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Significado de Gálatas 5:17-21

A carne e o Espírito não são apenas opostos um ao outro; a descrição de Paulo aqui deixa claro que eles são inimigos mortais. O desejo da carne se contrapõe ao desejo do Espírito. Eles estão em oposição direta um ao outro.

É interessante notar a observação de Paulo a respeito do resultado da ação do Espírito e da carne operando dentro dos crentes, competindo um contra o outro: Não fazemos as coisas que realmente desejamos fazer (que gostamos, ou desejamos). Parece que, em nossa carne, reside o "fazer" predominante e no nosso espírito está o “desejo” dominante. Paulo diz algo semelhante em Romanos 7:19: "O bem que quero fazer, não faço, mas pratico o mal que não quero".

As ramificações desta passagem são enormes, não apenas para os gálatas, mas para qualquer crente. Primeiro, significa que a principal disputa que o Espírito e a carne dentro de nós é uma disputa para nos fazer escolher a quem seguir. Isso significa que existem três entidades vivendo dentro de cada crente: o Espírito do Deus Vivo, a carne pecaminosa (na qual nada de bom habita) e nós (o que, pelo menos, inclui nossa capacidade de escolher entre os dois). Paulo diz em Romanos 6:16 que nossa escolha básica é a quem nos submeteremos. Podemos obedecer ao pecado na carne ou a Deus no Espírito. Não há uma terceira opção. A opção "fazer do meu jeito" é escolher a carne. Não surpreendentemente, a opção da carne nos leva a morder e devorar uns aos outros e a opção do Espírito nos leva à fé que opera por meio do amor, o que evidencia os frutos do Espírito.

Seria perfeitamente razoável que o leitor da Galácia (ou qualquer outro) perguntasse: "Isso tudo é muito espiritual e intangível. Como posso saber se estou escolhendo corretamente?" Paulo responde muito diretamente: podemos olhar para o fruto de nossas vidas, a qualquer momento, para ver a quem estamos escolhendo. A carne produz imoralidade, impureza, sensualidade, idolatria, feitiçaria, hostilidade, contenda, ciúme, explosões de raiva, disputas, dissensões, facções, inveja, embriaguez, confusão e coisas assim. Na medida em que a vida de um crente produz essas coisas, ele não está andando no Espírito, mas na carne. É assim que podemos saber se estamos escolhendo o Espírito ou a carne.

Em Romanos capítulo 2, Paulo se dirige às "autoridades" judaicas que afirmavam ser justas pelo cumprimento da lei. Paulo aponta que eles quebravam a própria lei à qual diziam seguir. Eles obedeciam à lei de uma maneira e a quebravam de outra maneira. Nossa carne é muito boa em se travestir de espiritual. Esta é uma razão convincente para ouvirmos aos irmãos espirituais, permitindo que eles nos ajudem a discernir a respeito de nós mesmos. É importante ter em mente que o contexto desta passagem é uma instrução aos crentes.

Alguém pode perguntar: "E se eu pecar? Somos justificados aos olhos de Deus unicamente pela fé em Jesus e somos cobertos pela graça. Portanto, realmente não há nenhuma consequência negativa para o egoísmo aos olhos de Deus. Se mordemos ou devoramos uns aos outros, precisamos nos certificar de que o estamos fazendo. Paulo aborda este tipo de pensamento. Andar na carne tem consequências muito negativas. Aqueles que praticam tais coisas não herdarão o Reino de Deus. Este não era um novo alerta. Paulo já havia prevenido os gálatas a respeito disso. Ele os lembra novamente.

O que isso significa? Paulo já havia mencionado o fato de serem herdeiros anteriormente em Gálatas (Gálatas 4:1-6). Devemos notar que existem diferentes tipos de heranças para os crentes. Como crentes, herdamos a vida eterna através da fé em Jesus, algo incondicional (nunca podemos perdê-la). Herdaremos corpos glorificados na próxima vida e nada pode nos tirar isso. A ênfase de Gálatas 4 e stá no amadurecimento - exercer a responsabilidade e a autoridade da herança, tornando-se um "filho" que assume a autoridade da família. Andar por fé assume a responsabilidade de servir. Andar na carne nos leva a comportamentos infantis, nos quais servimos a nossos apetites como nosso mestre. Paulo nos dirá no capítulo seguinte que toda vez que semeamos na carne colhemos na carne. Isso inclui as ações feitas nesta vida. Se semearmos divisão, colheremos conflitos. Quando vivemos o poder da ressurreição de Jesus neste mundo e andamos no Espírito, trazemos o Reino de Jesus.

Porém, o aviso da perda de herança inclui a próxima vida também. Colossenses 3:23-24 também foi escrito por Paulo e provavelmente se aplique aqui:

"Tudo o que fizerdes, fazei o vosso trabalho de coração, como para o Senhor e não para os homens, sabendo que do Senhor recebereis a recompensa da herança. É ao Senhor Cristo a quem servis. Pois aquele que errar receberá as consequências do mal que fez, e isso sem parcialidade".

A frase-chave aqui é "a recompensa da herança". Esta passagem está falando de recompensas dadas por Deus. Cada crente tem ao Senhor como sua herança incondicional (Romanos 8:17). Nada pode nos fazer perder o fato de sermos filhos de Deus. Esta obra foi feita por Jesus em nosso favor. Porém, a herança relacionadas a alcançar recompensas está condicionada à nossa obediência. Se praticarmos andar na carne, obteremos nossa recompensa da carne. Uma das recompensas disponíveis é compartilharmos o trono com Jesus. Esta recompensa está condicionada à participação nos sofrimentos de Cristo (Romanos 8:17). Todo filho é herdeiro. Possuir plenamente a herança é algo que só o crente fiel alcança, apenas os "filhos" que exercem a responsabilidade.

O que dizer sobre a lista de frutos que são evidência das escolhas carnais?

A imoralidade tem a raiz grega na palavra "porneia", a raiz da palavra “pornografia”. Paulo usa “porneia” ao se referir a um incidente de incesto. Paulo também usa “porneia” em 1 Coríntios 6:18:

"Fuja da imoralidade sexual (porneia). Todo pecado que um homem comete está fora do corpo, mas aquele que comete imoralidade sexual (porneia) peca contra seu próprio corpo."

Isso deixa claro que buscar a imoralidade sexual traz destruição para o nosso corpo. E a destruição é pior do que outros tipos de pecado, na medida em que é contra nós mesmos.

A impureza é a ideia de ser sujo. Qual seria a aplicação de "imundo" aos gentios aos quais Paulo havia discipulado? Podemos ter uma ideia em 1 Tessalonicenses 4:1-8. Nesta passagem, Paulo contrasta a impureza com a santificação e o comportamento específico de se defraudar a um irmão. Isso novamente enfatiza que os crentes podem, sim, se comportar de todas essas maneiras negativas. Nossa carne nunca será aperfeiçoada. Do começo ao fim, não nada de bom habitando nela. Defraudar é uma forma de morder e devorar.

A palavra “imoralidade” é uma palavra grega também traduzida como "adultério", como em João 8:3. A raiz do adultério inclui a inveja, ou seja, tomar o que pertence a outra pessoa. Porém, o adultério é previsivelmente acompanhado de destruição de relacionamentos. A atitude central é o foco em si mesmo.

A sensualidade é a evidência de apetites desenfreados. A idolatria é uma prática baseada em ter esses apetites satisfeitos. A idolatria pagã incluía a prostituição, a pornografia e a libertinagem. Também incluía manipular o "poder dos deuses" para se conseguir o que se desejava. Ambos incluem a ilusão de se estar no controle, quando na verdade é apenas a escolha da escravidão da carne.

A feitiçaria é a tradução da palavra grega com a raiz "pharmakeia". As práticas ocultas, naquela época e agora, incluíam o uso de drogas. A ideia aqui é uma forma de ganhar poder sobre o nosso ambiente. As drogas alteram nossa mente, de modo a não precisarmos interagir com o mundo como ele realmente é. Achamos que ganhamos controle, mas em vez disso nos tornamos viciados (outra palavra para escravo). Ou talvez busquemos um poder oculto para mudar o mundo ao nosso redor. Na busca pelo poder, voltamos a ser escravos.

Inimizades, brigas, ciúmes, explosões de raiva, disputas, dissensões, facções e inveja são parentes. A essência desses comportamentos é colocar uma pessoa ou grupo contra outro para ganhar controle.

A embriaguez traz a ideia de participar de uma festa regada a bebidas alcoólicas. Esta atividade busca controlar o ambiente ao nosso redor, criando um mundo imaginário dentro de nossas cabeças.

Esses comportamentos não transmitem o Espírito de Jesus ao mundo. Pelo contrário, eles produzem disfunção, vício, fuga e, por fim, depressão. O que todos eles têm em comum é o foco no "Eu". “Meu” apetite, “eu” no controle. Este é o caminho do mundo, não é o caminho de Deus. Quando nos autoexaminamos e vemos esses comportamentos, isso indica algo bastante tangível: estamos andando na carne. A resposta é crucificar a carne, deixá-la de lado e, em vez disso, andar no Espírito.

Paulo exorta os gálatas a se concentrar em andar no Espírito em vez de tentar seguir regras. Seguir regras justifica os comportamentos carnais. Seguir ao Espírito desencadeia o poder da ressurreição de Jesus.

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