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Significado de Filipenses 1:2-6
Paulo continua sua saudação, acrescentando a frase Graça a vós e paz da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.
A palavra “graça” é "charis" no original grego e significa "favor". O contexto determina quem concede o favor e por qual motivo. Isso pode ser visto em Lucas, que diz:
"E Jesus continuava crescendo em sabedoria e estatura, e em favor de Deus e dos homens" (Lucas 2:52).
A palavra traduzida como "favor" neste versículo de Lucas também é "charis", por isso pode ser traduzida como "graça". Neste caso, as pessoas na comunidade de Jesus atribuíam favor a Ele quando menino, já que Ele crescia em estatura e sabedoria. Neste caso, a "graça" ou "favor" era atribuída devido ao juízo de valor sobre a vida e do caráter de Jesus.
Outro exemplo do uso de "charis" pela Bíblia está em Lucas 1, quando o anjo se dirige à Virgem Maria:
"E chegando, ele [o anjo] disse-lhe: 'Saudações, favorecida! O Senhor está convosco" (Lucas 1:28).
"Favorecida" aqui é uma tradução de "charitoo", cuja raiz é "charis". Assim, em sua saudação, ao declarar graça a vós, Paulo deseja favor àqueles crentes em Filipos a quem ele havia servido em sua qualidade de ministro do Evangelho.
Além de desejar graça, Paulo também deseja paz sobre eles. Parece razoável pensar que Paulo tenha em mente a idéia judaica de Shalom, traduzida do hebraico como "paz". "Shalom" é um termo usado como uma saudação hebraica até hoje. Tem um significado profundo e holístico, sendo derivado de uma raiz que indica totalidade ou completude. O significado de "Shalom" não se limita à mera ausência de conflito. É um significado bastante amplo, podendo se aplicar tanto a circunstâncias de prosperidade como de bem-estar espiritual. Portanto, ao desejar graça e paz aos crentes de Filipos, Paulo desejava que suas vidas fossem plenas e completas nos termos mais amplos possíveis.
Paulo continua a introdução de sua carta dizendo: Agradeço ao meu Deus em toda a minha lembrança de vós, sempre orando com alegria em todas as minhas orações por todos vós, tendo em vista sua participação no Evangelho desde o primeiro dia até agora. Nesta carta e em outros escritos de Paulo podemos ter uma idéia de como os crentes em Filipos haviam participado no Evangelho junto com o apóstolo. Leremos no versículo 29 do capítulo 1 que "foi concedido por causa de Cristo, não apenas crer Nele, mas também sofrer por causa Dele". Seu sofrimento em nome do Evangelho, juntamente com o sofrimento de Paulo, significava participação no Evangelho. Paulo também dirá que eles "sempre obedeceram" (Filipenses 2:12).
Os crentes em Filipos também eram os primeiros e mais consistentes apoiadores financeiros de Paulo (Filipenses 4:15-16). Paulo destaca um ponto particular em 1 Coríntios 9. Ele diz que trabalhava para levantar seus próprios recursos (provavelmente através da produção de tendas), ao invés de buscar apoio financeiro. Como veremos no capítulo 4, os crentes em Filipos enviaram apoio financeiro a Paulo sem que isso tivesse sido solicitado. Este era outro exemplo de sua participação no Evangelho junto com Paulo.
Paulo afirma que a participação deles no Evangelho era a razão pela qual ele estava sempre oferecendo oração com alegria em todas as minhas orações por todos vós. Paulo estava feliz tanto porque os crentes em Filipos estavam vivendo fielmente, suportando o sofrimento como bons soldados de Jesus e participando junto com ele, sustentando suas finanças. Isso trazia alegria a Paulo, pois este era o propósito de sua mordomia no Evangelho de Cristo.
A oração de Paulo está enraizada na fé, pois ele afirma estar confiante nisso mesmo, que Aquele que começou uma boa obra em vós irá aperfeiçoá-la até o dia de Cristo Jesus. Podemos extrair do contexto aqui, bem como de outras orações de Paulo em suas cartas, que a principal oração de Paulo pelos crentes em Filipos era para que eles continuassem a crescer na fé e perseverassem fielmente até o fim de suas vidas. Paulo desejava que eles tivessem o mesmo tipo de recompensa alcançadas por Jesus por ter vivido fielmente, conforme descreverá em 2:5-11. Ver seus filhos espirituais viverem em fidelidade era a grande recompensa de Paulo (Filipenses 2:14-16; 1 Tessalonicenses 2:20).
Paulo afirma que Jesus havia começado uma boa obra neles. Isoladamente, essa frase poderia se referir ao fato de que os crentes em Filipos haviam chegado à fé em Cristo. Quando chegamos à fé, Jesus espera que andemos em boas obras (Efésios 2:10). As Escrituras também prometem que Deus fará com que todas as coisas operem para o bem daqueles que estão em Cristo, visando nos conformar à imagem de Jesus (Romanos 8:28-29). No entanto, nesta passagem, o contexto imediato parece indicar a que a boa obra que Deus havia começado nos crentes em Filipos era sua participação no Evangelho desde o primeiro dia até agora. O primeiro dia provavelmente se refira à primeira vez que os filipenses creram no Evangelho, ou seja, quando sua participação no Evangelho começou. Eles permaneceram firmes até o momento da escrita da carta. Seu exemplo de firmeza era o que dava a Paulo a confiança de que eles permaneceriam com ele e com o Evangelho.
Esse bom trabalho de participar do Evangelho era algo que Jesus também aperfeiçoaria e Paulo estava confiante de que este seria o caso. Conformar-se à imagem de Jesus é algo que as Escrituras prometem como uma certeza (Romanos 8:28-29). Paulo parece falar aqui de algo incerto. Ele explica na próxima seção porque estava confiante de que os crentes em Filipos continuariam sua participação no Evangelho: eles continuavam a sustentar o apóstolo como recursos financeiros enquanto ele estava preso, tornando-os coparticipantes da "graça" ou "favor" dado a Paulo por seus sofrimentos. Ao apoiá-lo, eles participavam da graça que Paulo havia recebido de Deus por causa de seu sofrimento por causa do Evangelho. Paulo estava dizendo: "Dado o compromisso que vocês demonstraram até agora, estou confiante de que vocês continuarão comigo e com o Evangelho".
A palavra traduzida como “perfeito” vem da raiz da palavra "epiteleo", que significa "executar até a conclusão completa". A oração de Paulo pelos filipenses estava ligada à firme crença de que a boa obra que Jesus havia começado neles — participando com Paulo em seu ministério do Evangelho — continuaria até que o ministério de Paulo fosse concluído. Além disso, ele acreditava que Jesus continuaria a aperfeiçoar essa boa obra neles até o dia de Cristo Jesus. Este dia refere-se a um evento futuro, quando a era atual terminará e quando Jesus julgará às obras de todos os crentes, dando-lhes as recompensas por sua obediência (2 Coríntios 5:10).
Paulo provavelmente tinha em mente a confiança de que os filipenses continuariam o trabalho depois de sua morte, defendendo e perpetuando o Evangelho mesmo depois de sua partida por toda a sua vida. Como Paulo dirá no capítulo 2, há uma tremenda recompensa para uma vida de obediência e humildade. Paulo apresenta a visão de que continuar a participar do Evangelho significava seguir ao exemplo de Jesus. Apesar do alto custo, incluindo até mesmo a perda da vida, Paulo argumenta que este é o melhor caminho a seguir.
A confiança de Paulo em relação a esta realidade é o que o alegra e o leva a encorajar seus discípulos a abraçar os sofrimentos pela causa de Cristo. Paulo estava inteiramente convencido de que valeria a pena. Ele vai desenvolver mais sobre isso no capítulo 2.