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Significado de Jonas 4:5-8
Jonas ficou descontente e zangado porque o Senhor havia perdoou e poupado aos ninivitas. Sua atitude levou o SENHOR a perguntar-lhe se era apropriado que ele ficasse com raiva, oferecendo-lhe a oportunidade de escolher uma perspectiva verdadeira (Jonas 4:4). Depois de ouvir a pergunta do Senhor, Jonas saiu da cidade sem dar uma resposta a Deus. E tendo saído da cidade, o profeta encontrou um local adequado a leste dela, então sentou-se lá.
Enquanto se sentava a leste da cidade, o profeta fez um abrigo para si. A palavra usada aqui para “abrigo” é "sucá" na língua hebraica. Denota um abrigo temporário ou cabana construída de galhos e paus, proporcionando sombra durante o dia e proteção contra o orvalho e os ventos durante a noite (Gênesis 33:17; Amós 9:11). No mundo antigo, esse tipo de abrigo era frequentemente usado para fornecer sombra para os soldados no campo de batalha (2 Samuel 11:11; 1 Reis 20:12, 16).
Jonas fez o abrigo e sentou-se sob ele à sombra até ver o que aconteceria na cidade. Tendo pregado a mensagem de que Nínive seria "destruída" dentro de quarenta dias, o profeta esperava que Deus destruísse a cidade (Jonas 3:4). Então, ele ficou longe o suficiente para estar seguro. Porém, Deus já havia cedido em relação à calamidade. Ele não lhes infligiria mais castigo.
Quando o profeta se sentou fora de Nínive para ver o que aconteceria com a cidade, o Senhor interveio. Desta vez, o narrador usa um nome composto para se referir a Deus. O termo usado é SENHOR Deus, que é Yahweh-Elohim em hebraico. O termo para SENHOR é o nome da aliança de Deus, que Ele revelou a Moisés ao declarar: "EU SOU QUEM EU SOU" (Êxodo 3:14). O nome especifica a presença de Deus com Seu povo do convênio (Salmo 34:18). Por outro lado, "Elohim" significa força e poder criativo (Gênesis 1:1; 17:7).
A mudança de "SENHOR" (vv. 1-4) para "SENHOR Deus" é significativa porque facilita a transição do relacionamento de Javé com Jonas por Sua capacidade de criar ou fazer as coisas acontecerem. Assim, o narrador afirma que o Senhor Deus criou uma planta.
A palavra “criar” vem do verbo hebraico "mānâ", que significa comandar ou comissionar. Ocorre quatro vezes no livro de Jonas, cada vez tendo a Deus como sujeito (1:17; 4:7, 8). O verbo expressa o poder de comando de uma autoridade superior, conforme refletido no livro de Daniel, onde se descreve o poder dos reis babilônicos (Daniel 1:5, 10; 2:24, 49; 3:12). Aqui em Jonas, o verbo demonstra que somente Deus tem o poder de fazer o que quiser. Portanto, Ele encomendou cria uma planta, e ela cresceu sobre Jonas para ser uma sombra sobre sua cabeça. O objetivo era livrá-lo do desconforto.
O substantivo traduzido como “desconforto” é "raʿah" em hebraico, o mesmo termo usado anteriormente para descrever o comportamento de Nínive (1:2; 3:8), bem como o "desprazer" de Jonas com a decisão de Deus de mostrar misericórdia para a cidade (4:1). Em nossa passagem, o termo tem um duplo significado. Por um lado, refere-se ao desconforto físico do profeta. Nesse sentido, a planta servia de sombra para proteger Jonas do sol, livrando-o de sua miséria física. Por outro lado, o termo desconforto refere-se à atitude do profeta, expressa por seu "desprazer" (Jonas 4:1). Nesse sentido, descreve o desconforto espiritual de Jonas. Embora a planta não pudesse livrar o profeta de seu desconforto espiritual, ela servia como uma lição objetiva. Deus usaria a planta para ensinar a Jonas a verdade sobre seu problema interno. Não compreendendo o plano de Deus, Jonas ficou extremamente feliz com a planta.
A felicidade de Jonas com a planta durou pouco. Mais uma vez, Deus usa uma criatura como lição. Desta vez, Ele cria um verme quando o amanhecer chegou no dia seguinte. O termo para “verme” parece se referir a uma lagarta. Essa criatura é consistente em sua capacidade de despertar um sentimento de nojo porque sempre aparece em contextos de doença e decadência (Deuteronômio 28:39). Aqui também, Deus cria o verme para prejudicar a planta de Jonas. O verme atacou a planta, e ela murchou. As ações de Deus foram rápidas. Ele ordena que o verme ataque à planta de Jonas e a planta secou antes que o sol tivesse nascido.
Deus ensinou a Jonas outra lição: Quando o sol nasceu, Deus designou um vento oriental escaldante. O vento leste refere-se ao mortal "siroco", um vento quente que sopra por toda a terra a partir do deserto da Arábia Oriental. Esse vento era tão poderoso que podia potencialmente destruir os esforços humanos (Ezequiel 27:26; Salmos 48:7) e vegetação praga (Ezequiel 17:10).
Quando Deus designou o vento leste, o sol bateu na cabeça de Jonas. O verbo “bater” aparece em vários contextos da Bíblia, um dos quais é “colher”. Por exemplo, as pessoas batiam azeitonas para obter o óleo (Êxodo 29:40; Levítico 24:2) ou trigo para grãos (Juízes 6:11; Rute 2:17). Os povos antigos também batiam nas oliveiras para sacudir as azeitonas (Isaías 17:6; 24:13). Aqui em Jonas, Deus usa o verbo em conjunto com as forças da natureza para tornar as coisas quentes para Jonas. Ele faz com que o sol batesse na cabeça de Jonas, de modo que ele ficou irritado. Como resultado, o profeta implora com toda a sua alma para morrer, dizendo: "A morte é melhor para mim do que a vida".
O termo “alma” ["nephesh" em hebraico] denota a parte invisível e espiritual do homem representada pela respiração (Gênesis 2:7). É o espírito da vida alojado dentro do corpo (Gênesis 35:18). No entanto, muitas vezes o termo é sinônimo de "vida". Por exemplo, Esaú pediu à alma de seu pai que o abençoasse (Gênesis 27:19). Da mesma forma, Jacó confirmou que seu "sobrinho" fora preservado da morte depois de ver a "Deus face a face" (Gênesis 32:30). Também aqui em Jonas, o profeta usa o termo como sinônimo de sua vida. Ele desejava estar fisicamente morto.
Jonas pede ao SENHOR que o mate porque não podia concordar com a misericórdia do SENHOR para com os ninivitas (Jonas 4:3). Ele desejava morrer. Ele implora com toda a sua alma para morrer. Jonas parecia não estar preocupado em morrer quando pediu para ser lançado do navio, talvez porque pensasse que aquilo impediria Deus de poupar Nínive através de sua mensagem. Desta vez, o desejo de morte de Jonas veio por causa de seu sofrimento físico, não por sua raiva em relação à decisão de Deus de poupar os ninivitas.
É instrutivo ver aqui que Jonas, um verdadeiro profeta de Deus, tenha os mesmos problemas básicos comuns à humanidade. Ele sabia que Deus era verdadeiro, mas tinha dificuldade de confiar que Deus sabe o que é melhor. Jonas claramente tinha sua própria ideia do que era melhor e não parecia ter confiança de que Deus pudesse saber o que era melhor. Jonas também tinha dificuldade em escolher uma perspectiva verdadeira. Por causa da falta de escolha de confiança e perspectiva adequadas, Jonas previsivelmente fez escolhas ruins. Porém, Deus continuava a trabalhar com Jonas. Deus o pune, porque é isso que Deus faz com aqueles a quem ama (Hebreus 12:5-6).