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Significado de Levítico 23:26-32

Deus determina o Dia da Expiação ("Yom Kipur", em hebraico) como uma das santas convocações.

Deus diz a Moisés: "Aos dez dias deste sétimo mês, é o Dia da Expiação: será para vós uma santa convocação e afligireis as vossas almas". Este era o dia em que o povo de Israel deveria afligir sua alma. Para isso, os judeus interpretaram que não deveriam comer nem tomar água durante as 24 horas do Dia da Expiação. Muitos vão além, usando pano de saco e abstendo-se de outras coisas agradáveis. Até mesmo o sumo sacerdote, no Dia da Expiação, precisava se humilhar, abandonar seu manto colorido e o éfode e vestir-se como um sacerdote comum, ou seja, apenas com as vestes de linho branco (Levítico 16:4). A palavra hebraica “convocações” é "miqra", significando "ensaio". Deus determinou as santas convocações como santos ensaios para o evento messiânico no futuro.

Os israelitas são instruídos em relação ao tempo no qual deveriam afligir às suas almas durante os dez dias entre a Festa das Trombetas e o Dia da Expiação, que a tradição judaica chama de "dias de choque" ou "dias santíssimos”. Assim, no décimo dia do sétimo mês, o sumo sacerdote faria ofertas para fazer expiação em seu favor diante do Senhor, seu Deus. A palavra hebraica “expiação” é "kipur", significando "cobrir". Por extensão, também pode significar "reconciliar-se". O sangue da expiação reconciliava os israelitas com seu Susserano, Javé.

O diagrama abaixo mostra as festas dos meses lunares no ano civil. O calendário judaico era harmonizado aos meses lunares. O círculo azul interno mostra os meses correspondentes do calendário solar comuns no Ocidente (Veja a imagem).

O evento-chave para o “dia da expiação” era quando o sacerdote apresentava o sangue do sacrifício sobre o lugar conhecido como o "propiciatório", ou seja, o lugar entre os querubins na tampa da Arca da Aliança no Santo dos Santos (Veja a imagem).

O culto de adoração do dia da expiação é descrito em Levítico 16, sendo a única vez na qual um único indivíduo (o sumo sacerdote) poderia entrar no Santo dos Santos para fazer expiação por si mesmo e pela nação. Ele fazia isso aspergindo o sangue do sacrifício no propiciatório, apontando para o sacrifício de Jesus, que abriria o caminho para a humanidade entrar na presença de Deus (Hebreus 9:6-28):

"Pois Cristo não entrou num santo lugar feito por mãos de homens, figura do verdadeiro, mas no mesmo céu, para, agora, aparecer diante de Deus por nós" (Hebreus 9:24).

Neste culto anual, vemos como o sumo sacerdote deveria apresentar duas cabras no tabernáculo e lançar a sorte sobre elas, escrevendo os nomes "Javé" e "Azazel". O bode que recebesse a sorte como "Yahweh" deveria morrer como oferta pelo pecado. O outro bode, chamado "Azazel", seria solto no deserto. A tradição judaica afirma que, na era do segundo templo, um fio escarlate era amarrado a um dos chifres do bode Azazel. Se o sacrifício fosse aceito, o fio escarlate ficaria branco. É notável que o tratado Yoma 39b do Talmud diga: "Nossos rabinos ensinaram: Durante os últimos quarenta anos anteriores à destruição do templo, a sorte (para o nome Javé) nunca caiu na mão direita, nem o fio escarlate jamais ficou branco." O templo judaico foi destruído em 70 d.C.; portanto, 40 anos antes disso seria 30 d.C., mais ou menos no tempo da morte, sepultamento e ressurreição de Jesus de Nazaré.

Há paralelos notáveis entre a apresentação dos dois bodes e o relato de Jesus e Barrabás no Novo Testamento. Nos relatos do Evangelho, o sumo sacerdote convenceu a multidão a escolher a libertação de Barrabás, da mesma forma como lançava a sorte no Dia da Expiação para determinar que bode representaria Yahweh e Azazel. Sua escolha leva Jesus a morrer como oferta pelo pecado, enquanto Barrabás é solto.

Alguns manuscritos gregos do Novo Testamento mostram que o nome de Barrabás era "Jesus Bar-Abbas", a forma aramaica para "Jesus, filho do pai". Isso se encaixa em outro aspecto na apresentação dos dois bodes. No segundo templo, os dois bodes deveriam ser idênticos em estatura, qualidade e cor, de modo a não tentar o sumo sacerdote a lançar sortes de forma a favorecer um bode em detrimento do outro. O Novo Testamento, escrito no âmbito do judaísmo do século 1, aborda muitas das práticas judaicas naquele tempo.

O nome do segundo bode, "Azazel", era o nome de um anjo caído mencionado no livro de Enoque, nos escritos judaicos, bem como em Levítico 16:26. Em muitas traduções da Bíblia, Azazel é traduzido como "bode expiatório". Mas talvez seja melhor deixarmos o termo sem tradução, apenas como nome próprio.

O ministério de Cristo é muito maior do que o da Antiga Aliança em todos os aspectos. Cristo não entrou no tabernáculo terreno, como o sumo sacerdote fazia. Ele entrou no verdadeiro tabernáculo no céu mostrado a Moisés na presença de Deus. Ele não ofereceu o sangue de animais por nossos pecados como o sumo sacerdote levítico fazia, Ele ofereceu Seu próprio sangue sem pecado por nossos pecados. Por fim, ele não entrou uma vez por ano, conforme era exigido do sumo sacerdote, Ele entrou uma vez por todas. Ao fazer essas coisas, Cristo obteve a redenção eterna para todos nós. Esta redenção não exige que realizemos obra alguma, pois é algo que recebemos gratuitamente pela fé (Hebreus 9:23-28).

“Resgatar” significa ser liberado de algo em troca de um pagamento, como de uma dívida, por exemplo. Cristo entrou no tabernáculo celestial e pagou a dívida dos nossos pecados de uma vez por todas, liberando-nos diante de Deus. Se confiarmos na obra redentora de Cristo na cruz por nossos pecados, receberemos a salvação eterna que Jesus, nosso grande Sumo Sacerdote, obteve. Esta é a nossa posição em Cristo, nossa entrada permanente na família de Deus, através do renascimento espiritual pelo Espírito Santo e adquirida pela fé na promessa de Deus em Jesus (João 3:14-16; Romanos 12:5).

A apresentação da oferta queimada diante do SENHOR faz referência às outras ofertas do Dia da Expiação descritas em Levítico 16 e Números 29.

O Senhor acrescenta: Não fareis obra alguma servil, pois é dia de expiação, em que se faça expiação por vós diante de Jeová, vosso Deus. O Dia da Expiação era um dia de descanso, o que significava que todas as leis aplicadas ao dia do sábado deveriam ser aplicadas a ele, com uma punição particularmente rigorosa aos que não se humilhassem diante de Deus. Esta pessoa seria cortada do povo. Ser “cortado” significava não ter mais lugar em Israel, um castigo que poderia ser administrado através da morte (Número 4:17-19; Gênesis 9:11). Moisés também instrui o povo: Toda alma que fizer alguma obra nesse mesmo dia, essa alma destruirei dentre o seu povo. Além de ordenar que Israel administrasse justiça aos que violassem o Dia da Expiação, Moisés acrescenta que Deus destruiria do meio de Seu povo aqueles que se recusassem a se humilhar naquele dia santo.

Deus declara a Israel que o Dia da Expiação era um estatuto perpétuo e deveria ser observado ao longo de suas gerações em todas as suas moradas. Deus desejava que a cerimônia continuasse através das gerações. Ela deveria continuar a ser celebrada em todas as suas moradas, embora os sacrifícios só pudessem ser oferecidos quando o templo judaico estivesse em funcionamento.

O dia, na Bíblia, era contado do início da noite de um dia até o início da noite seguinte, conforme demonstrado no versículo 32: Desde a tardinha, de uma a outra tarde, guardareis o vosso sábado.  

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