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Jó 38:8-11 explicação

Jó 38:8-11 aponta para o plano perfeito de Deus para a criação, mostrando que Ele estabeleceu ordem onde a natureza, de outra forma, estaria fora de controle. Ele definiu limites e fronteiras para que o mar não inunde a terra.

Em Jó 38:8-11, Deus continua Suas perguntas a Jó, que servem para demonstrar que Jó precisa mais da perspectiva de Deus, em vez de Deus precisar mais da perspectiva Dele. O Senhor continua, perguntando a Jó: "Ou quem encerrou com portas o mar, quando ele rompeu e saiu da madre" (v. 8).

Deus parte das dimensões, dos materiais de construção e dos alicerces da criação, focando em elementos específicos dentro dela. A descrição poética de que o Senhor cercou o mar com portas enfatiza que Ele estabeleceu limites na criação. O mar é, da perspectiva humana, um domínio vasto e incontrolável, mas não para Deus. O fato de Ele ter cercado o mar com portas indica que impôs limites ao mar, para que este pudesse ir até certo ponto e não além. Quando Jesus acalmou o mar, foi uma demonstração clara de que Ele é o mesmo que criou todas as coisas (Marcos 4:41, Colossenses 1:16).

Ao comparar o jorro inicial das águas ao "irromper do útero" (v. 8), Deus usa a imagem do nascimento para ilustrar a introdução do mar no mundo criado. Quando bebês humanos nascem, a água que sai da bolsa amniótica rompida é normalmente um prelúdio para sua chegada pelo canal vaginal. Da mesma forma, as águas da criação jorravam como do útero, porque Deus, como criador, as gerou. Isso enfatiza, mais uma vez, que os caminhos de Deus são dramaticamente superiores aos nossos, e não temos capacidade de estar no nível Dele (Romanos 11:33).

Deus continua falando de Sua obra criativa: "quando eu lhe punha nuvens por vestidura, e escuridão, por faixas" (v. 9). Deus fala do nascimento do mar como se estivesse dando à luz um bebê. Uma veste cobriria uma criança. O fato de uma nuvem cobrir o mar indica que o vapor de água estava misturado com ele. No momento em que Deus criou o mar, Ele ainda não havia criado a luz, então o mar estava em trevas. As trevas o envolviam, como faixas. A imagem é de Deus como um pai amoroso, trazendo à luz Sua criação como um recém—nascido. Novamente, todas essas coisas estão muito além da capacidade humana de compreender completamente, o que reforça a mensagem de Deus para Jó: "Você precisa da minha perspectiva, mas eu não preciso da sua".

A imagem de "uma nuvem como sua vestimenta" (v. 9) evoca igualmente o sistema atmosférico que Deus criou para sustentar a vida na Terra, integrando as águas acima e abaixo em um ecossistema equilibrado (Gênesis 1:7). A escuridão, descrita como uma faixa que envolve, representa como, mesmo quando as águas parecem turvas ou obscuras, Deus permanece ativo e presente. Como um Cuidador habilidoso, Ele molda e supervisiona cada aspecto de Sua criação, visível ou invisível, revelando que todos os elementos estão sob Sua amorosa jurisdição.

Além disso, o Senhor diz: "e lhe tracei limites, e lhe pus ferrolhos e portas" (v. 10). Essa imagem de limites, ferrolhos e portas transmite não apenas limitações, mas também uma estrutura proposital determinada pelo Criador. Os limites trazem à tona o conceito de separação — um tema central no relato da criação — onde Deus separa a terra do mar e o dia da noite (Gênesis 1:9). Isso destaca Sua intenção de criar um ambiente hospitaleiro para a vida, fundamentado na ordem em vez do caos aleatório.

Ao colocar um ferrolho e portas (v. 10) sobre as águas, Deus deixa claro que somente Ele decide até onde elas podem se mover, estabelecendo estabilidade para a terra. Essa medida protetora garante que a humanidade possa existir em solo firme, demonstrando ainda mais que os humanos nunca são deixados sozinhos para enfrentar um universo desordenado. Deus prometeu, após o dilúvio de Noé, que não destruiria a Terra com um dilúvio novamente (Gênesis 9:11). Ele pode fazer essa promessa porque tem o poder de cumpri—la. Todos os aspectos do mundo natural permanecem sob controle divino, ampliando o tema de que tudo foi intencionalmente medido e equilibrado pela mão de Deus. É, novamente, a mão de Deus que criou todas as coisas, antes mesmo da existência dos humanos, o que reforça a ideia absurda de que Deus precisa da perspectiva de Jó para ordenar os eventos adequadamente.

A narrativa desta seção culmina com a declaração de Deus: "e disse: Até aqui virás, porém não mais adiante; e aqui pararão as tuas ondas orgulhosas?" (v. 11). Deus afirma o Seu domínio sobre o poder do mar. Mesmo as ondas mais ameaçadoras são contidas por um limite estabelecido pelo Todo—Poderoso. As capacidades humanas empalidecem em comparação com forças como a maré impetuosa, contudo, essas mesmas forças devem obedecer à voz do Senhor, reforçando a mensagem de que toda a criação deve operar dentro das Suas diretrizes.

Ao chamar as ondas de "orgulhosas" (v. 11), o texto as personifica metaforicamente, como se elas tivessem a vontade de ultrapassar seus limites. No entanto, a palavra final pertence a Deus, que refreia seu avanço descontrolado. Essa afirmação da autoridade divina serve tanto de consolo quanto de lembrete para Jó, incentivando a confiança em um Deus cuja soberania governa todos os fenômenos naturais. Assim como Ele estabelece limites firmes para as tempestades, também reina sobre todas as circunstâncias que possam ameaçar em nos subjugar.

Até então, Jó não havia respondido, demonstrando sua sabedoria. Afinal, ele era o maior homem do Oriente (Jó 1:3). Ele tinha sabedoria suficiente para saber que precisava permanecer em silêncio. Em Jó 40:3-5, Jó reconhecerá, apropriadamente, que é “insignificante” e incapaz de responder a tais perguntas. Mesmo assim, Deus continuará com o ensinamento. A lição terminará quando Jó confessar:

"Sei que tudo podes e que nenhum propósito teu se pode impedir."
(Jó 42:2)

Assim como:

“Eu tinha ouvido de ti com os ouvidos; mas, agora, te veem os meus olhos. Pelo que me abomino a mim mesmo e me arrependo no pó e na cinza."
(Jó 42:5-6)

Nesse ponto, Jó terá passado a conhecer a Deus de uma maneira nova, o que parece ser o objetivo principal d'Ele nesta sessão de aconselhamento e treinamento. O fato de Jó aceitar essa verdade com tanta submissão demonstra sua imensa humildade e explica por que Deus se vangloriava dele perante Satanás (Jó 1:8; 2:3).

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