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Significado de Romanos 8:17-18
Paulo faz duas distinções a respeito da nossa herança no versículo 17: “E, se filhos, também herdeiros; herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo, se realmente padecemos com ele, para que também com ele sejamos glorificados” (v. 17).
Uma parte dessa herança é incondicional; a outra parte é condicional. Antes de sermos filhos de Deus, éramos filhos da ira, como Paulo descreve em Efésios 2:3. Dedicava-nos a seguir a nossos desejos pecaminosos. Nossa herança era a ira, o juízo, o egoísmo e a desgraça.
Porém, agora, como crentes em Jesus, chamamos a Deus de Pai e nossa esperança e herança vêm da nossa obediência a Ele. Existem dois tipos de heranças: as condicionais e as incondicionais.
Deus usa a ilustração da família e dos filhos para ilustrar ambos os tipos. É impossível "desfazer" uma criança. O DNA do pai está nela, goste ou não; isso é incondicional. Porém, não é incomum que um pai amoroso deserde a um filho do testamento, especialmente se souber que a herança o prejudicaria.
Ser “herdeiros de Deus” diz respeito a uma herança incondicional a todos os crentes. Eles têm a Deus como sua herança, não importa o quanto falhem. Se cremos em Jesus, Deus é nosso Pai e nós somos Seus filhos, não importa o que aconteça. Nossas falhas serão sempre perdoadas e desfeitas. Onde o pecado abunda, a graça abunda ainda mais, como Paulo afirmara no capítulo 5:
"...mas onde abundou o pecado, superabundou a graça..." (Romanos 5:20b).
Em Colossenses 2:13,, 14 Paulo também afirma isso claramente: "[Jesus] vos deu vida juntamente com ele, tendo perdoado todos os vossos delitos”. Ninguém pode superar a graça de Deus!
Ter a Deus como herança, como nosso Pai, é algo incondicional. Todos os crentes em Cristo são filhos e este é um dom incondicional (Romanos 11:29). Porém, Paulo vai nomear outra herança, condicional no versículo 17: “E, se filhos, também herdeiros; herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo, se realmente padecemos com ele, para que também com ele sejamos glorificados”. Todo crente é herdeiro de Deus. No entanto, somente aqueles os que sofrem com Ele serão glorificados e serão co-herdeiros com Cristo.
A expressão condicional “se” aqui está ligada ao sofrimento com Ele. A herança relacionada a sermos “co-herdeiros com Cristo” é uma recompensa que apenas receberemos se sofrermos com Jesus. Isso levanta várias questões:
Como Filho de Deus, Jesus possuía todo o universo. Ele é Deus. A Bíblia, porém, diz que Ele herdou outra coisa devido ao Seu grande sofrimento e sacrifício na cruz: o domínio sobre a terra. E a razão pela qual Jesus morreu na cruz foi por causa da obediência a Seu Pai (Filipenses 2:8).
Os livros de Filipenses e Hebreus discutem mais longamente sobre isso. Em Filipenses 2:8-11, Paulo descreve a progressão da história de Cristo na terra:
A terra fora originalmente concebida para ser uma província governada por seres humanos. Foi assim que Deus a criou. Isso é claro em Gênesis, capítulos 1-3. Deus colocou o homem na terra para administrá-la. A Bíblia também é bastante clara sobre quem passa a governá-la - alguém que ainda está no trono, mas de forma inadequada - Satanás, Lúcifer (João 14:30; 16:11).
Deus, porém, planejou que o homem governasse a terra (Salmo 8). Ele dá a terra a Jesus, como ser humano, como recompensa e herança por Sua obediência até a morte. Jesus pretende recompensar os que aprenderem a mesma obediência que Ele aprendeu, compartilhando essa incrível recompensa (Apocalipse 3:21).
Jesus morreu e nós morremos Nele através da fé (Romanos 6:3). Assim, ao matarmos a carne e andarmos em Espírito, andamos em obediência, da mesma forma que Jesus andou, vivendo uma vida de crucificação com Ele. Assim, vencemos ao pecado e às tentações, como Jesus venceu, e nos qualificamos para receber a recompensa dos vencedores (Apocalipse 3:21).
Ao responder às acusações caluniosas das autoridades judaicas, Paulo argumenta que uma razão suficiente para não vivermos em pecado é buscarmos evitar as consequências negativas (morte) e experimentarmos as consequências positivas (vida e paz). Porém, aqui, nos versículos 17 e 18, o apóstolo mostra uma razão transcendente para matarmos a natureza pecaminosa e andarmos em obediência ao Espírito: vencer como Jesus venceu, estando dispostos a sofrer com Ele. Isso nos qualifica a sermos totalmente restaurados ao nosso projeto original de reinar como líderes-servos sobre a terra, em harmonia com Deus e com os outros (Mateus 25:21).
No projeto original de Deus, nós, seres humanos, não deveríamos competir uns com os outros para ver quem irá governar, ou para ver quem será o "chefe dos exploradores". Devemos governar em perfeita harmonia uns com os outros, onde o dom de cada um contribui para servir ao outro. Este é o plano original de Deus e é isso que experimentaremos como Corpo de Cristo se andarmos no Espírito, conforme Paulo nos mostrará no capítulo 12. O pecado e a morte entraram no mundo através de Adão — produzindo a violência e os flagelos sob os quais vivemos (Gênesis 6:11). Violência e morte estão completamente entrelaçadas.
Assim, Jesus herdou o que ainda não havia recebido de Deus: o domínio sobre a terra como ser humano (Filipenses 2:8-11).
Agora, nós, cristãos, temos a incrível oportunidade de restaurar a herança para a qual fomos destinados. Porém, somente se sofrermos da mesma forma que Jesus sofreu, obedecendo a Deus e dependendo Dele, não nos importando com as perdas e a rejeição mundanas, seguindo-O até a morte.
Faz todo o sentido que Jesus compartilhe Seu trono na Nova Terra apenas com os que aprenderam a viver uma vida de servos, que é outra forma de descrever a vida crucificada, ou seja, andando no Espírito. Na Nova Terra somente a justiça habitará (2 Pedro 3:13). Essa terra só será possível se houver uma liderança justa, ou seja, com a presença de líderes dispostos a servir e a buscar o interesse dos outros. A maneira de se qualificar para tal restauração é viver uma vida de serviço pela fé, crendo que os custos aqui na terra serão recompensados ricamente. Assim, todas as perdas valerão a pena (Hebreus 11:6).
Até este ponto, Paulo havia oferecido muitas razões práticas para os cristãos andarem no Espírito e não na carne; agora, porém, ele aborda uma razão inteiramente nova. Ele diz aos crentes romanos para terem a seguinte mentalidade: "Eu preciso não apenas evitar o pecado por razões práticas, eu preciso desejar seguir a Jesus, viver como Ele viveu e sofrer o que Ele sofreu, para que eu receba o que Ele recebeu, que me é prometido como recompensa pelos meus sofrimentos."
Será que todos nós morreremos numa cruz? Evidentemente que não. Porém, todos nós somos convidados a crucificar nosso eu maligno e desobediente na cruz da obediência, todos os dias (Mateus 16:24-25). Paulo está descontruindo as autoridades judaicas ao insistir nesta razão adicional e transcendente para os cristãos andarem pela fé. A recompensa da obediência é reinar com Cristo. Isso nos restaura ao nosso projeto original, o que infere que este é o caminho para alcançarmos nossa maior realização. Jesus alude a isso como "gozo do teu Senhor" na parábola dos talentos (Mateus 25:21).
É irônico pensar que aquelas autoridades que se opunham a Paulo e que se auto exaltavam estivessem, na verdade, dando ao apóstolo a oportunidade de ser exaltado ao suportar o sofrimento que lhe causavam; suas calúnias resultaram na produção desta carta e, eventualmente, o elevaram ainda mais, já que a carta tornou-se parte da Bíblia.
Se cremos em Jesus, somos herdeiros de Deus; isso é algo incondicional. Porém, se quisermos também ser coerdeiros com Cristo, compartilhando Seu trono como o Rei da terra, devemos sofrer como Ele sofreu e suportar a rejeição, a perda e, possivelmente, a morte neste mundo.
No versículo 18, Paulo escreve: “Tenho para mim que os sofrimentos da vida presente não têm valor em comparação com a glória que há de ser revelada em nós”. Essa glória será revelada aos cristãos que sofrerem como Cristo sofreu, experimentando a rejeição do mundo por terem andado em obediência ao Pai. Esta glória é a "glória e honra" de reinar sobre a terra em harmonia com Deus e os outros (Salmos 8:5-6; Hebreus 2:7, 9).
Paulo expressa um pensamento profundamente encorajador: a maneira como os cristãos sofrem aqui na terra não é nem seque digna de comparação com a glória futura, no governo de Cristo, quando Deus recompensará aos que foram fiéis a Ele, quando todo joelho se curvará e toda língua confessará Seu reinado. Quando Paulo se refere aos “sofrimentos da vida presente”, vale a pena notar algumas das coisas que ele experimentou por seguir a Jesus (2 Coríntios 11:23-25):
Isso nos dá uma uma ideia do quanto Paulo acreditava valer a pena sofrer para alcançar a glória de compartilhar a herança de Cristo. Ele diz que “os sofrimentos da vida presente”, incluindo as terríveis provações por ele sofridas, não eram dignos de serem comparados à glória pela qual ele buscava.
Paulo não estava apenas dizendo: "Fiz uma avaliação de custo-benefício e sei que vai valer a pena". Paulo, na verdade, estava dizendo: "Nenhum cálculo é necessário. Nada, absolutamente, se compara a tal glória". Seria como tentar fazer uma comparação entre receber um centavo ou receber uma mansão.
A Nova Terra será governada 100% pela vontade de Deus, a verdadeira vida. Esta é a nova vida à qual somos chamados a viver pela fé (Romanos 1:16-17). Mesmo que soframos aqui e agora, a glória futura de Cristo é inimaginavelmente melhor do que nossas vidas atuais. Esta passagem nos dá uma ideia do porquê o último ato registrado de Paulo foi escrever a seu discípulo Timóteo, exortando-o a continuar a suportar dificuldades, mesmo que o levasse à morte, como ele próprio estava prestes a experimentar, porque a recompensa valeria a pena (2 Timóteo 4:6-8).