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Jó 38:19-24 explicação

Jó 38:19-24 continua o interrogatório de Deus a Jó. Esses mistérios afirmam Sua suprema soberania e chamam a humanidade a depositar sua fé Nele. Deus descreve coisas além da nossa observação e conhecimento, questões sobre onde a luz reside, onde as trevas se escondem, onde a neve é armazenada. Deus, de forma lúdica, humilha Jó ao dizer—lhe que ele deve saber essas coisas incognoscíveis, visto que Jó certamente era muito velho e presenciou todos os fenômenos naturais quando foram criados. Mas, é claro, Jó não estava presente no início da criação. Ele não tem conhecimento do poder criativo ilimitado de Deus. Ele não sabe como Deus controla e ordena o clima a Seu bel—prazer.

Em Jó 38:19-24, o Senhor continua Seu interrogatório desafiando o conhecimento de Jó sobre o cosmos, perguntando: Onde é o caminho da morada da luz, e onde é a habitação das trevas (v. 19).

Essa questão ressalta o mistério de realidades físicas que a humanidade ainda não compreende por completo. Na era moderna, experimentos indicam que a luz se comporta como partícula, enquanto modelos matemáticos descrevem seu comportamento como onda. Ambas as afirmações são verdadeiras, dependendo da perspectiva, ainda que isso desafie a lógica convencional. A expressão "morada da luz" sugere que ela tem uma origem, um ponto de partida. Os cientistas modernos propõem teorias sobre os eventos iniciais, mas Deus os conhece por experiência direta, pois Ele estava presente. Ele foi não apenas o criador, mas o agente ativo da criação. Enquanto nós teorizamos, Ele sabe.

Deus coloca Jó diante da vastidão da criação, onde a própria luz — a força fundamental que revela o universo — possui uma "morada" além da compreensão humana, incluindo a dos mais sábios. Na física, a luz é a fonte de tudo o que pode ser visto. A Bíblia, por sua vez, utiliza a luz para simbolizar o que é verdadeiro e real. Clareza, verdade e pureza são frequentemente sinônimos da própria essência de Deus (ver 1 João 1:5). Ao perguntar a Jó se ele compreende onde a luz reside, Deus evidencia a ignorância humana sobre as realidades fundamentais que tornam a vida possível.

Dando continuidade à investigação, Deus aprofunda a segunda frase do versículo 19: "e onde é a habitação das trevas". Deus pede a Jó que explique como as trevas são localizadas, acrescentando: "para que conduzas a luz ao seu lugar e discirnas as veredas para a casa das trevas?" (v. 20).

Essa imagem molda a escuridão como algo que contém seus próprios limites e propósito, não meramente a ausência de luz, mas um domínio posto em movimento pelo Criador. Alguns na ciência moderna teorizam que mais de 90% do que existe consiste em “energia escura” e “matéria escura”. Esses são conceitos teóricos que funcionam como uma espécie de “caixa preta” para explicar coisas que não conseguem explicar. Isso poderia ser interpretado como uma demonstração da intenção de Deus em Jó 38: a escuridão desempenha um papel fundamental na criação divina, que não podemos experimentar ou explicar.

Em seguida, Deus usa uma ironia ao exclamar: "Sem dúvida, sabes, porque nesse tempo eras nascido, e é grande o número dos teus dias." (v. 21).

Recordando que em Jó 23:3-7, Jó desejava poder ter uma audiência com Deus e apresentar seu caso. Jó estava confiante de que, se Deus entendesse o que Jó presumia que Ele obviamente não havia percebido (caso contrário, não teria permitido que todas aquelas coisas terríveis acontecessem a Jó), Deus se compadeceria. Após 20 versículos apontando para Jó quão limitado era seu entendimento em comparação ao de Deus, Deus agora para para zombar das palavras de Jó. Dado o que Jó afirmou (“Eu apresentaria meu caso diante d'Ele” e “Eu seria libertado para sempre do meu Juiz”), Jó infere que “posso me igualar a Deus e instruí—Lo”.

Deus agora repete esse sentimento para Jó: “Você sabe tudo sobre a criação. Você estava lá, não é? Isso significa que sua idade é vasta, certo, visto que você tem experiência suficiente para Me instruir?” No entanto, Deus continuará a insistir no ponto de que Jó falou completamente fora de hora, pensando que pode instruir a Deus, e não dará a Jó a oportunidade de falar até Jó 40:2.

Deus continua e reforça ainda mais as limitações de Jó com: "Acaso, entraste nos tesouros da neve ou viste os tesouros da saraiva" (v. 22).

A referência ao saraiva evoca a imagem da neve e do granizo como recursos meticulosamente guardados no tesouro da criação. Ao representá—los como armazenados, o Senhor destaca Sua soberania sobre a sabedoria e o tempo dos elementos, liberando condições climáticas para cumprir Seus propósitos, e não como eventos aleatórios e sem controle. Nos tempos modernos, podemos explicar cientificamente a formação da neve e do granizo, mas não somos capazes de prever com precisão quando ocorrerão. As tentativas de criar modelos climáticos abrangentes ainda apresentam falhas. E, mesmo que um dia esses fenômenos sejam plenamente compreendidos, ainda assim não teremos a capacidade de dominá—los.

O controle de Deus sobre o clima torna—se ainda mais explícito quando Ele afirma: "que tenho reservado para o tempo da angústia, para o dia da peleja e da guerra?" (v. 23).

Na narrativa bíblica, Deus, por vezes, utiliza fenômenos naturais para orquestrar eventos humanos. Um exemplo é a chuva de granizo em Êxodo, quando Faraó resistiu a Moisés, para cumprir os propósitos de Deus (Êxodo 9:23). O Senhor destaca que até mesmo forças aparentemente caóticas ou temíveis estão sob Seu controle deliberado. Jó, em contraste, não possui tal conhecimento prévio ou poder, uma verdade que contrasta a suprema autoridade de Deus sobre a natureza com a relativa ignorância de Jó, o maior homem do Oriente (Jó 1:3). Finalmente, o Todo—Poderoso pergunta: "Por que caminho se difunde a luz ou se espalha o vento oriental sobre a terra?" (v. 24).

Essa ideia da luz sendo dividida pode se referir a várias coisas. Pode se referir ao espectro de luz, que os humanos podem observar, mas não reproduzir. Pode se referir a raios de luz que são visivelmente divididos. Pode se referir ao sol e à lua dividindo a luz do dia e a luz da noite. Independentemente do significado, a luz é uma necessidade para a vida, que os humanos podem descrever, mas não explicar.

A expressão "vento leste" traduz uma única palavra hebraica: "qadim". Provavelmente, ela se refere aos ventos alísios do antigo Oriente Próximo. Atualmente, entende—se que esses ventos orientais são causados, em parte, pela rotação da Terra. No entanto, o vento leste não é uniforme; ele se espalha pela superfície terrestre. Embora existam teorias, ninguém consegue prever o vento com exatidão, muito menos explicá—lo por completo. Mas Deus segura os ventos em Suas mãos; eles são como o Seu sopro. Ele é o Criador e o Sustentador de tudo o que existe.

Novamente, essa linha de questionamento visa trazer Jó, o predileto de Deus, à realidade. Podemos concluir disso que estar na realidade é de grande valor. Jó passou por momentos difíceis, e Deus ainda o está submetendo a essa provação para que ele veja a realidade com clareza. O fato de Deus tratar Seu homem predileto dessa maneira demonstra o imenso valor de buscar e obter uma perspectiva verdadeira. Deus continuará essa "prova" de Jó até Jó 40:2, ressaltando a importância de compreendermos a distinção de que somos criaturas sujeitas à autoridade de um Criador.

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