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Significado de Colossenses 3:23-25
É incerto se esses dois últimos versículos são uma continuação das instruções de Paulo aos escravos (ver comentário sobre Colossenses 3:18-22) ou se devem ser vistos como uma espécie de conclusão aplicada a todos. Considerando a opção da aplicação universal dessas afirmações (independentemente do status dos destinatários), esta última parece ser a mais provável. De qualquer forma, esta seção é uma aplicação consistente de algo que veio antes.
Paulo apresenta aos crentes colossenses um resumo do que disse ao longo do capítulo 3: Tudo o que fizerdes, fazei-o de coração, como para o Senhor e não para homens. Paulo está interessado na mentalidade adotada pelos crentes em Colossos. Tudo o que fizerdes deixa espaço para o discernimento. Ele mantém o chamado e os admoesta a ter comportamentos saudáveis, em vez de passar uma lista de ordens, levando-os a transformar sua caminhada com Cristo em um modo de vida.
Na frase “fazei-o de coração”, vemos duas palavras gregas: "ek" (uma preposição que significa "de" ou "fora de") e "psyche" (que significa "vida", "sopro de vida" ou "alma"). Assim, "ek psyche" significa "com todo o ser". Paulo está dizendo que o que quer que eles fizessem, eles deveriam fazê-lo com toda sua alma, com cada pedacinho da vida dentro deles. Eles deveriam permitir a profundidade de quem eles eram fluir. Em vez realizarem trabalhos superficiais ou obrigatórios, eles são chamados a se esforçar de coração.
Fazer algo com o coração (com todo o ser) é fazê-lo como ao Senhor. O que Paulo quer dizer aqui é que Deus é o nosso Criador. Ele nos projetou para um propósito. Quando trabalhamos a partir de nossa "psiquê", nossa alma, honramos a intenção por trás de nosso Criador. Nos colocamos em alinhamento com Ele, o que é uma forma de agradá-Lo e também a única maneira de viver uma vida melhor. Usar esta ferramenta de acordo com seu desenho é o caminho para maximizarmos sua eficácia.
Em contraste com isso está o trabalho aos homens. Quando nos orientamos para agradar às pessoas, agimos a partir de um anseio pela afirmação dos outros e não pela verdade colocada dentro de nós. Isso muitas vezes está diretamente em desacordo com quem Cristo é e o que Ele nos convida a ser.
A palavra grega para “obra” é "ergazomai". É traduzida como "ação", "trabalho" e "ministério". Em todo o Novo Testamento, o termo é aplicado a atos individuais, atos gerais, atos específicos, trabalhos seculares e deveres religiosos. Dado o contexto do Capítulo 3, o termo aqui parece abranger a todas as decisões, de qualquer tipo, para qualquer pessoa, em qualquer estação da vida: filhos, pais, maridos, esposas, empregadores e empregados.
Paulo apresenta dois caminhos a serem escolhidos, independentemente do esforço em que estamos engajados: 1) Viver como para o Senhor, ou 2) Viver para os homens. Em primeiro lugar, nosso objetivo principal deve ser o de obter a aprovação de Deus. No segundo caso, nosso objetivo principal é obter a aprovação dos homens.
Se desejamos a aprovação dos homens, nosso temor primário estará enraizado no que os outros pensam de nós e nossa maior preocupação é evitar a rejeição humana. Se desejamos a aprovação de Deus, nossa maior preocupação é fazer tudo o que fizermos de uma maneira agradável a Ele.
Por que escolher o caminho do Senhor? Paulo já mencionou antes que este é o lugar para onde todo trabalho/esforço de alguém deve ser direcionado. Ele, agora, diz o porquê: Sabendo que do Senhor recebereis a recompensa da herança. A palavra grega “conhecer” aqui não é a palavra para conhecimento de cabeça ("gnosko"). É "eido", que significa "perceber" ou "ver". Paulo pode estar lembrando aos crentes colossenses que eles haviam visto isso antes; sua experiência lhes informava que o caminho do Senhor era o melhor para eles. Ele também pode estar admoestando-os a conhecer a Deus pela fé, pois a fé é a certeza das coisas não vistas. Eles deveriam crer como se pudessem enxergar com seus próprios olhos (Hebreus 11:1).
O que é que eles haviam percebido? Que receberiam do Senhor a recompensa da herança. Na modernidade, esta ideia da recompensa da herança soa paradoxal. Estamos acostumados à ideia de que uma herança esteja associada apenas aos desejos do testador, ou seja, do pai ou parente que falece e deixa algo em seu testamento.
Nas Escrituras, a ideia de herança é um tema comum em todo o texto bíblico. Na verdade, a palavra “herança” aparece mais de duzentas vezes na Bíblia. Um exemplo que pode resolver o paradoxo entre recompensa e herança é encontrado na concessão da Terra Prometida de Israel a Abraão e seus descendentes. A mesma palavra grega traduzida como “herança” aqui em Colossenses 3:23 também é encontrada em Hebreus, falando de Abraão e da Terra Prometida:
"Pela fé, Abraão, quando foi chamado, obedeceu saindo para um lugar que receberia por herança; e saiu, sem saber para onde ia" (Hebreus 11:8).
Abraão recebeu a concessão da terra como recompensa por sua fidelidade. Deus prometeu a Abraão esta recompensa caso ele cumprisse três condições:
Abraão obedeceu em parte, viajando até o meio do caminho, Harã. Porém, Abraão não deixou sua família, nem chegou à Terra Prometida (Gênesis 11:31). Abraão deixou Harã e chegou à Terra Prometida, mas não deixou totalmente sua família, levando seu sobrinho Ló (Gênesis 12:4). Uma vez que Abraão se separou de Ló, completando plenamente as condições, só então Deus lhe concedeu a terra (Gênesis 13:14-15).
Deus concedeu a terra a Abraão como recompensa por sua fidelidade. Esta concessão da terra também é chamada de herança, embora fosse uma recompensa. Isso é apropriado porque: 1) todas as coisas pertencem a Deus; e 2) ninguém pode fazer com que Deus esteja obrigado a elas. Todas as recompensas que Deus dá são devidas à Sua misericórdia.
Assim como Deus concedeu uma recompensa a Abraão por sua obediência fiel, Deus concede uma recompensa aos crentes do Novo Testamento que deixam o conforto de viver no mundo (coisas abaixo, v. 2) e fazem tudo (palavras ou ações) de coração, como para o Senhor e não para os homens, sabendo (crendo) que receberão a recompensa da herança (coisas de cima, v.2).
Jesus venceu a rejeição, a tentação, a perseguição e a morte. Ele foi fiel em obedecer à vontade de Seu Pai diante de toda oposição. Ele promete uma recompensa a qualquer um de Seus servos, aqueles que já receberam o dom gratuito e incondicional de nascer em Sua família, qualquer um que supere o medo da rejeição humana, olhando para o Senhor em busca de aprovação e não aos homens.
Cristo compartilhará Sua recompensa com aqueles que vencerem a carne e as coisas do mundo, conforme listado em Colossenses 3:5-6. Ele compartilhará Sua recompensa com aqueles que fizerem tudo o que fizerem em palavras ou ações de coração, como ao Senhor e não aos homens.
Esta é uma perspectiva surpreendente. Conforme Paulo afirma na última epístola que escreveu, quando antecipou sua morte: "Se perseverarmos, também reinaremos com Ele" (2 Timóteo 2:12a). Paulo continua dizendo que se não suportarmos e não formos fiéis, não deixaremos de ser filhos de Deus, porque estamos em Cristo. Deus negaria a Si mesmo caso nos negasse como Seus filhos (2 Timóteo 2:13). No entanto, a recompensa da herança depende de suportarmos fielmente, como Jesus suportou.
Jesus contou uma série de parábolas que nos fornecem algumas informações sobre como serão as recompensas. Na parábola dos talentos, os servos do mestre que foram diligentes em investir seus talentos foram recompensados com maiores responsabilidades (Mateus 25:21, 23). O servo "perverso e preguiçoso" em Mateus 25 tomou a decisão deliberada de evitar ser fiel porque sabia que o mestre lhe pediria para fazer mais, atribuindo-lhe um aumento indesejado de responsabilidade.
Paulo iniciou o capítulo 3 (ver comentário sobre Colossenses 3:1-4) falando sobre o alinhamento com a glória de Cristo, que vem do alto. Ele afirma que os crentes morreram com Cristo e são espiritualmente ressuscitados com Ele, compartilhando Sua vida; nossa vida está "escondida Nele". Eles também serão elevados a um novo corpo em uma ressurreição física. "Quando Cristo, que é a nossa vida, for revelado" (retornar novamente), "seremos revelados com Ele em glória" (Colossenses 3:4). A herança do crente é estar em relacionamento com Deus, um dom incondicional, e participar de Seu Reino com base na recompensa de Deus.
Participar do Reino de Deus, contribuir significativamente para o Reino e testemunhá-lo ao mundo é a vida abundante para a qual fomos criados. Isso nos leva ao maior prêmio possível, tornado possível por meio de Jesus Cristo.
Paulo diz: É ao Senhor Jesus Cristo a quem servis. Ele é o Rei de toda a Criação. Ele é O Senhor. Tudo o mais são circunstâncias, possibilidades. Temos a oportunidade de servir ao Senhor com nossas vidas. Isso, sugere Paulo, é o que realmente importa. E não interessa quais serão os desafios ou triunfos, não devemos transformá-los em ídolos; eles não são o "Senhor". Jesus é o Senhor. Devemos nos lembrar de que cada circunstância é uma oportunidade de servirmos a Deus. Quando servimos a Deus, estamos, na verdade, semeando para nosso maior e verdadeiro interesse próprio.
Paulo termina o capítulo 3 com uma advertência: Aquele que faz injustiça receberá a paga do que fez injustamente. Literalmente, "aquele que causa mágoa, receberá mágoa". Há muita coisa nessa frase. Primeiro, Paulo está dizendo aos crentes que existe justiça verdadeira, que cada ação possui uma consequência. Não há desculpa para quem faz injustiça. Não importa em que circunstâncias difíceis a pessoa estava ou o que ela experimentava a seu redor. Todos serão julgados pelo seu próprio caráter. E qualquer um que cause dano colherá consequências, não importa suas desculpas.
O outro lado do que Paulo diz aos colossenses é que eles não deveriam estar tão focados no que os outros faziam. Conforme Jesus afirmou no Sermão da Montanha, não devemos nos concentrar em julgar aos outros. Em vez disso, devemos nos concentrar na realidade de que Deus nos julgará usando a medida com que medimos aos outros (Mateus 7:1-2).
Quando tentamos ser juízes e jurados para as pessoas ao nosso redor, não apenas elevamos o padrão pelo qual seremos julgados, mas também criamos um ponto cego em nossas próprias vidas. Perdemos o foco na nossa própria realidade. Em vez de administrarmos nosso caráter, tentamos administrar o caráter dos outros. Isso pode nos levar a negligenciar nossas próprias escolhas e, em vez disso, buscar a ilusão de que somos responsáveis pelas escolhas dos outros.
Paulo deixa claro: as pessoas receberão as consequências por seus atos. Não cabe a nenhum de nós fazer isso em nome de Deus. Cada um de nós é chamado a administrar nossas próprias escolhas, como ao Senhor. Se trabalharmos de coração, como para o Senhor e não para os homens, temos a promessa de que Deus nos dará uma imensa recompensa, a recompensa da herança.
Buscar a recompensa da herança é buscar as coisas que são de cima. É da natureza humana (de baixo) encontrar versículos, como as instruções deste capítulo, e usá-los como munição contra outros, ao invés de correção para nós mesmos. Por exemplo, os maridos podem usar os versículos direcionados às esposas para lançar expectativas sobre as mulheres, em vez de levarem a sério as instruções dadas a eles e se concentrarem em amar às suas esposas.
Não há lugar nesta conclusão do capítulo 3 para alguém usar a qualquer uma dessas instruções. Paulo claramente não oferece essas admoestações como base para medirmos a outros. Ele oferece essas instruções para guiar a cada crente a serem bons mordomos para nosso verdadeiro Senhor, Jesus Cristo. Esta é a maneira de alcançarmos o máximo em nossas vidas.
Assim, se você é um marido, foque nas instruções para os maridos! Os maridos devem encorajar suas esposas, mas farão suas próprias escolhas e responderão a Deus. O mesmo vale para as mulheres e os pais. É tentador assumirmos que estamos fazendo bem a nossa parte e todo mundo precisa do nosso conselho quanto ao que fazer. Paulo nos liberta dessa ilusão e nos traz à realidade. Deus é o verdadeiro Juiz e Seu julgamento é verdadeiro e justo (Apocalipse 16:7).
Paulo acrescenta que essas consequências serão recebidas sem parcialidade.
Somos convidados a administrar nossa vida em alinhamento com o projeto pelo qual Cristo nos criou. Nisso reside a nossa maior realização. Cristo não nos dá tratamento especial de acordo com nossa riqueza ou posição social. Todos seremos julgados igualmente. A mensagem de Paulo é clara: não devemos perder a oportunidade de colher os benefícios da recompensa da herança!