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Significado de Zacarias 5:1-4
Este trecho registra a sexta visão de Zacarias, enfatizando a necessidade de remoção dos pecadores da comunidade da aliança, para que a terra fosse purificada e o povo abençoado. Deus realizaria essa purificação por meio de um rolo que pariava acima da terra, representando uma maldição que se espalharia por toda a terra de Judá.
O profeta começa dizendo: Levantei os olhos novamente e olhei (v. 1). “Levantar os olhos” é uma expressão idiomática que significava “olhar ao redor” (Gênesis 13:10; 18:2). Embora todas as visões pareçam ter ocorrido em uma única noite, provavelmente houve um intervalo entre cada uma, dando ao profeta tempo para refletir sobre o que viu. Durante esse momento de reflexão, é provável que Zacarias tenha se concentrado nas imagens daquela cena até que outra chamasse sua atenção e interrompesse seus pensamentos.
Enquanto o profeta olhava para ver o novo episódio, eis que havia um rolo voando (v. 1). Nos tempos antigos, as pessoas escreviam a maioria dos documentos longos em rolos de papiro, geralmente feitos de couro ou pergaminho. Elas prendiam várias folhas juntas e as enrolavam em torno de um bastão longo para produzir um volume cilíndrico, com um segundo bastão na outra extremidade para facilitar o enrolamento. O leitor segurava os bastões, um em cada mão, desenrolando o rolo de um lado para o outro, não de cima para baixo. Os escritores bíblicos usaram o rolo para escrever as Escrituras, pois era a forma padrão de um livro até o quarto século d.C. (Jeremias 36:2; Esdras 6:2; Lucas 4:17).
O “rolo” ("meguilá" em hebraico) na visão de Zacarias estava desenrolado, pois pairava acima da terra. O anjo que falara ao profeta nas visões anteriores pergunta a ele: O que vês? Zacarias responde: Vejo um rolo voando. Ele prossegue dando suas dimensões: o seu comprimento é de vinte cúbitos, e a sua largura, de dez cúbitos. (v. 2).
O termo traduzido como “cúbito” é "ammah" em hebraico. É uma unidade de medida de comprimento baseada no comprimento do antebraço, desde as pontas dos dedos até o cotovelo, o que resultaria em cerca de 45 cemtímetros. Curiosamente, as medidas do rolo eram as mesmas da área do pórtico do templo de Salomão (1 Reis 6:3). Vinte cúbitos também era o comprimento da cortina que servia como porta para o tabernáculo no deserto (Êxodo 27:16). Talvez essa dimensão indicasse a conexão do rolo com a presença de Deus.
Embora Zacarias tenha conseguido identificar o rolo facilmente, ele não sabia o seu significado. Porém, o anjo não hesita em revelar o que estava nele. Assim, ele diz ao profeta: Esta é a maldição que sai pela face de toda a terra (v. 3). O pronome demonstrativo “esta” se referia ao rolo voador, chamado de “maldição” em nosso texto.
O termo para maldição é "ʾalah" no hebraico. Significava um juramento e a ratificação com a qual o SENHOR prometia julgar o parceiro que quebrasse os termos da aliança (Deuteronômio 29:19; Isaías 24:6). Neste caso, refere-se a Israel, que havia entrado em aliança com Deus e prometido cumprir os Seus mandamentos (Êxodo 19:8).
Quando o SENHOR deu as leis da aliança aos israelitas, Ele prometeu abençoá-los se eles O obedecessem de todo o coração (Deuteronômio 28:1-14). Ele também prometeu amaldiçoá-los caso se afastassem Dele (Deuteronômio 28:15-68). Para enfatizar que as maldições cairiam sobre Israel se escolhessem quebrar suas promessas de aliança, Deus fez metade da nação ficar sobre o Monte Ebal e pronunciar as maldições que viriam sobre eles se quebrassem seu voto de aliança (Deuteronômio 27:13).
Assim, o rolo em Zacarias se referia às graves consequências invocadas sobre aqueles que ignoravam as estipulações da aliança de Deus. Era uma maldição porque anunciava o julgamento sobre os ímpios que quebravam seu voto de aliança. Ele abrangeria toda a terra de Judá, alcançando a todos os que se haviam rebelado contra Deus e Suas leis.
O anjo também diz a Zacarias que o rolo estava escrito em ambos os lados e tinha como alvo dois grupos de pessoas. O primeiro grupo era composto por aqueles que praticavam o roubo: Será purgado conforme ela todo o que furtar (v. 3). O verbo para “furtar” é "gānab" no hebraico. Geralmente se refere ao ato de tomar bens e posses de alguém sem o conhecimento do proprietário (Gênesis 31:30; Levítico 19:11; Deuteronômio 5:19). O verbo “purgar” significa limpar ou remover algo, significando que o SENHOR purificaria a terra removendo aqueles que cometiam o roubo.
Deus executaria esse julgamento contra o roubo de acordo com a escrita de um lado. Deus julgaria aos ladrões de acordo com as estipulações do outro lado do pergaminho. Roubar de outra pessoa era uma violação direta à aliança de Deus, que proibia o roubo (Êxodo 20:15). Esta era uma das muitas ordens que exigiam que os israelitas amassem a seus vizinhos como a si mesmos (Levítico 19:18).
O segundo grupo de pessoas a serem atingidas pela maldição seriam os que faziam falsos juramentos: Será purgado conforme ela todo o que jurar. (v. 3). “Jurar” significava fazer um juramento solene, invocando a Deus como testemunha das transações juramentadas. Era uma promessa de cumprir uma promessa e era um assunto sério. Jurar falsamente representava uma atitude anti-social em relação àquele que aceitasse o juramento como garantia. Também seria uma transgressão contra o SENHOR, que servia como garantidor do juramento. Isso também violava ao comando da aliança de Deus, que exigia que Israel falasse a verdade a seu próximo (Êxodo 20:16).
Pelo pecado da desonestidade contra e roubo de seus vizinhos, Deus julgaria o povo de Judá: eles seriam purificados. A expressão “purificado” traduz a palavra hebraica "naqah", que carrega a idéia de limpar da culpa.
Esses atos de desonestidade contra o próximo desonravam ao SENHOR e quebravam o contrato de aliança ao qual eles havia concordado a honrar. Portanto, o SENHOR destruiria o transgressor de acordo com a escrita no outro lado (v. 3). Ele faria isso para remover o pecador da comunidade da aliança.
As palavras de um lado do rolo faziam alusão ao nono mandamento, que proíbe dar falso testemunho (Êxodo 20:16). Também poderiam ser vistas como uma violação do terceiro mandamento de não usar o nome do Senhor em vão, fazendo juramentos falsos (Êxodo 20:7). As palavras do outro lado se referiam ao oitavo mandamento, que condenava o roubo contra o próximo (Êxodo 20:15).
Para se ter uma comunhão íntima com Deus, era necessário tratar bem ao próximo (Mateus 22:37-39). Os dois mandamentos de "amar a Deus" e "amar o próximo como a si mesmo" englobam todos os Dez Mandamentos dados no Monte Sinai aos israelitas (Êxodo 20; Deuteronômio 5).
O mesmo princípio de bênção para obediência e julgamento para desobediência se aplica aos crentes hoje. Assim como Israel foi (e é) o povo escolhido de Deus, aqueles que crêem nascem de novo e se tornam parte do Corpo de Cristo. Isso é um dom que nunca será retirado, pois os dons de Deus são irrevogáveis (Romanos 11:29).
No entanto, assim como aconteceu com Israel, as nossas escolhas têm consequências. Se semeamos na carne, colheremos corrupção (Gálatas 6:8). Por outro lado, quando semeamos no Espírito, colhemos vida. O conceito no Antigo Testamento é o mesmo do Novo Testamento. Jesus confirma isso nos Evangelhos quando lhe perguntaram sobre o maior "mandamento na Lei", ao que Ele respondeu que os dois maiores mandamentos eram amar a Deus com todo o nosso ser e amar ao próximo como a nós mesmos (Mateus 22:36-40; Marcos 12:30-31).
Amar ao Senhor e amar ao próximo nos permite ter comunhão com Deus e com o próximo. Quando somos honestos em todos os nossos relacionamentos, agradamos ao Senhor e construímos uma sociedade harmoniosa e autossuficiente, cumprindo assim o nosso papel sacerdotal (1 Pedro 2:9).
Por outro lado, quando ignoramos as leis divinas, deixamos de cumprir a nossa missão sacerdotal na terra e ficamos sujeitos ao juízo de Deus (Romanos 1:22-24, 26, 28; 2 Coríntios 5:10). Deus nunca rejeitou a Israel como Seu povo (Romanos 11:28-29). Da mesma forma, Deus nunca rejeitará aos crentes como Seus filhos (2 Timóteo 2:13). No entanto, as nossas escolhas têm consequências e resultarão em bênçãos ou perdas.
O profeta Zacarias expressa a gravidade do juízo contra Judá usando uma citação direta de Deus, permitindo que a comunidade pós-exílica ouvisse diretamente do seu parceiro de aliança. Ele afirma: Fá-la-ei sair para fora. O pronome “ela” aqui se refere às maldições escritas no rolo. Deus enviaria o rolo para julgar a todos os que haviam violado as leis da Sua aliança. Em seguida, o profeta faz uma pausa e adiciona a fórmula profética “declara o Senhor dos Exércitos”, confirmando assim a fonte da sua mensagem.
O termo hebraico traduzido como “SENHOR” é Yahweh, o Deus autoexistente e eterno que se revelou a Moisés na sarça ardente (Êxodo 3:14). O termo traduzido como exércitos é "sabaoth" na língua hebraica, e frequentemente se refere aos exércitos angelicais do céu (1 Samuel 1:3). Em resumo, a frase o SENHOR dos Exércitos descreve o poder de Deus como um guerreiro liderando Seu exército angelical para derrotar Seus inimigos (Amós 5:16; 9:5; Habacuque 2:17). Ela demonstra o poder de Deus para punir todos aqueles que desobedeceram a Ele e se recusaram a se arrepender.
Após a fórmula profética, o profeta retoma seu discurso sobre o pergaminho e diz: Entrará ela na casa do ladrão e na casa daquele que jurar falsamente pelo meu nome (v. 4). A expressão “casa do ladrão” representava aqueles que faziam o mal a seus vizinhos. A “casa daquele que jurar falsamente pelo meu nome” representava a todos os que insultavam ao SENHOR.
Quando Deus pronunciou julgamentos semelhantes sobre Judá antes do seu exílio para a Babilônia, o julgamento foi derramado sobre toda a nação. Agora, depois que o exílio de Judá terminou e as pessoas voltaram à terra, a maldição pela desobediência seria aplicada apenas à casa do ladrão e à casa daquele que jura falsamente. Parece que Deus estava julgando indivíduos aqui, purificando-os para que não contaminassem a terra.
Os dois tipos de pecadores representavam a todos os que praticavam atos imorais e malignos. No dia em que o rolo os visitasse, ele permaneceria durante a noite naquela casa e a consumiria juntamente sua madeira e pedras (v. 4). Novamente, o foco estava nas casas em particular, em vez de em todas as casas em Judá. Zacarias pronuncia que Deus começaria a purificar o pecado de Judá, casa por casa.
Nos tempos bíblicos, madeira e pedras eram alguns dos principais materiais de construção utilizados nas casas. Por exemplo, os israelitas usaram madeira na construção do templo de Salomão, que continha uma variedade de madeiras como cedro, cipreste e oliveira (1 Reis 6:14-36). Da mesma forma, os antigos israelitas usavam pedras e tijolos para construir altares (1 Samuel 6:14; 14:33). O profeta utiliza esses dois termos (madeira e pedras) para representar os materiais de construção de uma casa. Ao fazer isso, ele deixa claro que o SENHOR enviaria o rolo para destruir aos ímpios e deixar suas casas em ruínas no dia do julgamento.