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Significado de Deuteronômio 12:29-32

Moisés adverte aos israelitas contra se comportarem como os cananeus nativos que queimavam a seus filhos no fogo como sacrifícios a seus deuses.

Moisés abre a próxima seção com uma declaração sobre algo que certamente poderia ocorrer no futuro, conforme indicado pela primeira palavra “Quando”: Quando o Senhor, vosso Deus, cortar diante de vós as nações que estais indo para desapropriar, e as despojardes e habitardes em sua terra. Isso significa que o que Moisés está dizendo sobre Israel iria acontecer.

O SENHOR iria coretar as nações diante dos israelitas. O verbo “cortar”, neste contexto, significa "destruir". O Deus Susserano era Aquele que destruiria os cananeus para abrir espaço para Seus vassalos (Israel). Tal destruição cumpriria o julgamento do SENHOR sobre a iniquidade dessas nações (Deuteronômio 9:4-5). Deus esperou várias gerações, dando oportunidade para que aqueles povos se arrependessem, mas sua iniquidade agora estava completa (Gênesis 15:15-16). Deus adverte Israel que, caso seguissem o mesmo caminho da maldade, Ele os desapossaria também, o que de fato aconteceu eventualmente (Deuteronômio 4:25-26; 1 Crônicas 9:1).

Essas nações às quais o Senhor iria destruir seriam aquelas a quem os israelitas iriam desapropriar, o que significa que eles reivindicariam a terra de Canaã como sua. Uma vez removidos seus inimigos, os israelitas habitariam em sua terra.

Levaria tempo para que a posse ocorresse, o SENHOR havia dito ao povo que eles não conquistariam a terra de uma só vez, mas um pouco de cada vez (Deuteronômio 7:22). Durante o tempo da conquista, eles poderiam ser influenciados a se corromper. Aqui, a ênfase estava em garantir que a influência cananéia não permanecesse, mesmo após o fim da conquista.

Moisés exorta os israelitas a tomar cuidado para que não sejam enredados a segui-los. A palavra para “cuidado” (hebraico "shāmar") significa literalmente "vigiar". Moisés estava exortando o povo a examinar tudo o que fizessem, a fim de não permitir que nenhuma influência pagã se infiltrasse em sua adoração ao SENHOR e no tratamento que eles deveriam dar uns aos outros, ou os prendesse (literalmente, "pegar em armadilha"), ou seja, a quebra do mandamento de amar e servir ao SENHOR, bem como ao próximo como a si mesmos (Levítico 19:18). Havia aspectos dos cultos pagãos que poderiam ser atraentes, mas deveriam ser evitados. Caso o povo seguisse a tais práticas pagãs, ele seria enredado por elas, como um pássaro preso em uma armadilha. O pecado, em última análise, leva à escravidão (Romanos 6:19-20).

Os cananeus, afirma Moisés, deixariam para trás grandes tentações depois de serem destruídos. Presumivelmente, eles deixariam para trás um estilo de vida ao qual os israelitas iriam herdar. Haveria altares, ídolos, etc. Eles também poderiam perpetuar as memórias do que haviam visto e aprendido com os cananeus. Algumas dessas memórias provavelmente tenham sido bastante fortes, como as cerimônias de adoração com relações sexuais (Levítico 18). Assim, o SENHOR dix que eles não deveriam indagar sobre seus deuses, dizendo: 'Como essas nações servem a seus deuses, para que eu também faça o mesmo?' O povo da aliança não deveria perder seu tempo prestando atenção às crenças e práticas pagãs, por qualquer motivo.

As pessoas daquela época (e ainda hoje em muitas culturas orientais) buscavam causas espirituais para efeitos físicos. A maneira normal de pensar então era atribuir eventos físicos a causas espirituais. Isso é comum em toda a Bíblia. Também era comum acreditar que uma divindade em particular dominava uma determinada terra. Isso tem uma base de verdade, como visto no livro de Daniel, onde Miguel, um dos "príncipes" de Deus luta contra um inimigo, um ser espiritual chamado de "príncipe do reino da Pérsia" (Daniel 10:13). O que não era verdadeira era a idéia de que deuses de madeira ou pedra eram reais, ou que os espíritos malignos por trás desses deuses tinham soberania sobre a terra. Essa soberania pertence apenas ao Deus Único e Verdadeiro. O povo, assim, é advertido a não buscar aos deuses daquela terra, procurando obter benefícios transacionais. Isso reflete a admoestação em Provérbios de evitar o mal, nunca dando o primeiro passo em direção a ele (Provérbios 5:8).

Também seria tentador trazer tais práticas e rituais pagãos para o culto ao Senhor. Em vez disso, Moisés diz ao povo que eles não deveriam se comportar assim em relação ao SENHOR, seu Deus, por todo ato abominável que o SENHOR odeia. Tais práticas pagãs não deveriam ter lugar na adoração ao verdadeiro Deus. O mandamento de Deus de amar o próximo como a si mesmo não deveria ser misturado com um "pouquinho" de abuso, mentira ou roubo de propriedade. A escolha é binária. Ou um, ou outro.

O adjetivo “abominável” vem da palavra "abominação" (hebraico "tō'ēbâ"). O termo "abominação" refere-se a um ato repugnante ou detestável, variando de sacrifícios defeituosos (Deuteronômio 17:1) à prática de magia e adivinhação (Deuteronômio 18:12) a práticas idólatras (2 Reis 16:3). Também inclui a perversão sexual, como vemos em Levítico 18:22-26. Isso é algo abominável e repulsivo à santidade de Deus e pode destruir a pureza do povo em sua adoração a Deus. Cada um desses atos abomináveis é, em si mesmos, egoísta. Eles estão enraizados na busca de poder para controlar as pessoas ou para explorá-las para prazeres sensuais. Esses atos abomináveis são exatamente o oposto de amar a Deus e amar aos outros. Eles reivindicam a divindade e exploram aos outros. Deus determina que tais atos são abomináveis, pois conduzem à miséria e ao sofrimento.

Talvez a prática pagã mais extrema entre os cananeus fosse o sacrifício de seus filhos e filhas no fogo a seus deuses. Os cananeus sacrificavam seus filhos para apaziguar os deuses e conseguir o que queriam. A exploração final é o sacrifício da vida do outro para conseguir o a pessoa deseja. O ditado "Pimenta no olho do outro é refresco” pode ter uma dose de humor, mas é uma maneira doentia de viver. O sacrifício humano é uma extensão extrema e doentia desse adágio. A prática do sacrifício de crianças era comum no antigo Oriente Próximo, especialmente em Canaã. Lá, o povo sacrificava seus filhos (geralmente pelo fogo) quando queria apelar aos deuses para evitar uma calamidade ou dar-lhes vitória em batalha ou fornecer chuva para uma boa colheita. No livro de Levítico, o SENHOR adverte os israelitas a não praticar tudo o que haviam visto no Egito, ou o que veriam em Canaã, incluindo o sacrifício de crianças (Levítico 18:3, 21).

Por fim, Moisés resume estas ordens do SENHOR: Tudo o que eu te ordenar, terás o cuidado de fazer, não acrescentarás nem tirarása. Ao fazerem isso estariam cumprindo o primeiro mandamento - "Não terás outros deuses diante de Mim" (Êxodo 20:3Deuteronômio 5:7).

Infelizmente, a história dos israelitas está repleta de violações flagrantes desse mandamento. Por exemplo, no livro de 2 Reis, vemos que o rei Acaz "andou no caminho dos reis de Israel, e até fez seu filho passar pelo fogo, de acordo com as abominações das nações que o Senhor expulsara diante dos filhos de Israel" (2 Reis 16:3; 17:17). Deus julgou a Israel por essa desobediência e usou a Assíria para derrotá-los (2 Reis 17:5-6).

É interessante que Moisés comece e termine este capítulo com fortes advertências contra qualquer vestígio de paganismo na terra onde o Senhor Susserano habitaria. Isso está em harmonia com o primeiro dos Dez Mandamentos. O SENHOR não desejava (e não deseja hoje) que nada associado a práticas pagãs fosse (seja) identificado com Ele ou com Sua adoração.

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