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Significado de Deuteronômio 18:15-22
Esta seção se contrasta com a anterior, na qual Moisés havia pedido aos israelitas que não "imitassem as coisas detestáveis" dos cananeus e das outras tribos que ouviam aos magos e adivinhos. Em vez disso, os israelitas foram instruídos a ouvir aos profetas que falavam a verdade, de acordo com a revelação recebida do Deus Susserano.
A proibição do uso das fontes pagãs mencionadas anteriormente não significava que o SENHOR não forneceria uma maneira de acessá-Lo para receber Suas orientações. Moisés promete ao povo que o SENHOR, teu Deus, levantará para ti um profeta como eu, do meio de ti, dos teus conterrâneos, tu o ouvirás (v.15).
O termo “profeta” (hebraico "nābî") pode ser usado para profetas verdadeiros e falsos (Jeremias 6:13; 26:7-8; 27:9; 28:1; Zacarias 13:2). Um verdadeiro profeta era alguém que havia recebido um chamado para ser porta-voz de Deus. Ele era um enviado autorizado para Deus com uma mensagem que se originava em Deus. Tal profeta deveria sair de seus conterrâneos, significando, literalmente, um "irmão" (Deuteronômio 17:15). O povo de Deus foi instruído a ouvir ao porta-voz de Deus, ao invés de ouvir àqueles que praticavam bruxaria e feitiçaria.
Moisés explica que isso estava de acordo com tudo o que eles haviam pedido ao Senhor, seu Deus, em Horebe, no dia da assembléia. Esta declaração lembrava aos israelitas de sua experiência assustadora no Monte Sinai (chamado Horebe em Deuteronômio) quando o SENHOR estava prestes a entregar-lhes os Dez Mandamentos em uma manifestação sobrenatural (Êxodo 20:18-19; Deuteronômio 5:23-27).
No Monte Horebe, o SENHOR havia instruído que Moisés reunisse o povo a Ele para que pudessem ouvir Suas palavras, a fim de que pudessem aprender a temê-Lo todos os dias de suas vidas (Deuteronômio 4:10). Quando o povo de Israel se reuniu para ouvir as verdades divinas, eles ficaram com medo ao ouvir a voz do Senhor "do meio das trevas, enquanto o monte ardia com fogo" (Deuteronômio 5:23). O povo expressou terror e disse: Não nos faça novamente ouvir a voz do SENHOR, nosso Deus, não nos deixe ver este grande fogo, ou morreremos. Então, o povo ficou à distância enquanto todos os líderes e anciãos de suas tribos se aproximaram de Moisés, a fim de exortá-lo a servir como mediador da aliança entre Deus e Seu povo.
Moisés, então, lembra aos israelitas da resposta de Deus quando estavam no Monte Sinai (Horebe). Ele os faz recordar que o Senhor lhe disse: 'Falaram bem'.
Portanto, Deus não apenas disponibilizaou a Moisés como mediador entre Ele e os israelitas, mas também prometeu levantar um profeta entre seus compatriotas como Moisés (v.18). O cumprimento final disso veio na forma de Jesus Cristo. Ele era de Israel, da tribo de Judá, portanto havia saído do meio dos seus conterrâneos. Jesus não apenas tinha as palavras de Deus em Sua boca, Ele era a manifestação física de Deus em carne, a própria Palavra de Deus. Deus disse que Israel havia falado bem ao pedir uma forma melhor de verem e ouvirem a Deus, em vez da presença assustadora e intimidadora no Sinai. Deus prometeu enviar um ser humano para falar em lugar do Deus que havia falado no Sinai. Quando Jesus veio na carne, Ele cumpriu essa promessa. É provável que esta seja a razão de a palavra “profeta”, no versículo 17, estar no singular, sinalizando que esta era uma profecia messiânica.
Como tal, referia-se a um profeta especial que estava por vir, Jesus Cristo, o segundo Moisés, assim como o segundo Adão (Romanos 12-14). Isso fica evidente em Atos 3:22 e 7:37, onde este versículo é citado por aqueles que buscam provar que Jesus era o Cristo, o Messias (ungido) prometido por Deus para libertar Israel.
Como acontece com muitas outras profecias, esta palavra provavelmente tenha um duplo cumprimento. O termo “profeta” provavelmente também represente um substantivo coletivo relacionado a um grupo de profetas.
Portanto, tal indicativo também responde à pergunta sobre o Senhor fornecer outro mediador após a morte de Moisés. O profeta que viria depois de Moisés ocuparia a mesma função, atuando como mediador do pacto entre Javé e os israelitas. A idéia de Deus colocar palavras na boca dos profetas também é referida por Jeremias (Jeremias 1:9). Os verdadeiros profetas apenas diziam as coisas verdadeiras, as coisas que ouviam de Deus.
A idéia de um duplo cumprimento também é apoiada pelos dois últimos versículos deste capítulo, que trazem uma distinção clara entre os profetas verdadeiros e os falsos profetas. Em seu contexto imediato, o versículo se refere a um grupo de profetas (como Samuel, Jeremias, Isaías e Ezequiel) que viriam depois de Moisés. Então, no cumprimento final, o maior dos profetas (Jesus, o Messias), que era o próprio Deus, falaria a palavra de Deus em pessoa, como ser humano, de forma que não obrigasse as pessoas a ouvir e obedecer, como no Sinai. Este segundo Moisés serviria como mediador entre Deus e os humanos (João 6:14; 7:40) através de Sua morte na cruz. Os profetas predecessores de Jesus teriam qualidades semelhantes às de Moisés. Porém, Jesus teria as palavras de Deus em sua boca, seria a Palavra Viva e inauguraria uma nova aliança entre os humanos e Deus, através do sacrifício de Seu próprio corpo.
Depois de prometer prover um profeta, o SENHOR emite uma advertência a Seu povo dizendo: Acontecerá que todo aquele que não ouvir as Minhas palavras que ele (o profeta) falará em Meu nome, Eu mesmo exigirei isso dele (v.19). A frase “Eu mesmo” é enfática no texto hebraico. Todos aqueles que deixassem de obedecer às palavras do enviado de Deus, o profeta de Deus, seriam responsabilizados pelo próprio Senhor.
Da mesma forma, outra advertência é dada a todos aqueles que tentassem tomar o lugar de profeta do Senhor, mas profeririam falsas profecias para enganar ao povo: O profeta que fala uma palavra presunçosamente em Meu nome que eu não lhe ordenei que falasse, ou que ele fala em nome de outros deuses, esse profeta morrerá (v.20). Proclamar ser profeta de Deus e liberar falsas doutrinas resultam em sentença de morte pelo SENHOR.
Essa lei bíblica condenava duas categorias de falsos profetas: os que falavam a palavra presunçosamente em nome de Deus e os que falavam em nome de outros deuses. Revelações posteriores nos dão um exemplo de cada uma dessas categorias. Por exemplo, em Jeremias 28, Hananias profetizou falsamente em nome de Deus dizendo que o povo de Judá retornaria à sua terra natal dentro de dois anos (Jeremias 28:3).
No entanto, a mensagem não viera do Senhor. E, por isso, o SENHOR enviou o profeta Jeremias para confrontar a Hananias: "Escuta agora, Hananias, o SENHOR não te enviou, e tu fizeste este povo confiar numa mentira. Por isso diz o SENHOR: Eis que estou prestes a retirar-vos da face da terra. Este ano você vai morrer, porque você aconselhou rebelião contra o Senhor'. Então Hananias, o profeta, morreu no mesmo ano" (Jeremias 28:15-16). Este é um exemplo claro de alguém que profetizou falsamente em nome de Javé, o Deus de Israel.
Um exemplo de profetas falando em nome de outros deuses é encontrado em 1 Reis 18. Nesse capítulo, Elias confronta aos profetas de Baal e lhes diz para "escolherem um boi para vós mesmos e prepará-lo primeiro, pois vocês são muitos, e invocarem o nome de seu deus, mas não coloquem fogo sob ele". Então, os falsos profetas pegaram o boi e o prepararam e invocaram o nome de Baal desde a manhã até o meio-dia dizendo: "Ó Baal, responda-nos". Porém, não receberam resposta de Baal. Assim, depois que Elias zombou deles, "eles clamaram com uma voz alta e se cortaram de acordo com seu costume com espadas e lanças até que o sangue jorrou sobre eles. Quando o meio-dia passou, deliraram até a hora da oferta do sacrifício vespertino; mas não houve voz, ninguém atendeu e ninguém prestou atenção" (1 Reis 18:25-29).
Assim, se o profeta falava falsamente em nome de Deus ou falava em nome de outros deuses, o castigo era a morte. Distorcer a verdade em nome de Deus era criar um falso deus. E falar em nome de um falso deus era levar o povo a seguir os caminhos do falso deus. Em ambos os casos, as pessoas seguiriam os caminhos da inveja, da busca de si mesmos e da exploração, em vez de buscarem os caminhos de Deus de serviço mútuo e amor uns aos outros. Este câncer deveria ser removido assim que surgisse.
Obviamente, o povo de Deus poderia perguntar: Como conheceremos a palavra que o SENHOR não falou? A resposta é dada no versículo a seguir. Moisés lhes responde: Quando um profeta fala em nome do SENHOR, se a coisa não se realiza ou se torna realidade, essa é a coisa que o SENHOR não falou (v.22). Aqui ele cria um critério para distinguir ao profeta verdadeiro do falso profeta que falava em nome de Deus para enganar ao povo (Jeremias 28). No que diz respeito aos profetas que falavam em nome de outros deuses, não havia dúvida de que eles não haviam sido enviados por Deus porque suas mensagens não se originavam em Deus. Em outras palavras, o apelo dos profetas a outros deuses os classificaria como falsos. No entanto, era mais difícil detectar aqueles falsos profetas falando em nome de Deus.
Assim, o povo de Deus detectaria o falso profeta quando sua profecia não se realizasse. Isso implica que os israelitas precisavam esperar por algum tempo até que a profecia ocorresse (ou não). Neste caso, os israelitas deveriam desconfiar de qualquer profeta, até que algumas de suas previsões realmente se concretizassem. Quando a mensagem do profeta não se concretizasse, o povo de Deus saberia que ele a havia falado presunçosamente. Assim, os israelitas não deveriam ter medo dele. Neste caso, ter medo significava se importar com o que ele dizia e com as consequências que ele poderia criar.
Esta passagem nos ensina que o SENHOR forneceria profetas a Israel que proclamariam Sua palavra revelada ao povo. Eventualmente, Ele enviaria ao Profeta supremo, Jesus Cristo. Isso pode ser visto em passagens como João 1:45, 5:46 e 12:49 - 50. Pedro aplica esta passagem a Jesus Cristo em Atos 3:22. Estêvão também aplica esta passagem a Jesus em Atos 7:37. Dados esses versículos do Novo Testamento, é válido considerarmos esta passagem (especialmente Deuteronômio 18:15) como uma profecia messiânica.