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Significado de Ageu 2:10-19

O profeta Ageu recebe a terceira mensagem do Senhor durante o segundo ano do rei Dario da Pérsia. Ele demonstra como andar em obediência aos caminhos de Deus leva à bênção, enquanto que, ao mesmo tempo, expõe a infidelidade do povo, que o leva a ser disciplinado por Deus. Finalmente, ele diz aos judeus que o SENHOR os abençoaria a partir daquele momento, porque eles O haviam obedecido e recomeçado a reconstrução.

Na seção anterior, o profeta exortara os exilados de Judá a permanecerem fortes e reconstruírem o templo do Senhor. Ele lhe instrui a não temer, pois Deus estaria com eles. Deus se refere a Seu poder sobre as nações que se opunham a eles e promete que encheria o templo de glória e "daria paz neste lugar" (v. 3-9).

Na presente seção, o profeta enfatiza a importância de se seguir aos caminhos de Deus em suas vidas diárias. Ele traça um paralelo entre o puro e o impuro, mostrando como isso se aplicava ao povo de Judá. Em seguida, ele apresenta um oráculo de bênção. A aliança que Deus fizera com Israel deixava claro que eles teriam a escolha binária da vida ou da morte, do bem ou do mal (Deuteronômio 30:15-20). Deus desejava abençoar a Seu povo, mas para isso eles precisariam andar em Seus caminhos.

A fim de receber tudo o que Deus tinha para eles, eles deveriam ser fiéis ao seu compromisso de obediência aos Seus mandamentos de aliança, estabelecidos para o seu bem (Deuteronômio 10:13). Seguir aos comandos de Deus os levaria à grandes realizações; não haveria como experimentarem o bem se não andassem em Seus caminhos. Esta seção (v. 10-19) contém a terceira mensagem de Ageu, o profeta.

Da mesma forma que as duas primeiras mensagens, a terceira se inicia identificando a data e a natureza da profecia e do mensageiro humano. Aconteceu no vigésimo quarto dia do nono mês do segundo ano de Dario (v. 10). No calendário judaico, o nono mês era Quisleu. A data equivalente ocorre por volta de 18 de dezembro de 520 a.C., mais de três meses e meio depois da primeira profecia. Nessa data, a palavra do Senhor veio a Ageu (v. 10).

Em alguns casos, as proclamações proféticas ocorrem durante um longo período de tempo. Por exemplo, Isaías profetizou por muitos anos durante o reinado de quatro reis diferentes de Judá (Isaías 1:1). Porém, a mensagem bastante específica de Ageu se concentrou durante um curto período de meses.

A frase traduzida como “a palavra do SENHOR” ocorre várias vezes no livro de Ageu. Refere-se sempre à revelação de Javé (1 Reis 6:11; 16:1). Quando usada em um texto bíblico, ela esclarece a origem divina da mensagem, mostrando ao leitor que Deus era o Autor primário da mensagem, não a voz do ser humano que a anunciava. O Novo Testamento proclama que este princípio se aplica a toda a Escritura (2 Timóteo 3:16).

Durante essa época, Javé revelava Sua vontade a alguns servos individuais que, por sua vez, deveriam transmitir a mensagem divina a outros. Esses indivíduos eram responsáveis por proclamar a revelação de Deus ao seu público (por exemplo, Oséias 1:1; Joel 1:1; Miquéias 1:1; Sofonias 1:1). Eles não deveriam acrescentar nada à mensagem ou retirar nada dela. Como vimos, o indivíduo a quem Deus escolheu como Seu porta-voz aqui era Ageu, por isso ele é chamado de profeta.

O termo “profeta” ("nābî" em hebraico) significa "proclamador" ou "divulgador". Descreve alguém que recebeu o chamado para ser o porta-voz de Deus. O profeta era um mensageiro de Deus. Isso significava que ele não falava de sua própria autoridade, mas tinha o poder de falar em nome de Deus. A fórmula profética "Assim diz o SENHOR" (por exemplo, Jeremias 11:3; Jeremias 33:2; Isaías 48:17) confirmava essa verdade. Ela deixava claro que o profeta falava o que havia recebido do Senhor. O termo hebraico "nābî" pode se aplicar tanto a profetas verdadeiros quanto a falsos (Jeremias 6:13; 26:7-8; 27:9; 28:1; Zacarias 13:2). No entanto, sabemos que Ageu foi um verdadeiro profeta porque a palavra do Senhor veio através dele.

A primeira parte da revelação divina é uma indagação sobre uma questão religiosa. O profeta começa com a expressão profética “assim diz o Senhor dos Exércitos” para confirmar a fonte divina de sua mensagem. O termo SENHOR refere-se a Javé, o Deus eterno e autoexistente (Êxodo 3:14). O termo “exércitos” traduz o termo hebraico "sabaoth". Este termo refere-se aos exércitos angelicais do céu (1 Samuel 1:3). Em suma, a frase “Senhor dos Exércitos” demonstra o poder de Deus e enfatiza Seu controle soberano sobre o mundo inteiro.

O SENHOR, o Deus que havia trazido os judeus de volta à sua terra natal, fala a Ageu: Pede, agora, aos sacerdotes uma instrução (v. 11). O SENHOR cria um diálogo com os sacerdotes visando produzir uma ilustração para o povo como um todo: assim como um indivíduo pode ser contaminado por desobedecer à lei de Deus, assim também ocorreria com a nação caso não seguisse ao mandamento de Deus de reparar o templo.

O sacerdote era um homem da lei (Jeremias 18:18). Ele era um especialista cuja função era a de ensinar ao povo de Deus "a diferença entre o santo e o profano e fazê-lo discernir entre o impuro e o limpo" (Ezequiel 44:23). O sacerdote tomava as decisões apropriadas sobre questões jurídicas.

A palavra hebraica traduzida como “governo” é "Torá" em hebraico. Ocorre aproximadamente 200 vezes no Antigo Testamento (208 vezes no singular e 12 vezes no plural). Às vezes, refere-se aos cinco livros de Moisés (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio). Outras vezes, refere-se a instruções legais. Aqui em Ageu, refere-se a uma decisão dos sacerdotes sobre uma questão de cunho religioso (Malaquias 2:7).

O Senhor ordena a Ageu que faça aos sacerdotes duas perguntas pertinentes e opostas. A primeira diz respeito à transmissão da pureza ritual: Se um homem carrega carne santa na dobra de sua veste, e toca o pão com essa dobra, comida cozida, vinho, óleo ou qualquer outro alimento, ele será santo? E os sacerdotes responderam: "Não" (v. 12).

O termo “santo” significava separar algo para um propósito especial. A carne santa era um pedaço da carne de um animal que um sacerdote sacrificava e oferecia a Deus. Era reservada para a alimentação e cuidado do sacerdote.

Na época de Ageu, as pessoas costumavam usar roupas longas e soltas. Assim, elas carregavam bolsas em seu manto, permitindo-lhes levar alguns itens pequenos. De acordo com a Lei Mosaica, a carne santa consagrava a qualquer recipiente usado para carregá-la (por exemplo, a dobra de uma roupa). No entanto, nada (como pão, comida cozida, vinho, azeite, etc.) que tocasse esse recipiente se tornaria santo (Levítico 6:27). Em outras palavras, não havia transferência de santidade da vestimenta para qualquer outro objeto tocado por ela.

Portanto, os sacerdotes responderam negativamente à pergunta, já que o contato indireto com algo santo não consagrava algo profano apenas pelo toque, de acordo com a lei. A santidade deveria ser genuína, não poderia ser comprada ou vendida, ou adquirida através de uma transação.

Em seguida, Ageu faz outra pergunta relacionada à transmissão da impureza: Se alguém que for contaminado por um corpo morto, tocar em qualquer dessas coisas, ficará ela imunda? (vs. 13). Esta pergunta era oposta à primeira. A pureza ritual não podia ser transferida pelo toque. A contaminação ritual, no entanto, era contagiosa. Uma pessoa saudável não poderia transferir a saúde a um leproso pelo toque, mas um leproso poderia infectar uma pessoa saudável ao tocá-la. Aquele que tocasse "o cadáver de qualquer pessoa" seria "impuro por sete dias" (Números 19:11, 22). Ele não poderia participar do culto público (Números 9:6). Portanto, conhecendo a Lei Mosaica, os sacerdotes responderam afirmativamente à pergunta de Ageu sobre uma coisa contaminada que tocasse a algo limpo: Ela se tornará impura (v. 13).

Tendo ouvido atentamente às respostas dos sacerdotes, Ageu fala em nome do Senhor e aplica este princípio ao povo de Judá como um todo: As coisas santas não santificam as coisas impuras pelo mero toque; porém, as coisas impuras contaminam a tudo o que tocam. Ageu faz uma comparação entre o povo de Judá e uma pessoa impura.

O povo era como alguém que se havia tornado impuro por tocar em um cadáver, fazendo com que qualquer coisa tocada por ele se tornasse impura. Assim é esta nação diante de Mim (v. 14). A desobediência dos exilados de Judá que retornavam tornava tudo o que tocavam em algo contaminado.

O profeta faz uma pausa para lembrar a seus ouvintes da fonte divina de sua mensagem: Declara o Senhor. Ao fazer isso, ele acrescenta peso e ênfase ao seu discurso, deixando claro que falava sob a autoridade de Deus, não a sua. Simplificando, ele era apenas um enviado do Senhor para tratar de certos assuntos espirituais.

Ao retomar sua mensagem, Ageu enfatiza mais uma vez a natureza contagiosa do povo. Eles haviam construído casas para si mesmos enquanto deixaram o templo de Deus desolado (Ageu 1:4). O profeta diz aos judeus que sua desobediência não apenas contaminava sua adoração sacrificial no templo, mas também contaminava a cada obra de suas mãos. E o que eles ofereciam era impuro (v. 14).

A desobediência dos exilados que retornavam contaminava a tudo como uma doença contagiosa. Tudo o que tocavam era contaminado. O trabalho de suas mãos era como tocar um cadáver, tornando as coisas tocadas em algo impuro. Além disso, o que eles oferecem é imundo. Como suas ações não estavam de acordo com os caminhos de Deus, suas práticas religiosas e sua adoração cerimonial a Ele também eram impuras. Ao serem identificadas como impuras, isso significava que não agradavam a Deus.

A prioridade de Deus não era a de que Seu povo seguisse a meras regras religiosas. Em vez disso, Sua prioridade era a de que eles obedecessem a Seus caminhos com todo o seu coração. Se queremos amar a Deus, devemos alinhar nossos corações e mentes com Seus caminhos, crendo que Seus caminhos são para o nosso bem, o que resultará em amor e serviço uns aos outros (Deuteronômio 6:5; Mateus 22:37-39; 1 Samuel 15:22). O propósito do culto religioso era o de alinhar o povo com os caminhos que levavam à vida e às bênçãos, quando eles estimulariam uns aos outros ao amor e às boas ações (Hebreus 10:24).

O profeta, agora, transita para a segunda parte da revelação divina. Ele marca esta transição com as palavras “mas, agora”, buscando demonstrar o contraste. Ele fala da bênção que Deus derramaria sobre Seu povo em contraste com as medidas anteriores de disciplina infligidas a eles devido à sua desobediência. Ao fazê-lo, Ageu pede aos exilados de Judá que se lembrassem do passado, para que seu presente e futuro pudessem ser melhores.

Assim, o profeta ordena ao povo, dizendo: Considerai a partir deste dia (v. 15). Ageu diz ao povo que eles estavam prestes a ser abençoados devido à sua obediência e os instrui a se lembrar do contraste com o tempo anterior, antes “deste dia”. O verbo “considerar” significa, literalmente, "colocar o coração para cima". Isso ocorre no capítulo anterior, onde Ageu exorta o povo a reavaliar suas prioridades e reconstruir o templo do SENHOR (Ageu 1:5, 7). Aqui também, o verbo tem o mesmo significado.

Os judeus deveriam pensar cuidadosamente na medida em que avançavam em seu relacionamento com Deus. Deus desejava que Seu povo escolhesse uma perspectiva correta e verdadeira. O apóstolo Paulo exorta aos crentes do Novo Testamento da mesma maneira, dizendo-lhes que escolham renovar suas mentes e olhar para a vida a partir de uma perspectiva verdadeira, através da fé na palavra de Deus (Romanos 12:1-2). Neste caso, Ageu exorta o povo a reconhecer que sua prosperidade material estava prestes a aumentar devido à sua obediência à ordem de reconstruir o templo.

Tendo instado as pessoas a avaliar seu comportamento e serem intencionais na escolha de suas perspectivas, Ageu descreve como em seu passado recente as coisas foram de mal a pior por causa de suas prioridades equivocadas. Ele começa com a declaração: Antes que uma pedra fosse colocada sobre outra no templo do SENHOR (v. 15) para indicar o período de tempo entre a interrupção dos trabalhos na casa do Senhor (Esdras 4:24) até o momento em que os exilados responderam à primeira mensagem de Ageu, retomando o projeto de reconstrução (Ageu 1:14-15). Durante aquele período de paralisação, suas fortunas econômicas despencaram. Agora que eles haviam decidido obedecer ao Senhor, sua sorte seria revertida.

Quando começou a lançar a fundação do templo, o povo encontrou oposição de vizinhos hostis por parte das nações que “se estabeleceram na cidade de Samaria, e no resto da região além do rio” (Esdras 4:10). A Assíria havia esvaziado a maior parte do norte de Israel/Samaria, levando-os ao exílio. A Assíria, então, passou a importar pessoas de nações estrangeiras para se estabelecerem lá (2 Reis 17:24).

Anos mais tarde, quando os judeus voltaram do exílio na Babilônia e começaram a reconstruir Jerusalém, os líderes entre aqueles imigrantes de outras nações pediram a Artaxerxes, rei da Pérsia, que interrompesse a reconstrução do templo em Jerusalém (Esdras 4:8-16). Eles enquadraram o pedido de forma a ignorar o decreto de Ciro para reconstruir Jerusalém e a obra foi interrompida. Assim, depois que os judeus começaram a reconstruir após ouvirem às palavras de Ageu e Zacarias (Esdras 5:1), outra carta foi enviada ao rei Dario. Dario vasculhou seus arquivos e descobriu o decreto de Ciro, ordenando que a obra continuasse (Esdras 6:6-8).

Como resultado da carta de Artaxerxes, os judeus pararam de trabalhar no templo cerca de dezesseis anos antes. Eles concluíram que ainda não era hora de completá-lo (Ageu 1:2). Tendo cessado o trabalho no templo de Deus, o povo de Judá passou a experimentar dificuldades econômicas como forma de castigo divino: A partir daquele momento, quando se chegava a um amontoado de vinte medidas, haveria apenas dez, e quando se chegasse à cuba de vinho para desenhar cinquenta medidas, haveria apenas vinte (v. 16).

A sociedade israelita era principalmente agrária, o que significava que o povo dependia dos produtos agrícolas (como grãos e vinho) para seu sustento diário. O termo “grão” referia-se ao trigo ou a qualquer outro cereal cultivado usado como alimento. A “cuba” de vinho referia-se ao recipiente usado na produção de vinho, uma fonte de nutrição e prazer. A abundância de grãos e vinho simbolizava as bênçãos de Deus (Gênesis 27:28; Deuteronômio 33:28). Por outro lado, a falta de tais produtos simbolizava o julgamento e a maldição de Deus (Oséias 8:7).

Depois que a reconstrução do templo parou, os campos de Judá passaram a gerar apenas uma pequena quantidade de produtos na época das colheitas. O povo plantava grãos em vinte medidas, mas colhiam apenas dez. Quando tiravam cinquenta medidas de vinho das cubas, chegavam a menos da metade (apenas vinte) do que esperavam. Qual era a causa de tamanha decepção? O SENHOR responde a essa pergunta no versículo seguinte: Eu vos feri e toda obra de vossas mãos (v. 17). Assim como o toque de uma pessoa impura contaminava o que era tocado, o trabalho das mãos dos judeus contaminava a tudo o que tocavam (v. 13-14).

O verbo “ferir” descreve um golpe manual feito por um agente humano. Tal ato levava a ferimentos ou danos (Êxodo 2:13; Deuteronômio 25:11). Aqui, em Ageu, o verbo é usado como uma ação de Deus. Foi Deus quem golpeou a Seu povo de aliança e a seu trabalho com vento forte, mofo e granizo, para demonstrar Seu desprazer. Tal ação produziu uma desproporção entre expectativa e resultados reais na colheita de grãos e uvas. Isso estava de acordo com a aliança de Deus com Israel, já que Deus havia prometido abençoar a Israel caso eles agissem em obediência e amaldiçoá-los caso agissem em desobediência (Deuteronômio 28:38-42).

O termo “mangra” referia-se aos ventos quentes do leste que sopravam por dias (Amós 4:9), que potencialmente secava a vegetação e destruía as plantações (Isaías 37:27; Salmos 90:5-6). O termo “ferrugem” significava "palidez" e referia-se à doenças causadas por um tipo de fungo que crescia nas plantas que haviam sofrido danos causados pelos ventos do leste. O termo “saraiva” referia-se a bolas de gelo que destruíam as plantações. Durante a conquista de Canaã, o Senhor usou o granizo contra os amorreus: "Como eles fugiram de diante de Israel, enquanto estavam na descida de Bete-Horon, o Senhor lançou grandes pedras do céu sobre eles até Azeca, e eles morreram; houve mais mortos das pedras de granizo do que aqueles que os filhos de Israel mataram com a espada" (Josué 10:11).

O povo de Judá estava sob a disciplina de Deus porque havia parado de reconstruir o templo. Deus usou os três castigos descritos aqui (vento forte, mofo e granizo) para punir a Seu povo. Ele o fez para ver se estariam dispostos a se voltar a Ele. No entanto, o SENHOR declara que eles não voltaram a Ele (v. 17).

O profeta exortou o povo a considerar (cuidadosamente) a partir daquele dia, vigésimo quarto dia do nono mês, a partir do dia em que o templo do Senhor foi fundado (v. 18). A data deste incidente ocorreu por volta de 18 de dezembro de 520 a.C., mais de três meses e meio desde a primeira profecia (v. 10). Sob o edito de 538 a.C. emitido pelo rei Ciro da Pérsia, os judeus começaram a retornar à sua terra natal. O rei Ciro também concedeu aos que retornavam permissão para reconstruir o templo em Jerusalém (Esdras 6:3-5). O povo começou a reconstruir o templo em 536 a.C. No entanto, eles pararam por cerca de dezesseis anos, até que o SENHOR levantou ao profeta Ageu para repreendê-los.

O trabalho no templo de Jerusalém foi levado a sério em 520 a.C., quando outra leva de judeus chegou com Zorobabel, o "governador de Judá" nos dias de Ageu (Ageu 1:1). Naquela época, o povo retomou a restauração do templo com o incentivo dos profetas Ageu e Zacarias (Esdras 5:1). Por essa razão, Ageu lhes pede que considerassem tudo o que havia acontecido desde o dia em que o templo do Senhor foi fundado. Depois de insistir, ele lhes faz uma pergunta: A semente ainda está no celeiro? (v. 19).

A resposta esperada para essa pergunta retórica era "Não". A ausência de sementes no celeiro indicava que sua produção agrícola era tão escassa que não havia excedente, eles estavam em sérios problemas de desabastecimento. No entanto, Deus desejava que eles tomassem nota disso, porque a partir deste ponto, haveria excedente e abundância. Deus queria que eles conectassem sua obediência à aliança com as bênçãos, conforme estabelecido no contrato com Seu povo, estruturado como um tratado susserano-vassalo da época, trazendo bênçãos para o serviço fiel e maldições para a rebelião (veja nosso artigo Temas Difíceis Explicados: Tratados Susserano-Vassalo).

A resposta para a pergunta sobre as sementes no celeiro era negativa porque não eles não haviam tido nem chuva nem orvalho (Ageu 1:10). A videira, a figueira, a romã e a oliveira não deram frutos (v. 19). A ausência de sementes e frutos caracterizava esse período. Tudo havia falhado.

No entanto, apesar da falta de fé do povo, o SENHOR promete mudar sua sorte, das maldições para as bênçãos. Assim, ele termina a terceira mensagem com uma nota positiva: No entanto, a partir deste dia, Eu os abençoarei (v. 19). O Deus Susserano (governante) de Israel promete derramar abundantes bênçãos sobre Seu povo do pacto, transformando seu fracasso nas colheitas em prosperidade.

O SENHOR verdadeiramente é um Deus gracioso, desejando abençoar a Seu povo. No entanto, Deus fez os humanos à Sua imagem. Uma parte dessa imagem é a liberdade de fazermos escolhas morais (Gênesis 1:27). Escolhas têm consequências e grande parte das Escrituras nos admoesta a entender e adotar a perspectiva verdadeira de que podemos fazer escolhas para nosso bem. Deus é o nosso Pastor, guiando-nos pelo caminho (Salmo 23).

Há uma tensão potencial nessa história, na medida em que a Escritura afirma que devemos obedecer às autoridades terrenas, pois todas as autoridades são designadas por Deus (Romanos 13:1). O povo de Judá havia deixado de construir o templo de Deus devido ao decreto de uma autoridade humana sobre eles na época, o rei Artaxerxes da Pérsia (Esdras 4:21).

No entanto, há também um princípio de que, quando há autoridades conflitantes, a autoridade superior prevalece. Os exemplos incluem Daniel, que desafiou a ordem do rei por causa de sua convicção de orar a Deus três vezes por dia, sendo Deus claramente uma autoridade superior (Daniel 6:10). Também os apóstolos desafiaram à ordem do conselho governante judaico que lhes ordenara a parar de falar sobre Jesus, dizendo que eles obedeceriam a Deus e não aos homens (Atos 5:39). Em nossa história, há uma autoridade humana conflitante entre o rei Ciro da Pérsia, que havia ordenado que os judeus poderiam reconstruir o templo (Esdras 6:3) e um rei subsequente, que ordenou que parassem a reconstrução (Esdras 4:21).

Ageu infere que o descontentamento de Deus surge, em parte, devido à atitude de Judá de ser complacente e não se esforçar para reconstruir (Ageu 1:2-4). Quando o povo começou a priorizar a reconstrução, isso gerou um processo de apelação legal baseado no comando original de Ciro. Assim, as autoridades humanas da época reverteram a decisão e autorizaram a reconstrução (Esdras 5:1 - 6:12). De acordo com o registro em Esdras, a construção continuou do segundo ano de Dario até o sexto ano do reinado de Dario (Esdras 6:15).

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