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Significado de 2 Timóteo 2:1-7
Paulo inicia o capítulo 2 dizendo: Tu, pois, filho meu. Esta expressão remete ao que Paulo afirmara no capítulo 1. No capítulo 1, Paulo lembra seu discípulo e sucessor de ministério sobre a herança espiritual tanto de sua avó e mãe quanto de Paulo, seu pai espiritual. Ele exorta Timóteo a continuar essa herança e "reacender" seu dom espiritual com coragem e ousadia, consistente com o espírito que Deus lhe concedera, um espírito de poder, amor e disciplina. Ele lembra a Timóteo sobre seu compromisso de dar sua vida pelo Evangelho por causa do benefício superior de depositar tesouros no céu, em vez de ganhar os confortos da terra.
Para viver de acordo com essas coisas, Paulo exorta Timóteo a não ter medo de pregar a verdade que havia ouvido e não se envergonhasse das correntes do apóstolo.
Paulo dá a Timóteo um exemplo do que não fazer, mostrando exemplo de pessoas que haviam sido infiéis. Ele também dá um bom exemplo a ser seguido, alguém que havia sido fiel. Isso indicava claramente que, mesmo alguém tão avançado em sua fé como Timóteo, tinha uma escolha diária entre ver a vida como ela é e sacrificar tudo pelo Evangelho, ou acreditar nos enganos e falsas promessas do mundo. À luz dessas coisas, Paulo admoesta a Timóteo, dizendo: Tu, pois, meu filho, sê forte na graça que está em Cristo Jesus.
A palavra “graça” aqui é "charis" e significa "favor". O contexto determina quem concede o favor e por qual motivo. Isso pode ser visto em Lucas, que diz:
"E Jesus crescia em sabedoria, estatura e em graça diante de Deus e dos homens" (Lucas 2:52).
A palavra "favor" neste versículo de Lucas é "charis"; assim, pode ser traduzida como "favor". Neste caso, os seres humanos na comunidade de Jesus atribuíam favor a Jesus quando menino, porque ele crescia em estatura e sabedoria; a "graça" ou "favor" estavam sendo atribuídos devido ao juízo de valor sobre a vida e ao caráter de Jesus.
No caso da carta de Paulo a Timóteo, o apóstolo pede a Timóteo que seja forte na graça, ou favor, que está em Cristo Jesus. No capítulo 1, Paulo observou no versículo 9 que Jesus "nos salvou e nos chamou com um santo chamado, não de acordo com nossas obras, mas de acordo com Seu próprio propósito e graça ('charis')" (2 Timóteo 1:9). A “graça”, ou favor dado por Jesus, resultou na salvação de Timóteo; logo depois, Ele lhe deu um santo chamado pela mesma graça. A salvação de Timóteo "não foi de acordo com nossas obras", mas foi um dom de Jesus.
Porém, cabia a Timóteo decidir se ele andaria no santo chamado. Como Paulo diz aos Efésios, “somos obra Dele, criados para boas obras que Ele preparou de antemão” (Efésios 2:10). É nossa escolha caminhar nessas obras. Ser forte na graça/favor do Senhor requer exercer a "disciplina" para exercer o "poder" do Espírito que Deus nos concede, conforme descrito por Paulo em 1:7. O objetivo de toda esta carta é exortar Timóteo a fazer boas escolhas, a confiar em Deus, a adotar uma perspectiva verdadeira e não falsa e a tomar atitudes com base na verdade.
Em Efésios 2:8-9, Paulo deixa claro que ser salvo da separação eterna de Deus é uma questão da obra de Jesus, é um presente dado gratuitamente, à parte de nossas obras. Paulo não questiona se Timóteo havia nascido de novo. Ele questiona o que Timóteo decidirá fazer de sua vida, se ele escolheria andar nas boas obras que Cristo preparou de antemão (Efésios 2:10). Timóteo havia recebido o favor ("charis"/graça) de um santo chamado; será que o cumpriria? De acordo com o ensinamento de Paulo, todo crente recebe um chamado santo e tem essa mesma escolha, embora o chamado e a oportunidade de cada pessoa sejam diferentes (Efésios 2:10; Romanos 12:1-8; 1 Coríntios 12).
Assim, Paulo admoesta Timóteo a cumprir o ministério que lhe havia sido dado pela imposição de mãos e diz a ele: As coisas que ouvistes de mim na presença de muitas testemunhas, confiai-as a homens fiéis que também ensinem a outros. A fim de exercer adequadamente seu santo chamado e reacender seu dom, coerente com sua herança espiritual, Paulo exorta Timóteo a fazer duas coisas fundamentais:
Paulo admoesta Timóteo a desenvolver um ministério de multiplicação. Infere-se que Timóteo não deveria se distrair com pessoas que aparentavam querer seguir a Cristo. Ele não deveria investir seu tempo em pessoas que não estivessem dispostas a ouvir e mudar, pessoas que não desejavam ser ensinadas e crescer. Ele deveria encontrar pessoas ansiosas por aprender e aplicar as lições do Evangelho e investir seu tempo e energia nelas. Ele deveria fazer o que pudesse para ajudar essas pessoas a multiplicar os ensinamentos a outros, que por sua vez ensinariam a outros. Essa estratégia de multiplicação é a maneira como o Cristianismo passou de um pequeno grupo para metade do mundo romano em apenas 300 anos.
Ao exercer essa missão de ensino e orientação eficazes e de alta multiplicação, Paulo pede a Timóteo que sofra dificuldades comigo, como bom soldado de Cristo Jesus. Paulo pede que Timóteo considerasse o fato de estar em uma missão semelhante a uma missão militar. Em uma missão militar, as dificuldades são esperadas. O exército romano era famoso por ser capaz de marchar durante toda a noite e ainda estar pronto para a batalha no dia seguinte. Sua capacidade de sofrer dificuldades estava no cerne de sua eficácia. Paulo pede a Timóteo que tivesse essa mesma coragem. Ele deveria escolher a mesma mentalidade dos soldados romanos.
Paulo expande seu exemplo militar. Ele diz que nenhum soldado na ativa se envolve nos assuntos da vida cotidiana, para que possa agradar a quem o alistou como soldado. Timóteo estava no serviço ativo do Senhor. Quem havia alistado Timóteo ao serviço havia sido Jesus Cristo. Para agradar Aquele que o havia alistado, Timóteo deveria se elevar acima dos cuidados comuns desta vida. Isso porque nenhum soldado da ativa se envolve nos assuntos do dia a dia. O soldado no campo de batalha não se preocupa em comprar casas, pagar hipotecas, manter amigos felizes, gerenciar sua imagem etc. O soldado no campo de batalha se preocupa em executar a missão dada por seu general, para que sua companhia possa ter sucesso.
Isso é realmente uma decisão de vida ou morte, como acontece com um soldado. Paulo estava em uma prisão romana aguardando sua execução. Ele sabia os riscos e os abraçava com ousadia. Ele considerava um privilégio morrer pela causa de Cristo, seu general. Ele pede a Timóteo que seguisse seus passos. Se Timóteo também acabasse na prisão, isso deixaria Paulo muito orgulhoso. Por quê? Porque Paulo tinha em mente o melhor interesse para seu "filho amado" na fé. Paulo entendia que a melhor maneira de obter o máximo benefício desta vida era se entregar pela causa de Cristo (Mateus 10:39).
Paulo desejava que Timóteo fosse bem-sucedido, como um grande soldado. Paulo tinha um contato significativo com os militares romanos e provavelmente conhecia o suficiente da cultura e da abordagem do exército romano (Filipenses 1:12-13). A questão para cada um de nós é se faremos valer a nossa oportunidade única de viver pela fé durante a nossa vida nesta terra.
Paulo passa, agora, do exemplo militar para um exemplo atlético. Ele afirma: Também se alguém competir como atleta, ele não ganha o prêmio, a menos que compita de acordo com as regras.
Paulo e Timóteo haviam visitado Corinto, sede dos Jogos Ístmicos, que eram realizados entre os Jogos Olímpicos. Timóteo compreendia perfeitamente a imagem trazida por Paulo. Para participar dos Jogos Ístmicos, cada atleta tinha que cumprir aos seguintes requisitos, ouseja, seguir a certas regras. O não cumprimento de certos requisitos/regras resultaria em sua desclassificação. Algumas delas eram:
Deixar de seguir a dieta ou abandonar os treinamentos resultaria na desqualificação. Assim, para competir e ganhar, nenhum concorrente alcançaria o prêmio a menos que competisse de acordo com as regras. Isso incluía um treinamento rigoroso e muita disciplina. Isso se conecta com o que Paulo havia dito sobre Deus nos conceder um espírito de "poder, amor e disciplina" em Cristo. (2 Timóteo 1:7). Parte da obediência às regras era a disciplina de se manter focado, sem distrações. O objetivo, claro, era ganhar o grande prêmio. O prêmio de Jesus é eterno e nunca desaparece. Ao contrário da coroa recebida pelos atletas, a coroa de Jesus dura para sempre.
Paulo usa este mesmo exemplo dos jogos ístmicos em 1 Coríntios 9. Timóteo fora enviado para ministrar aos coríntios (1 Coríntios 4:17). Ele também foi coautor com Paulo da segunda carta aos Coríntios. Assim, é difícil imaginar que Timóteo não conhecesse bem essa passagem de 1 Coríntios 9. Nesta passagem, Paulo fala a respeito de outros esportes.
Paulo (e provavelmente Timóteo) admoesta os coríntios a "correrem de tal maneira que vençam" (1 Coríntios 9:24). Se os atletas gregos conseguiam exercer "autocontrole" (1 Coríntios 9:25) ou "disciplina" (2 Timóteo 1:7) para ganhar uma recompensa temporal, quanto mais os crentes deveriam exercer autocontrole/disciplina para alcançarem a recompensa eterna? Paulo parece lembrar Timóteo sobre a aplicação de ensinado por ele muitas vezes. Sabemos que sua recomendação foi bem recebida por Timóteo porque esta carta está incluída no Novo Testamento. Isso nos mostra que Timóteo abraçou e ensinou o que recebeu. Ao fazê-lo, ele estava exercendo o espírito de humildade ao qual foi admoestado a viver nesta carta.
Em 1 Coríntios 9, Paulo faz um contraste, observando que "eles (os atletas) fazem isso para receber uma coroa perecível". Os vencedores dos Jogos Ístmicos eram chamados ao "Assento Bema" para receber uma guirlanda feita de folhas e flores. Isso lhes daria grande honra, uma das maiores honrarias disponíveis na sociedade grega. Porém, a honraria era, por natureza, "perecível”. “O troféu iria desaparecer. A fama seria perdida. Tudo o que eles haviam conquistado passaria.
Por outro lado, os crentes em Cristo podem vencer sua corrida e ser chamados ao "Assento Bema" (assento de julgamento) para receber uma recompensa eterna que nunca desaparecerá. Paulo diz: "Disciplino meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, depois de ter pregado a outros, eu mesmo não seja desqualificado" (1 Coríntios 9:27). Assim, Paulo aplicou a si mesmo o mesmo padrão que admoestava Timóteo a adotar: "competir pelas regras do jogo".
Paulo nos diz em 4:8 que uma "coroa de justiça" aguardava por ele, porque ele havia permanecido fiel até a morte iminente. A palavra "coroa" em 4:8 é a mesma palavra traduzida como "coroa" em 1 Coríntios 9, descrevendo o prêmio dos atletas gregos. A "coroa" de Jesus, que será "imperecível" em 1 Coríntios 9, é a mesma "coroa" que Paulo espera receber no céu em 2 Timóteo 4. Paulo exorta Timóteo a adotar a mentalidade de um soldado dedicado, cumprindo a missão de agradar a seu general, juntamente com a disciplina de um atleta de elite, competindo de acordo com as regras e vencendo a corrida. Cada uma dessas palavras eram admoestações para Timóteo fazer valer a pena a sua vida, para que alcançasse o máximo de recompensas eternas da vida.
Depois de comparar o chamado do crente a um soldado e a um atleta de elite, Paulo faz a analogia de um fazendeiro. Não a um agricultor qualquer, mas a um agricultor trabalhador. Paulo afirma que o agricultor deve ser o primeiro a receber sua parte das colheitas. O agricultor continua a cultivar até a colheita. Ele não planta e depois desaparece. Se o fizer, ele receberá apenas uma pequena parte da colheita, ou talvez nenhuma. Se ele deixar de cuidar e podar após o plantio, ele não merece parte alguma da colheita.
Em vez disso, o agricultor trabalha diligentemente até o final da colheita. Como resultado, ele recebe a maior parte, na verdade, é o primeiro a receber sua parte das colheitas, que é sua recompensa. Paulo evita usar a palavra "merecer" porque, na economia de Deus, ninguém pode obrigar a Deus a fazer coisa alguma. Todas as recompensas de Deus são uma questão de misericórdia, de favor ("charis"), concedidas pelas próprias de Deus. Não há padrões externos pelos quais alguém possa exigir qualquer coisa de Deus. Porém, podemos confiar no que Deus diz de Si mesmo: Ele é misericordioso. Ele deseja que tenhamos sucesso, como um pai se orgulha de ver seus filhos serem bem-sucedidos (Mateus 7:11).
Paulo instrui a Timóteo a considerar o que eu digo, pois o Senhor lhe dará compreensão em tudo. É provável que Timóteo já tivesse ouvido isso muitas vezes antes, mas agora Paulo pede que seu discípulo considere ou pondere sobre como aplicar essas coisas à sua situação. A vida continua e somos constantemente desafiados a aplicar o que aprendemos em diferentes situações. Paulo estava confiante de que, se Timóteo meditasse sobre o que ele havia dito, o Senhor daria a Timóteo compreensão em tudo.