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Significado de Ageu 1:7-11
Na seção anterior, vimos como o povo de Judá errara em suas prioridades. O SENHOR havia permitido que eles voltassem à sua terra natal e esperava que eles reconstruíssem Seu templo. Os exilados que retornaram começaram o projeto de construção, mas encontraram resistência e pararam por cerca de dezesseis anos, acreditando que talvez não fosse o momento certo para concluí-lo. No entanto, eles continuavam construindo suas casas (v. 2-4).
O SENHOR não estava satisfeito com aquilo; assim, Ele exorta o povo judeu a reconsiderar seu modo de vida. A falta de produtividade na terra e sua fraca condição econômica devia-se à sua má administração (v. 5-6). O SENHOR lembra aos judeus sobre o conceito básico de Sua aliança com eles: se eles O servissem e seguissem aos Seus caminhos, seriam abençoados.
A presente seção dá continuidade às exortações divinas. Ela começa com a fórmula profética Assim diz o Senhor dos Exércitos (v. 7). O termo hebraico traduzido como SENHOR é "Javé", o Deus autoexistente e eterno (Êxodo 3:14). O termo traduzido como “exércitos” é "sabaoth" na língua hebraica. O termo aparece no Novo Testamento como expressão hebraica em textos gregos (Romanos 9:29; Tiago 5:4), significando "exércitos", muitas vezes relacionado aos exércitos angelicais do céu (1 Samuel 1:3).
A frase “o Senhor dos Exércitos” ocorre com frequência nos livros proféticos. Muitas vezes, descreve o poder de Deus como um guerreiro liderando Seu exército angelical para derrotar a Seus inimigos (Amós 5:16; 9:5; Habacuque 2:17).
Aqui e ali em Ageu, a frase Senhor dos Exércitos demonstra o poder de Deus como o guerreiro supremo, Aquele que tem controle total sobre todos os assuntos humanos (v. 2). Sim, o SENHOR é o Deus Todo-poderoso. Ele é "o Senhor Altíssimo sobre toda a terra" (Salmo 97:9). É por isso que Ele ordena aos exilados que retornavam, dizendo: Considerem seus caminhos! (v. 7).
A expressão hebraica traduzida como “Considere seus caminhos” significa, literalmente, "coloque seu coração em seus caminhos". Neste contexto, a palavra "coração" ("lēḇāḇ" em hebraico) refere-se à sede do intelecto ou às faculdades racionais da mente. O SENHOR usa a expressão para convidar o povo de Judá a abraçar uma nova atitude em relação à vida.
Deus exorta Judá a escolher uma perspectiva renovada (Romanos 12:2). Ele desejava que eles reconsiderassem suas prioridades, refletindo sobre seus comportamentos, já que construíram suas próprias casas e deixavam o templo de Deus desolado. Eles estavam tomando o caminho de menor resistência, evitando a oposição ao não reconstruírem o templo. O rei persa Artaxerxes ordenou-lhes que parassem de reconstruir Jerusalém e o templo e os judeus estavam cumprindo sua vontade, ao invés da de Deus (Esdras 4:23-24).
Após esta avaliação, o SENHOR prossegue com a parte central da mensagem. Ele instrui o povo de Judá a subir às montanhas e trazer madeira (v. 8). Tanto nos tempos antigos quanto modernos, a madeira era um material usado para alimentar as fogueiras, construir casas ou fazer móveis, ferramentas, implementos, armas, instrumentos musicais e objetos de beleza.
De acordo com Neemias, contemporâneo de Ageu, as colinas ao redor da cidade de Jerusalém possuíam muitos tipos de madeira, como a oliveira, a murta e a palmeira (Neemias 8:15). Assim, o povo de Deus deveria ir até as colinas e trazê-la para a reconstrução do templo (v. 8). O motivo para reconstruírem o templo era para que o Senhor ficasse satisfeito e fosse glorificado (v. 8).
A conclusão do templo seria agradável ao SENHOR (para saber mais sobre O Templo, leia nosso artigo Temas Difíceis Explicados). Daria frutos. O projeto concluído seria agradável ao SENHOR porque refletiria que o povo O estava honrando e guardando Sua aliança. Isso abriria o caminho para que Ele abençoasse a Seu povo. Porém, como Deus não estava recebendo tal honra, o povo de Judá não recebia os benefícios da parte de Deus.
A reconstrução do templo faria com que Deus fosse glorificado. A tradução grega do Antigo Testamento usa uma palavra para traduzir o termo “ser glorificado”. O termo aparece no Novo Testamento apenas duas vezes, ambas em 2 Tessalonicenses:
"...quando Ele [Jesus] vem para ser glorificado em Seus santos naquele dia, e para ser maravilhado entre todos os que creram — pois nosso testemunho a vós foi crido. Para este fim também oramos por vós sempre, para que nosso Deus o considere digno de seu chamado, e cumpra todo desejo de bondade e obra de fé com poder, para que o nome de nosso Senhor Jesus seja glorificado em vós, e vós nele, de acordo com a graça de nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo" (2 Tessalonicenses 1:10-12).
Usando a passagem de 2 Tessalonicenses como guia, parece que a admoestação de Ageu é que Deus seria glorificado porque Seu povo tomaria uma atitude que seria vista por outros, o que demonstraria seu compromisso com seu Deus da aliança. Era parte de seu testemunho. Judá estaria cumprindo seu papel de ser uma nação sacerdotal, mostrando um bom exemplo às nações vizinhas (Êxodo 19:6).
A negligência do povo em relação ao templo de Deus gerou consequências negativas em suas colheitas (v. 6). Aqui, novamente, o SENHOR lhes dá uma explicação para seu empobrecimento, mostrando que o povo estava sob Sua disciplina. Ele afirma: Procurais muito, mas eis que chegas a pouco (v. 9).
O povo de Judá trabalhava duro para cultivar a terra e esperava grandes colheitas. Infelizmente, eles colhiam pouco no momento das colheitas. Pior ainda, o que colhiam não durava muito, desaparecia rápida e repentinamente, como diz o SENHOR: Trouxestes para casa, Eu a dissipei (v. 9).
O SENHOR, então, explica o motivo do castigo do povo. Ele inicia seu discurso com a partícula interrogativa Por quê? seguida pela fórmula profética “declara o Senhor dos Exércitos”. Ele, então, traz a resposta: Por causa da Minha casa, que jaz desolada, enquanto cada um de vós recorre à sua própria casa (v. 9). A solução para este problema era clara: o povo deveria se levantar e reconstruir o templo de Deus. Eles precisavam mudar sua prioridade, colocando o serviço ao Deus da aliança adiante dos seus planos pessoais (Mateus 6:33).
A aliança de Deus com Israel foi estruturada na forma de um tratado susserano-vassalo, comum à época (para mais informação, leia nosso artigo Temas Difíceis Explicados: Tratados Susserano-Vassalo). O formato básico era simples: se Israel/Judá obedecesse aos mandamentos de Deus e seguisse a Seus caminhos, eles seriam abençoados e alcançariam grandes benefícios. Se não o fizessem, seriam disciplinados (Deuteronômio 30:15-20).
A condição primária da aliança era o que Jesus chamou de Mandamento Maior, ou seja, amar a Deus com todo o nosso ser (Deuteronômio 6:5; Mateus 22:37-39). Construir o templo seria a manifestação física de colocar Deus em primeiro lugar e, consequentemente, moldaria o coração das pessoas a seguir a Seus caminhos.
Isso os levaria à grandes bênçãos. Grande parte desta bênção seria a consequência natural de seguirem aos caminhos de Deus. Uma sociedade que investe suas energias amando ao próximo como a si mesma (o segundo maior mandamento) será altamente produtiva. Porém, Deus também prometera adicionar bênçãos divinas (ou maldições) sobre Israel, além das consequências naturais.
Deus desejava que Seu povo fosse um exemplo de como viver construtivamente, em harmonia e servindo uns aos outros (Levítico 19:18). Isso contrastava fortemente com a cultura pagã de exploração, engano e violência (Levítico 18).
Ageu chama o povo de Judá a se afastar da atenção em seu conforto pessoal. Em vez de se concentrar apenas em construir boas casas para si e suas famílias (cada um de vós corre para vossa própria casa), eles precisavam priorizar o serviço espiritual (para reparar a Minha casa que está desolada).
Este mesmo conceito básico também é aplicado aos crentes do Novo Testamento. Somos exortados a desfrutar da prosperidade material (1 Timóteo 6:17), mas também a dar nossas vidas como sacrifício vivo a Deus (Romanos 12:1-2). Sem a prosperidade espiritual, a prosperidade material é incapaz de nos satisfazer. Quando colocamos o espiritual em primeiro lugar, o material o acompanha (Mateus 6:33).
Judá estava em dificuldades porque eles não honravam adequadamente ao Senhor. O profeta os exorta a assumir a tarefa de reconstruir o templo. O templo simbolizava a presença do SENHOR entre Seu povo da aliança e Sua promessa de habitar entre eles nos séculos vindouros (1 Reis 8:43). De acordo com Ageu, o fracasso em completar a casa de adoração impedia Judá de alcançar a prosperidade que buscavam.
Dentro do contexto do pacto, o Deus Susserano uzerain (ou Governante) instruía a Seu povo da aliança a permanecer leal a Ele. Ele abençoaria a todos aqueles que seguissem a Seus preceitos (Deuteronômio 28:1-14). Por outro lado, Ele amaldiçoaria àqueles que fossem desleais a Ele (Deuteronômio 28:15-68). Isso seguia o princípio bíblico de que sempre há consequências para nossas ações.
O princípio de que Deus disciplina a quem ama aparece repetidas vezes no Novo Testamento (Hebreus 12:5-6; Apocalipse 3:19). E pelo fato de o povo de Judá não obedecer a Deus e reconstruir o templo, Deus os disciplinou. Como Ele diz: Portanto, por causa de vós o céu reteve o seu orvalho e a terra reteve o seu produto (v. 10).
O termo “orvalho” refere-se à umidade condensada do ar quente pelo solo frio. Era muito importante para Israel e Judá, já que gerava o crescimento das culturas agrícolas e da vegetação natural, especialmente na estação seca (abril a outubro). O orvalho do ar úmido que soprava do Mar Mediterrâneo era uma fonte de água para as terras áridas da Judéia. Nos dias de Ageu, o SENHOR causou uma ausência de orvalho na terra de Judá. Como resultado, a terra reteve seus produtos (v. 10).
Além disso, o SENHOR declara que havia mandado uma seca na terra e nas montanhas (v. 11). No mundo antigo, a seca era uma realidade perigosa, que poderia levar à fome. Abraão, Isaque e Jacó tiveram que se mudar por causa da fome relacionada à seca (Gênesis 12; 26º; 41). Aqui nos dias de Ageu, o SENHOR mandou uma seca que afetou à produção de três produtos agrícolas essenciais a Israel e Judá: o grão, o vinho novo e o azeite (v. 11; Deuteronômio 7:13).
O termo “grão” refere-se principalmente ao trigo e à cevada (2 Crônicas 2:10). O “vinho” era produzido a partir do suco de uva fermentado. Nos tempos antigos, era uma necessidade nutricional, bem como uma fonte de prazer. O “azeite” era a substância produzida a partir das azeitonas, sendo usado para cozinhar (1 Reis 17:12-16). Além disso, era usado como cosmético para a unção do corpo, para fins médicos e para a unção de reis e sacerdotes. O azeite também fornecia combustível para as lâmpadas.
Devido à contínua dependência desses produtos por parte do povo de Israel/Judá, o grão, o vinho e o azeite tornaram-se termos técnicos para as bênçãos da aliança dadas por Deus para a obediência ou retidas por Ele diante da desobediência (Deuteronômio 7:12-13 para a bênção; 28:51 para a maldição).
A seca não apenas afetou os produtos agrícolas essenciais de Judá, mas também teve consequências sobre o que a terra produz, sobre os homens, sobre o gado e sobre todo o trabalho de sua mão (v. 11). A disciplina do pacto de Deus estava afetando negativamente a toda a vida econômica de Judá. Porém, essa dificuldade seria superada se o povo obedecesse ao SENHOR, fosse às montanhas e trouxesse madeira para a reconstrução do templo (v. 8).
Esta ênfase em colocar sua atenção no templo é uma imagem para os crentes do Novo Testamento, uma vez que nosso corpo é o templo no qual o Espírito Santo de Deus habita (1 Coríntios 3:16). Jesus Cristo ecoa a mensagem de Ageu ao proclamar essa verdade sobre colocarmos a Deus em primeiro lugar em nossas vidas. No livro de Mateus, ele afirma: "Buscai primeiro o reino [de Deus] e a Sua justiça, e todas estas coisas [prosperidade terrena] vos serão acrescentadas" (Mateus 6:33). Quando servimos a Deus dessa maneira, O glorificamos e honramos construindo um templo a Ele com nossas vidas (1 Coríntios 3:16). Deus promete imensas recompensas aos que O honram e andam em Seus caminhos (1 Coríntios 2:9).