhido, Moisés. A acusação contra Estêvão era a de que ele "fala incessantemente contra este lugar santo e a Lei; porque o ouvimos dizer que este Nazareno, Jesus, destruirá este lugar e alterará os costumes que Moisés nos transmitiu" (Atos 6:13-14).

Assim, Estêvão ensina ao Sinédrio a história de Moisés e de onde havia vindo a Lei/costumes de Moisés. A mentira deles era que Estêvão não cria na Lei e procurava destruí-la. Sua resposta é: "Eu realmente acredito na Lei. A Lei são os oráculos vivos que nos foram dados, aos quais nossos pais não obedeceram, mas rejeitaram. O padrão em nossa nação é que temos a Lei, mas não a seguimos." O primeiro Moisés recebeu a Lei Mosaica, que foi rejeitada. O segundo Moisés, Jesus, veio cumprir essa Lei, e foi rejeitado (Mateus 5:17).

Ainda que Deus continuasse a ser fiel, eles continuavam a ser infiéis.

Embora Moisés tenha dado a Lei de Deus ao povo, nossos pais não estavam dispostos a ser obedientes a ele, mas o repudiaram e em seus corações voltaram para o Egito.

Os israelitas não queriam seguir a Deus. Ele se lembravam dos caminhos do Egito que haviam conhecido durante sua escravidão, uma cultura que prosperava através da exploração e do sacrifício a ídolos. Assim, enquanto Moisés estava no Monte Sinai ouvindo ao Deus vivo, os israelitas disseram a Arão, irmão de Moisés: 'Fazei para nós deuses que nos precederão, pois este Moisés que nos levou para fora da terra do Egito - não sabemos o que aconteceu com ele'. Eles ficaram impacientes esperando Moisés descer a montanha e imediatamente voltaram ao paganismo que haviam observado enquanto viviam no Egito.

Apesar de tudo o que eles haviam testemunhado até aquele ponto - as dez pragas, a passagem pelo Mar Vermelho, a destruição do exército do Faraó, a presença de Deus guiando-os pelo deserto, a voz de Deus falando com eles do monte em meio a fumaça e relâmpagos - os israelitas ignoraram todas essas maravilhas e sinais incríveis e escolheram criar um bezerro de ouro. Eles queriam um ídolo ao qual pudessem controlar, então trouxeram um sacrifício ao ídolo e se alegraram com as obras de suas mãos. Eles tinham medo do Deus vivo, que lhes falava do Monte Sinai, algo claramente muito real, o Deus que os havia libertado do cativeiro. Eles O rejeitaram e escolheram adorar a algo que haviam feito com suas próprias mãos. Em última análise, a adoração ao ídolo era a adoração de si mesmos, porque o ídolo havia sido feito de materiais terrenos, com o propósito de justificar seus desejos pecaminosos.

Com Moisés ausente, os israelitas acreditaram estar fora de escrutínio, fora de responsabilidade. Como as crianças quando os pais saem da sala, ou os adolescentes quando os pais saem para o fim de semana, o impulso pecaminoso natural é: "Como posso me safar agora que a figura da autoridade se foi?" É da natureza humana. Depois de fazer um ídolo com as próprias mãos, eles se alegraram e traziam sacrifícios a ele. Este é o ponto final do paganismo: os ídolos são deuses aos quais podemos controlar. São deuses que nos dão justificativa moral para fazermos o que quisermos. Quando Deus, ou o escolhido de Deus (Moisés), não atendeu à expectativa dos israelitas, eles inventaram um deus que o faria. Dali em diante, isso se tornaria um padrão, culminando na condenação de Estêvão aos líderes de Israel: eles eram parte do padrão repetido ao longo da história do povo de Deus.

Estêvão cita o profeta Amós: Mas Deus se afastou e entregou Israel para servir aos exércitos do céu, como está escrito no livro dos profetas: "Não foi a Mim que oferecestes vítimas e sacrifícios quarenta anos no deserto, foi, ó casa de Israel?" Israel, às vezes, sacrificava e fazia ofertas de grãos a Deus durante seu exílio de quarenta anos no deserto. Porém, eles também serviam a outros deuses, ídolos: Tu também levaste junto o tabernáculo de Moloque e a estrela do deus Renfã, as imagens que fizeste para adorar. Eu também te removerei além da Babilônia' (Amós 5:25-27). Isso mostrava que eles não serviam a Deus, mas buscavam um deus que os servisse.

Moloque era uma divindade pagã a quem crianças eram sacrificadas, visando garantir resultados desejados (Jeremias 32:35). Era uma religião muito detestável. Apesar da aliança de Deus com Israel, de que Ele seria o Deus deles e eles seriam Seu povo, eles mantinham tabernáculos alternativos (casas, templos) para outros deuses, na esperança de conseguir o que queriam. De fato, havia santuários permitidos criados pelo próprio rei Salomão a Moloque e ao falso deus Quemosh (1 Reis 11:7). Essa história de idolatria entre os israelitas começou com o bezerro de ouro. Havia uma luta constante em Israel por servir a outros deuses, como Baal, Moloque e Aserá (Números 25:1-2, Juízes 2:11-12, Juízes 3:7, 1 Reis 15:13).

Para esses e outros deuses, os israelitas fizeram imagens, estátuas de madeira, pedra ou materiais preciosos (como o bezerro de ouro). Os ídolos foram feitos para que Israel pudesse adorá-los. Israel rejeitou a Deus. Assim, Ele promete removê-los da Terra Prometida, o que acontece quando a Babilônia conquista Jerusalém e leva os israelitas de seu país para um cativeiro de 70 anos.

Agora, Estêvão traz seus ouvintes para o tempo do exílio babilônico. O povo havia rejeitado a Deus e sofreu as consequências por isso ao ser exilado da terra, assim como Deus lhes disse que aconteceria em Sua aliança: a obediência resultaria em bênçãos, a desobediência resultaria em castigo (Deuteronômio 28:1-2, 15).

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