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Significado de Daniel 10:10-14

O anjo reanima a Daniel e diz que havia vindo para entregar a ele uma mensagem de Deus em resposta às suas orações. Um demônio havia, por três semanas, impedido o anjo de chegar a Daniel. A mensagem do anjo era sobre Israel e sobre o futuro.

Depois cair no chão e desmaiar, Daniel foi reanimado. Ele escreve: “Eis que uma mão me tocou e fez-me levantar até ficar sobre os meus joelhos e sobre as palmas das minhas mãos”. O visitante o levantou e o colocou sobre suas mãos e joelhos. Ele fala novamente com Daniel, tentando confortá-lo e reanimá-lo: “Daniel, homem muito amado, entende as palavras que vou te dizer e levanta-te em pé, pois a ti sou enviado”. O homem se identifica como um mensageiro enviado a Daniel, dizendo-lhe que ele era tido em alta estima. O anjo parece não querer se dirigir ao homem de alta estima enquanto ele estivesse prostrado ou ajoelhado. Ele desejava que o homem honrado estivesse de pé e encarasse o anjo olho no olho. Isso deixa claro que Daniel estava sendo honrado pela presença do anjo. A essa altura, Daniel só sentia pavor. O anjo tenta persuadi-lo a se levantar em seus dois pés para conversar com ele em pé de igualdade.

Com essas palavras de encorajamento, Daniel se levanta, embora ainda tremendo. Podemos imaginá-lo de pé, mas tremendo dos pés à cabeça. O mensageiro continua: “Não tenha medo, Daniel”. Ele explica que desde o primeiro dia em que Daniel colocou seu coração para entender e humilhar-se diante de Deus suas palavras foram ouvidas.  Este mensageiro celestial, um anjo, veio em resposta às orações de Daniel. Evidentemente, Daniel estava orando para buscar entendimento durante seu período de jejum e luto de três semanas (v. 2,3). No final do capítulo 8, Daniel afirmara:

"Eu, Daniel, desmaiei e fiquei doente por alguns dias; depois, me levantei e tratei dos negócios do rei. Eu estava espantado da visão, porém não havia quem a entendesse" (Daniel 8:27).

É provável que Daniel estivesse orando para alcançar compreensão das visões que ele tinha tido anteriormente, porque ninguém as entendia.

Assim como no capítulo 9, as palavras de Daniel foram ouvidas e Deus imediatamente enviou uma resposta (Daniel 9:23). Lá, o mensageiro de Deus chega com a resposta antes mesmo de Daniel ter terminado sua oração. No entanto, aqui no capítulo 10, Daniel observa que já estava de luto e jejum havia três semanas. Podemos presumir  que Daniel também tenha orado, já que o anjo disse que ele “foi ouvido”.

O anjo aborda o tema da demora da resposta. Deus havia enviado o anjo imediatamente para falar com Daniel, assim que Daniel decidiu colocar seu coração para entender, entrando em um período de três semanas de jejum e oração. Porém, algo atrasou sua chegada por um tempo. Esta é uma passagem curiosa e rara que nos dá um vislumbre das guerras espirituais travadas no mundo invisível. O anjo diz a Daniel  que o príncipe do reino da Pérsia o havia resistido “por vinte e um dias”, a duração do luto de Daniel. O luto de Daniel estava diretamente relacionado ao seu arrependimento e tristeza pela infidelidade de Israel (Daniel 9:1-19).

O mensageiro foi impedido de chegar a Daniel por três semanas por causa da resistência do príncipe da Pérsia. É claro que esta era uma força espiritual, já que lutou com o anjo enviado para dar a Daniel compreensão. Também fica claro que esta entidade espiritual tinha grande poder, já que é chamada de “príncipe”. Curiosamente, ele é chamado de “príncipe da Pérsia”. Como vimos em 10:1, Ciro era o rei da Pérsia naquele momento. No entanto, havia um “príncipe” espiritual que também parecia ter autoridade sobre a Pérsia. A Pérsia era o império humano mais poderoso da época. Sabemos que esse príncipe tinha poder e que ele se opunha à vontade de Deus porque resistiu à passagem do anjo até Daniel durante as três semanas completas do tempo de luto e jejum do profeta.

Parece provável, uma vez que esse poder espiritual se opunha à vontade de Deus e ao mensageiro de Deus, que fosse um demônio. Demônios são antigos anjos que se rebelaram e continuam a se rebelar contra Deus. A Bíblia fala regularmente de demônios, anjos e Satanás. O apóstolo Paulo nos diz que a guerra em que os crentes estão envolvidos não é contra pessoas, mas contra os poderes espirituais malignos: "Porque a nossa luta não é contra a carne e o sangue, mas contra os principados, contra as potestades, contra as forças deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais da maldade nos lugares celestiais" (Efésios 6:12). O próprio Jesus identifica Satanás como "o príncipe deste mundo", por ora (João 14:30).

Em outra parte da Bíblia, Paulo explica que a vida pecaminosa é a agenda de Satanás. Nosso estado pecaminoso natural anterior à fé em Cristo caminha "de acordo com o curso deste mundo, de acordo com o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência" (Efésios 2:1-2). Satanás é parte da corrupção do mundo desde o Jardim do Éden. Ele e seus companheiros, os anjos caídos, trabalham sempre contra a vontade de Deus. Eles têm, atualmente, o poder de influenciar líderes e nações e de lutar contra os anjos de Deus. Parece haver uma dimensão espiritual que espelha as subdivisões políticas e impacta os acontecimentos humanos. Em  Apocalipse 2:13, Pérgamo, a capital da província romana da Ásia, é referida como a cidade que continha "o trono de Satanás" (Apocalipse 2:13). Salmos 8 e Hebreus 2 indicam que o desígnio de Deus é fazer com que os humanos substituam Satanás e tenham domínio sobre a terra, silenciando a Satanás, o acusador (Apocalipse 12:10).

Não nos é dito exatamente como o príncipe da Pérsia atrasou ao anjo mensageiro, mas claramente o anjo precisou de ajuda antes de alcançar Daniel com a resposta de Deus. O anjo estava sozinho em sua luta contra os reis da Pérsia; ele havia ficado restrito pelos principais demônios que trabalhavam para influenciar o império persa. Neste momento, Miguel, outro anjo, veio ajudar ao mensageiro. Miguel é conhecido como um dos principais príncipes, um anjo de grande poder e que poderia superar as forças demoníacas que retinham ao mensageiro.

Este mesmo Miguel é mencionado no Livro de Judas, onde repreende a Satanás em nome do Senhor durante a disputa pelo corpo de Moisés (Judas 1:9); ele também aparece no livro de Apocalipse, onde liderará outros anjos na batalha futura para expulsar Satanás (chamado de "o dragão") e seus demônios do Céu para sempre: "E houve guerra no céu; Miguel e seus anjos travaram guerra com o dragão. O dragão e seus anjos travaram guerra contra ele" (Apocalipse 12:7). No versículo 21, o anjo mensageiro chama Miguel de “seu príncipe”, o que indica que Miguel era o príncipe ou capitão do povo judeu. Deus parece ter nomeado um de Seus principais capitães para guardar Seu povo.

A visão revelada parecia ser de grande importância para os poderes celestiais das trevas, já que tentaram impedir que ela chegasse a seu destino. Isso ressalta o valor daquela revelação.

Miguel chega para ajudar — ele libera o anjo mensageiro do poder dos reis da Pérsia. O anjo mensageiro havia sido restringido por ordem dos reis espirituais da Pérsia. A palavra traduzida como “príncipe” é muitas vezes traduzida como "capitão". A imagem parece ser de uma pluralidade de reis demoníacos sobre a Pérsia enviando seus capitães para resistir ao mensageiro; assim, ele fica detido por três semanas, até que Miguel chega e garante sua liberação. Talvez ele os tenha repreendido em nome do Senhor, como fez com Satanás ao disputar o corpo de Moisés.

O mensageiro, então, vem diretamente a Daniel. Ele explica o propósito de sua mensagem: “Agora vim para dar-lhe a compreensão do que acontecerá com seu povo nos últimos dias, pois a visão pertence aos dias ainda futuros”. Esta era uma resposta direta ao coração de Daniel - ele queria obter compreensão, conforme lemos em 10:2. O entendimento ao qual Daniel buscava estava ligado a seu povo, a nação judaica.

Não sabemos se as orações contínuas de Daniel durante os vinte e um dias desempenharam um papel direto no envio de Miguel para liberar o mensageiro. Porém, o mensageiro parece ter sido liberado justamente no momento em que Daniel determinou o fim de seu jejum e luto.

Embora a mensagem pertencesse a Daniel e seu povo, Israel, ela também diz respeito aos “dias ainda futuros”, os últimos dias de Israel. Veremos que todos os eventos descritos no capítulo 11 eram futuros para Daniel; porém, para nós, já são história passada. O capítulo 12 descreve eventos que ainda estão no futuro, tanto para Daniel naquela época quanto para nós agora. Daniel recebeu a compreensão e a certeza do futuro bem-estar de Israel. Podemos ter a mesma certeza porque muitos desses eventos já ocorreram exatamente conforme a palabvra do anjo.

A visão do capítulo 9 termina com o "ungido" (Messias) sendo "cortado" após 69 "semanas" e um príncipe destrói Jerusalém e comete "abominação que causa desolação”. Parece razoável que Daniel estivesse de luto por seu povo e seu futuro aparentemente sombrio. Conforme veremos na visão que se estende do capítulo 10 até o final do livro no capítulo 12, a profecia fala sobre um final onde a justiça prevalece. Daniel ressuscitaria para desempenhar um papel significativo. Talvez fosse este o entendimento ao qual Daniel estivesse buscando, ou seja, como aqueles eventos catastróficos para seu povo pavimentariam o caminho para o cumprimento das grandes promessas de bênção de Deus a Israel. É duvidoso que Daniel tivesse entendido todas as idas e vindas políticas previstas. No entanto, parece certo que Daniel alcançou o entendimento ao qual buscava de que Deus concederia misericórdia a Israel (Daniel 9:19).

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