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Significado de Mateus 15:1-9
O relato paralelo do Evangelho quanto a este evento é encontrado em Marcos 7:1-13.
Mateus continua sua narração sobre a vida e o ministério de Jesus, o Messias. Ele concluiu sua passagem anterior registrando como Jesus havia milagrosamente curado pessoas na terra em Genesaré, no distrito da Galiléia (Mateus 14:34-36), após ter alimentado a cinco mil homens e caminhar sobre as águas. Mateus usa a palavra Então para indicar uma pequena mudança de tempo ou lugar, mostrando que o que ocorreria a seguir não fazia parte da mesma cena. João relata essa conversa entre Jesus e aqueles que O encontraram em Cafarnaum em João 6:25-71.
Então alguns fariseus e escribas vieram a Jesus. Mateus nos diz que estes não eram fariseus locais. Eles eram da capital, Jerusalém, que ficava cerca de oitenta milhas de distância da costa norte da Galiléia. Esses líderes podem ter sido fariseus locais que haviam confrontado Jesus em Mateus 12. Se foram os mesmos, é possível que, depois de sua humilhação pública, eles tenham ido a Jerusalém para informar alguns de seus irmãos mais experientes e agora estavam de volta para desafiar Jesus outra vez. Os fariseus eram mestres religiosos e guardiães da cultura e dos costumes judaicos. Seu raio de ação eram as sinagogas. Os escribas, especialistas na lei, também vieram de Jerusalém para ter com Jesus.
Eles vieram trazer mais uma armadilha para o Messias. E tentaram fazê-lo publicamente (Mateus 15:10). A substância de sua acusação era semelhante à que os fariseus anteriormente haviam usado contra Ele. Ambos tentaram encontrar falhas em Jesus pelo comportamento de Seus discípulos.
Anteriormente, quando os fariseus haviam confrontado a Jesus, eles haviam sido diretos. "Olhai, os vossos discípulos não fazem o que é lícito fazer no sábado" (Mateus 12:2). Agora, no capítulo 15, esses fariseus de Jerusalém estavam sendo mais astutos em sua armadilha. Por que Seus discípulos quebram a tradição dos anciãos?
Sua acusação foi inserida dentro de uma pergunta capciosa, colocada de tal forma que eles já O condenavam como culpado. A questão havia sido pensada de maneira a fabricar um pecado. Se Jesus respondesse diretamente à sua pergunta, Ele admitiria que Seus discípulos eram violadores das tradições. E isso O colcaria nas mãos dos fariseus e escribas.
A tradição dos anciãos não era um mandamento de Deus. Ela era uma tradição oral criada por líderes religiosos e instituída após o retorno de Judá do exílio babilônico. A tradição havia sido criada para servir como proteção extra e garantir que as pessoas seguissem os mandamentos de Deus. Presumivelmente, o pensamento era: "Não queremos que outro exílio aconteça, então vamos nos certificar de que cumpramos rigorosamente os mandamentos de Deus". Sua intenção inicial era estabelecer um limite moral produzido pelo homem em torno do código moral de Deus, visando impedir que Israel transgredisse a Lei de Deus novamente. O problema é que essa tradição havia se tornado mais sagrada aos olhos dos fariseus e escribas do que o mandamento de Deus. Tornara-se um fim em si mesmo. E, como ocorre com a maioria das instituições, a ameaça ao poder dos anciãos parecia ser sua principal preocupação.
Os fariseus concluíram sua pergunta com uma acusação específica contra os discípulos de Jesus: Pois eles não lavam as mãos quando comem pão. Não havia mandamento divino algum de lavar as mãos antes de comer pão, os anciãos haviam acrescentado esta parte.
A resposta de Jesus é plena e explosiva. Ele começa com uma pergunta ainda mais capciosa que a dos fariseus. Ele cita o exemplo de como eles transgridem a Lei de Deus. Ele os chama de hipócritas e os expõe como mentiros. Ele conclui Sua resposta com uma profecia.
Em vez de responder diretamente à sua pergunta, Jesus ignorou sua acusação e lhes faz uma pergunta bombástica:
Por que vocês mesmos transgridem o mandamento de Deus por causa de sua tradição?
Ao contrário da acusação dos fariseus, sutil e indiretamente direcionada à autoridade de Jesus por conta das ações dos discípulos, Jesus vai direto ao ponto com esta pergunta. Ele os acusa diretamente e inicia Sua pergunta com a expressão: "Por que vocês mesmos..." Ele faz uma acusação ainda mais séria contra os fariseus. Eles O acusaram de quebrar sua tradição. Ele os acusa de violar o mandamento de Deus. E, ao mesmo tempo, Ele brilhantemente rejeita sua acusação, dizendo que sua tradição é usada como uma desculpa para transgredir a Palavra de Deus.
Jesus então explica a eles (e a todos que os ouviam) como eles abusavam de sua tradição para transgredir a Palavra de Deus. Ele consegue isso citando um dos Dez Mandamentos: Pois Deus ordenou: "Honra teu pai e tua mãe" (Deuteronômio 5:16). Jesus segue este mandamento citando a Lei para enfatizar sua importância: "Aquele que fala mal contra o pai ou a mãe deve ser morto" (Êxodo 21:17; Levítico 20:9).
Jesus, então, solta a bomba: Vocês praticam e ensinam: "Quem diz a seu pai ou mãe em um momento de necessidade: 'Tudo o que eu poderia fazer de ajudá-los já foi dado a Deus através das minhas dádivas à sinagoga. Desculpe, pai e mãe, não tenho mais nada para ajudá-los, porque sou fiel de acordo com a tradição dos anciãos.’ A tradição dos anciãos permitia que as pessoas dissessem: "O dinheiro que eu poderia dar para ajudar meus pais eu dei para a sinagoga". (Jesus não menciona que o dinheiro direcionado à sinagoga também acabava beneficiando os próprios anciãos.)
Jesus os acusou, dizendo: "Vocês ensinam que tal filho desonroso fica dispensado de honrar o mandamento de honrar seu pai e sua mãe ao dar dinheiro para a sinagoga". Os anciãos forneciam uma solução alternativa, para que as pessoas pudessem desobedecer aos Dez Mandamentos em favor de suas tradições.
Jesus continuou Sua repreensão mordaz, chamando os fariseus do que eles realmente eram: Hipócritas. O termo “hipócrita” era a palavra grega para os "atores". Jesus deu a eles este termo e os rotulou publicamente como fingidos, falsos e moralistas.
Por fim, Ele usa uma profecia de Isaías que resumia sua vaidade:
“Isaías profetizou corretamente sobre vós:Este povo Me honra com os lábios,mas o seu coração está longe de Mim.Mas em vão eles Me adoram,Ensinando como doutrinas os preceitos dos homens.”
Jesus estava citando Isaías 29:13. Neste contexto, o povo se referia aos fariseus e escribas. A expressão Honrar-Me com os lábios significa que eles falavam como se realmente amassem e honrassem a Deus. Mas seu amor por Deus era meramente da boca para fora. Eles não amavam a Deus de coração. Seu coração e seus desejos estavam longe de Deus. Seu coração prezava pela estima dos homens e dos reinos deste mundo.
O resultado é que sua adoração a Deus não tinha efeito. Não agradava nem movia a Deus. Era em vão. Sua adoração, sem dúvida, incluía o dinheiro, o serviço ou a assistência que escolheram dar às suas sinagogas, em vez de ajudarem a seus pais e mães.
Jesus termina citando a profecia de Isaías sobre o ensino de doutrinas e de preceitos dos homens. Os fariseus agiam como se suas tradições e preceitos pudessem substituir a doutrina divina. Nenhum conjunto de doutrinas era mais divino do que os Dez Mandamentos dados a Moisés pelo próprio Deus no Monte Sinai. Ainda assim, eles justificavam suas transgressões em seus próprios preceitos.
Jesus havia destruído completamente sua armadilha moral e sua acusação contra Ele. Ele transformou a acusação de que os discípulos de Jesus violavam as tradições em uma acusação ainda mais pesada contra eles. Jesus mostrou como eles regularmente desobedeciam ao mandamento de honrar pai e mãe, usando sua tradição de dar dinheiro às sinagogas como desculpa para não ajudar aos pais durante períodos de necessidade.
Eles foram enfaticamente desmascarados. E em público. Mateus não registra a resposta dos fariseus. Eles saíram derrotados, humilhados e ofendidos em relação a Jesus. Isso pode ser inferido por suas ações posteriores, nas quais eles cometeram blasfêmia, de acordo com sua própria definição, a fim de induzir Pilatos a crucificar Jesus, quando disseram: "Não temos rei, senão César" (João 19:15).