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Significado de Salmos 118:5-7

O salmista inicia sua narrativa poética (Salmo 118:5-27), recordando a época em que clamou ao Senhor em sua aflição. O SENHOR o respondeu e o exaltou. O salmista não temia porque o SENHOR estava com Ele. Ele se pergunta em voz alta: o que o homem pode fazer comigo? Ele conclui que podia confiar no SENHOR e descansar, contentando-se em não retribuir o mal que lhe fizeram, porque o SENHOR estava entre aqueles que o ajudaram. O Senhor o salvaria e julgaria a sua causa.

Os versículos 1-4 deste salmo servem como uma espécie de introdução e/ou coro no Salmo 118. Neste refrão introdutório, o salmista nos exorta: "Dai graças ao SENHOR porque Ele é bom" (Salmo 118:1), antes de repetir a frase "sua benignidade dura para sempre" quatro vezes (Salmos 118:1, 2, 3, 4).

A natureza eterna da bondade do SENHOR (a palavra hebraica "hesed") é o pressuposto básico expresso em todo este salmo.

O versículo 5 inicia a seção narrativa principal do salmo. A narrativa poética vai dos versículos 5 ao 27.

Esta narrativa pessoal relata, de forma poética, a história de um momento em que o salmista estava cercado por inimigos na batalha e enfrentava uma desgraça iminente (Salmo 118:10-12). Nessa situação, o salmista, provavelmente o rei Davi, invoca ao SENHOR (Salmo 118:5) e não apenas é resgatado da morte (Salmo 118:14, 17), mas também triunfa sobre seus inimigos (Salmo 118:7).

O salmista, então, celebra em suas tendas após a batalha (Salmo 118:15-16), desfila triunfalmente em sua cidade (Salmo 118:19-20) e oferece sacrifícios ao SENHOR (Salmo 118:21, 27). A releitura é pontuada pelos constantes louvores e exortações a confiar no SENHOR (Salmos 118:6-9, 18, 22-26).

Esta narrativa poética refere-se ao testemunho pessoal do salmista de que a "benignidade do SENHOR dura para sempre" (Salmos 118:1-4, 29). Ela também fornece um exemplo "aos que confiam no nome do Senhor" (Salmo 118:4), incentivando-os a cantar, se recordar e seguir ao Senhor em suas próprias provações.

O Salmo 118 é "a Hosana Hallel". Conforme mencionado no comentário do Salmo 118:1, "Hosana" é tanto uma petição desesperada quanto uma declaração de louvor. Como petição, "Hosana" é um grito de socorro que significa "Salve-nos!" ou "Livra-nos!" Como louvor, "Hosana" é um grito de alegria que significa "Salvação!" ou "A libertação chegou!" Ambos os aspectos de "Hosana" estão presentes neste salmo.

A primeira linha da narrativa poética do salmista começa com um grito de socorro - "Hosana/Salva-me!"

Do aperto em que me achava, invoquei a Jeová (v. 5a) - Hosana/Salva-me!".

Não conhecemos as circunstâncias exatas da aflição na qual o salmista invocou ao Senhor. Porém, sabemos ser algo pessoal, porque ele a descreve como “aperto em que me achava”.

A angústia parecia vir uma ameaça militar à vida do salmista.

Conforme descrito no comentário bíblico do Salmo 118:1, o provável autor do Salmo 118 e ra o rei Davi. A angústia descrita pelo salmista parece compatível com o perigo militar e a libertação divina descrita por Davi no Salmo 18. O perigo do Salmo 18 consiste nas "palavras [que Davi] falou ao Senhor...no dia em que o Senhor o livrou da mão de todos os seus inimigos e das mãos de Saul" (Salmo 18).

Ao longo de sua vida, o rei Davi teve muitos problemas e circunstâncias de aflição pessoal. A angústia pessoal descrita no Salmo 118 poderia se referir:

  • Ao exílio de Davi sob o rei Saul (1 Samuel 19-2 Samuel 1);
  • Às batalhas de Davi contra os filisteus (2 Samuel 5:17-21, 5:22-25);
  • À rebelião de seu filho Absalão (2 Samuel 15-18).
  • À outra circunstância específica na vida do salmista.
  • À uma mistura geral de várias circunstâncias angustiantes na vida do salmista.

Não é importante para a mensagem do Salmo 118 sabermos a qual desses eventos angustiantes o salmista estava se referindo. O importante é que, durante sua aflição, ele invocou ao Senhor. Toda angústia é algo pessoal para quem a está experimentando. O exemplo que o salmista nos dá a respeito de invocar ao SENHOR nos momentos de aflição é o exemplo ao qual devemos prestar atenção.

O texto indica que o salmista invocou ao SENHOR em meio a, ou das profundezas de sua aflição. Ele não esperou até que sua aflição terminasse para invocar ao Senhor. A razão pela qual o salmista invocou ao SENHOR foi porque, em sua aflição, ele se lembrou de que "Sua benignidade dura para sempre" (Salmos 118:1, 2, 3, 4, 29).

O salmista não permite que suas circunstâncias angustiantes superassem a autoridade de Deus em sua vida. Ele confiava na palavra do Senhor e em Sua incrível fidelidade ("hesed") como a autoridade final sobre sua realidade.

Sempre que estivermos em perigo, devemos seguir ao exemplo do salmista, nos lembrar da eterna bondade do SENHOR e invocá-Lo, buscando a Sua perspectiva sobre nossas circunstâncias (Tiago 1:5). Devemos seguir à orientação do SENHOR sobre como devemos lidar com as dificuldades da vida (Tiago 1:22-25).

Se fizermos isso, não estaremos sozinhos em nossa angústia, porque o SENHOR estará sempre conosco. O SENHOR nos ouvirá. Ele nos ajudará (Joel 2:32a, Atos 2:21, Romanos 10:13). E seremos capazes de superar nossa aflição de tal maneira que isso seja agradável a Deus (Tiago 1:12).

Ao invocar ao Senhor, o salmista diz:

Jeová respondeu-me e colocou-me num lugar espaçoso (v. 5b) - "Hosana/Fui salvo!").

O salmista proclama que o SENHOR não havia ignorado ao seu clamor. Ele respondeu.

O salmista também descreve como o Senhor o “colocou num lugar espaçoso”. A palavra hebraica traduzida como "espaçoso" é מֶרְחָב (H4800 — pronuncia-se: "mer-khawb"). Esta palavra representa um lugar amplo ou extensão aberta. Literalmente, pode descrever um palácio. Em termos metafóricos, descreve a salvação da opressão ou do perigo, ou a libertação das circunstâncias sufocantes da angústia.

O rei Davi pôde experimentar e ver o SENHOR colocando-o em um lugar espaçoso depois de tê-Lo invocado em sua aflição. Davi sofreu circunstâncias angustiantes durante as perseguições de Saul. Ele estava literalmente escondido em cavernas, antes que o Senhor o colocasse como rei sobre Israel, onde passou a viver em um lugar espaçoso, em comparação com as cavernas.

O Salmo 18, escrito pelo rei Davi, descreve esse evento com linguagem semelhante ao Salmo 118:5:

"Na minha angústia, invoquei a Jeová e clamei por socorro ao meu Deus. Ele ouviu, do seu templo, a minha voz, e o clamor que lhe fiz entrou nos seus ouvidos" (Salmos 18:6).

"Ele me tirou para um lugar espaçoso; livrou-me, porque tinha prazer em mim" (Salmos 18:19).

A Bíblia nos diz que se confiarmos e invocarmos ao SENHOR durante a aflição das  nossas provações Ele nos responderá e nos colocará em um lugar de autoridade no novo céu e na nova terra (Mateus 19:28-29, 2 Timóteo 2:12, Apocalipse 3:21).

O Salmo 118:5 também é profético em relação ao descendente do rei Davi, Jesus, o Messias.

No Getsêmani, Jesus, o Messias, ficou muito angustiado e entristecido até a morte (Mateus 26:37-38). Porém, mesmo em Sua aflição, Ele não se esqueceu de que a bondade do SENHOR era eterna (Salmo 118:1-4). Ele orou fervorosamente e invocou ao SENHOR em Sua aflição (Mateus 26:39, 42, Lucas 22:44).

O SENHOR respondeu a Jesus em Sua aflição (Lucas 22:43). Pelo fato de ter sido fiel até a morte, o SENHOR o colocou em posição de autoridade, em lugar espaçoso — o céu e a terra (Isaías 53:12, Mateus 28:18, Filipenses 2:8-11, Hebreus 12:2).

O salmista continua proclamando sua confiança usando um silogismo e uma frase retórica.

Um silogismo dá destaque a duas afirmações num grupo de três afirmações. A terceira é subentendida, implícita - como a resposta a uma pergunta retórica.

O silogismo do salmista é: Jeová é por mim, não recearei (v. 6a).

Neste caso, ele afirma uma das premissas: O SENHOR é por mim. A conclusão lógica é: Não temerei. A terceira premissa implícita é: "Mesmo quando estou em perigo".

"A benignidade do SENHOR ("hesed") dura para sempre" (Salmos 118:1-4, 29). O SENHOR estava com o salmista. Isso significava que ele estava sob a proteção do Deus Todo-poderoso. Pelo fato de o SENHOR ser com ele, nada poderia destruí-lo. Por isso, ele, apesar de experimentar circunstâncias que causavam tanta angústia, conclui: Não recearei.

A seguir, o salmista apresenta uma frase retórica:

Que me pode o homem fazer? (v. 6b).

A única resposta esperada e implícita a essa pergunta era: "Eles não podem me fazer mal algum".

O fato de o salmista identificar o “homem” como sua oposição e fonte de sua angústia revela que ela era ou de natureza social ou política. Se era política, provavelmente significava que a perspectiva da morte era um resultado possível, não fosse o fato o Senhor ser por ele. A perspectiva da morte é confirmada mais tarde neste salmo (Salmo 118:17-18).

Jesus, o Messias, reformulou o silogismo e a pergunta retórica do salmista, dando a Seus discípulos uma diretriz bastante clara:

"Não temais aos que matam o corpo, mas não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer na Geena [literalmente, no inferno] tanto a alma como o corpo" (Mateus 10:28).

Paulo traz uma advertência semelhante à pergunta retórica do salmista em sua carta aos crentes em Roma:

Que diremos, pois, à vista dessas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Mas, em todas essas coisas, somos mais que vencedores por aquele que nos amou (Romanos 8:31, 35, 37).

Paulo também sabia que a "benignidade do SENHOR dura para sempre" (Salmos 118:1-4, 29):

"Pois estou persuadido de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas presentes 39nem as futuras, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que é em Cristo Jesus, nosso Senhor" (Romanos 8:38, 39).

Sempre que as pessoas nos ameaçam direta ou indiretamente por seguirmos ao SENHOR devemos adotar uma perspectiva semelhante à do salmista e seguir aos ensinamentos de Jesus e Paulo, sabendo que o SENHOR está do nosso lado e, assim, não devemos ter medo da opressão ou punição do homem.

Salmos 118:6 é um texto profético a respeito de Jesus, o Messias.

Jesus, o Messias, sabia que o SENHOR era por Ele (Isaías 50:7-9, João 17:1, 4-5). Ele não respondeu ao medo do homem. Ele desprezou (minimizou) a vergonha que eles buscavam trazer sobre Ele e suportou uma morte agonizante na cruz pela alegria de agradar a Deus e pela recompensa colocada diante Dele (Hebreus 12:2).

O salmista sabia quem estava do seu lado e que seria vitorioso com a ajuda do Senhor:

Por mim é Jeová entre os que me ajudam; por isso, verei cumprido o meu desejo nos que me odeiam (v. 7).

O salmista repete: “O SENHOR é por mim”, antes de explicar que Deus estava entre aqueles que o ajudavam. Em outras palavras, o salmista sabia que teria sucesso porque o SENHOR estava entre seus aliados — e o SENHOR nunca falha. A razão pela qual o SENHOR estava entre aqueles que ajudavam ao salmista é porque ele estava fazendo a obra que o SENHOR o havia chamado para fazer.

O salmista não estava dizendo: "Posso fazer o que eu quiser e vou vencer porque Deus está comigo”. Ao invés disso, ele está dizendo: "Estou do lado do Senhor e, pelo fato de estar fazendo a Sua vontade, em Sua força, serei bem-sucedido". O sucesso está na fidelidade, não nna garantia de resultados circunstanciais.

Portanto, aqueles que odiavam ao salmista e a obra que ele estava fazendo para o SENHOR acabariam sendo derrotados. Talvez fosse na próxima vida, mas, eventualmente, todos eles seriam julgados. O salmista podia descansar. Ele não precisava retaliar ou buscar vingança, porque o SENHOR era por ele e a vingança estava nas mãos do SENHOR (Deuteronômio 32:35).

É isso que o salmista quer dizer ao declarar: Por isso, verei cumprido o meu desejo nos que me odeiam. Ele não precisava fabricar sua própria justiça, pagando na mesma moeda ou punindo aos inimigos que tentavam destruí-lo.

Os que odiavam ao rei Davi, provável autor deste salmo, poderiam incluir várias pessoas ao longo de sua vida. Entre seus inimigos mais desesperados estavam o rei Saul e o próprio filho rebelde de Davi, Absalão. Havia muitas pessoas que se opunham a Davi como o rei ungido do Senhor. Davi poupou a vida do rei Saul na caverna de Engedi quando o rei estava furiosamente tentando matá-lo (1 Samuel 24:1-7). Davi disse a seus amigos que o exortaram a matar a seu inimigo:

"Deus me guarde de que eu faça isso ao meu senhor, ao ungido de Jeová, a saber, que eu estenda a mão contra ele, visto que ele é o ungido de Jeová" (1 Samuel 24:6).

Davi poupou a seu inimigo Saul uma segunda vez (1 Samuel 26:1-25). Quando o rei Saul acampou na colina de Haquilá, Davi entrou em seu acampamento e encontrou o rei dormindo. Respondendo a seu amigo, Abisai, que se dispôs a matar Saul no lugar de Davi:

Não o mates... Pela vida de Jeová, Jeová o há de ferir ou chegará o seu dia, e morrerá ou descerá para a batalha e perecerá. Não permita Jeová que eu estenda a mão contra o seu ungido” (1 Samuel 26:9a, 10-11a).

Saul, mais tarde, foi morto na batalha contra os filisteus (1 Samuel 31:1-6).

Quando o filho de Davi, Absalão, liderou uma insurreição contra seu pai, o rei deu a seguinte instrução a seus generais: "Por amor de mim, tratai com brandura ao mancebo, a Absalão" (2 Samuel 18:5b).

Absalão, mais tarde, ficou preso por seus próprios cabelos em um carvalho enquanto cavalgava para a batalha (2 Samuel 18:9) e Davi chorou quando soube que seu filho havia sido morto (2 Samuel 18:33).

Em todos esses casos, da mesma forma que Davi havia sido injusta e traiçoeiramente oprimido por aqueles que o odiavam, ele via a seus inimigos, porém contentava-se em deixar a execução da justiça nas mãos do SENHOR, ao invés de buscar vingança.

Quando amamos ao SENHOR (ou seja, quando seguimos aos Seus mandamentos — João 15:10), Ele se levanta por nós e nos ajuda. Temos essa confiança de que Ele "faz com que todas as coisas cooperem conjuntamente para o bem daqueles que amam a Deus" (Romanos 8:28).

Mesmo quando somos tratados injustamente ou perseguidos, podemos confiar nossas vidas ao SENHOR (1 Pedro 4:19), descansar e contentar-nos, sem a necessidade de retaliação ou de fazer justiça com as próprias mãos contra os que nos odeiam, porque a vingança vem do SENHOR (Deuteronômio 32:35),

"Não torneis a ninguém mal por mal; cuidai em coisas dignas diante de todos os homens; se for possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens; não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira de Deus; porque está escrito: Minha é a vingança, eu retribuirei, diz o Senhor" (Romanos 12:17-19).

O Salmo 118:7 é profético a respeito de Jesus, o Messias.

O SENHOR era por Ele e estava entre os que O ajudaram. Isso foi verdade quando Jesus, o Messias, foi traído no Jardim do Getsêmani. O único exemplo no qual Ele levantou a Sua mão foi para curar a orelha ferida de um de Seus captores (Lucas 22:49-51). Durante Seu julgamento, Ele não falou contra Seus acusadores (Isaías 53:7, Mateus 26:63a). Ele se submeteu à morte sob a acusação de Pilatos e carregou Sua cruz (João 19:17). Ele não convocou as doze legiões de anjos que apenas esperavam uma ordem Sua no céu, armados e prontos para resgatá-Lo sob Seu comando (Mateus 26:53).

Jesus, o Messias, deu as costas aos que O batiam, aos que arrancavam Sua barba. Ele não cobriu Seu rosto contra a humilhação das cusparadas (Isaías 50:6). Jesus sabia: “O Senhor Jeová, porém, me ajudará; pelo que não me sinto confundido" (Isaías 50:7). Jesus sabia que Aquele que O vindicaria estava por perto (Isaías 50:8). Jesus, o Messias, foi capaz de olhar para os que O odiavam com satisfação, porque o SENHOR é por Ele (Isaías 50:9). Mesmo que Suas circunstâncias fossem sombrias, mesmo diante da morte de um mártir, Ele triunfou gloriosamente (Filipenses 2:9-11).

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