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Significado de Mateus 21:42-44
Os relatos paralelos do Evangelho quanto a este confronto são encontrados em Marcos 12:10-11 e Lucas 20:17-18).
Jesus acabara de contar aos sacerdotes e oficiais do templo duas parábolas sobre Sua autoridade e como Deus via a mordomia deles em Israel como desobediente e abusiva. A consequência de sua desobediência os levaria à perda de autoridade, e essa autoridade seria dada aos pecadores arrependidos que eram seguidores mais dignos que eles (Mateus 21:28-41).
A segunda parábola mostrou os viticultores perversos que mataram os servos e o filho do proprietário quando foram enviados para coletar os produtos em nome do proprietário. Esta parábola predisse profeticamente como esses sacerdotes conspirariam para matar a Jesus a fim de promover sua própria autoridade. Mas também serviu como um alerta para que eles reconhecessem que Deus havia enviado Seu Filho a eles e que, em vez de assassiná-Lo, eles deveriam ouvi-Lo.
Jesus terminou Sua parábola perguntando aos sacerdotes e anciãos o que aconteceria com os viticultores ímpios quando o dono retornasse (Mateus 12:40). Eles responderam: "Ele levará aqueles homens a um fim miserável, e alugará a vinha a outros viticultores que lhe pagarão o produto nas estações apropriadas" (Mateus 21:41).
Jesus imediatamente seguiu a observação dos sacerdotes e anciãos com uma pergunta repreensiva:
Vocês nunca leram nas Escrituras: "A pedra que os construtores rejeitaram, esta tornou-se a principal pedra angular; isto veio do Senhor, e é maravilhoso aos nossos olhos'?”
A estrutura da pergunta de Jesus é dura. Sua construção negativa - "Vocês nunca... ?" — presumia que os sacerdotes e anciãos nunca haviam lido esta passagem nas Escrituras. Ou, se a leram, nunca a haviam entendido. Os líderes judeus eram considerados especialistas na lei judaica e seria ofensivo acusá-los de não entenderem uma provisão das escrituras judaicas.
Esta passagem é uma citação direta do Salmo 118:22-23. É difícil imaginar um versículo mais apropriado que Jesus poderia ter citado aos sacerdotes neste momento. Esta Escritura recorda as proclamações messiânicas da multidão dias antes. Ele destaca o cumprimento de uma profecia messiânica. E reitera um dos principais pontos de Jesus nas parábolas anteriores.
O Salmo 118 é o mesmo salmo que as multidões haviam citado quando alegremente gritaavam "Hosana" quando Jesus entrou em Jerusalém no início daquela semana (Salmo 118:26; Mateus 21:9). A passagem sobre a qual Jesus questionou os sacerdotes precedeu imediatamente a passagem que o povo havia proclamado durante Sua entrada triunfal. O uso e inserção deste salmo serviam como um eco de aprovação dos gritos messiânicos do povo.
A citação é uma metáfora arquitetônica. Antes das atuais vigas de aço, as pedras eram o material de construção escolhido para fortalecer as estruturas. Os construtores inspecionavam as pedras para determinar seu melhor uso. Algumas pedras eram rejeitadas e consideradas inutilizáveis para a construção, enquanto outras pedras eram altamente valorizadas. As pedras maiores e mais fortes eram selecionadas para serem usadas na fundação do edifício. A principal pedra angular era a pedra mais forte e melhor de todas, porque seria usada para suportar o peso de todo o edifício.
Esta metáfora dentro do Salmo 118 e xpressa um tema comum em todo o Antigo Testamento. O tema é o seguinte: Deus muitas vezes ignora os fortes e seleciona os fracos para realizar Seus propósitos. Este tema foi expresso de inúmeras maneiras: Deus escolheu os idosos Abraão e Sara para dar à luz o Seu povo (Gênesis 12:1-6; Hebreus 11:8-12); Sua promessa fluiu através de Jacó, em vez de seu irmão mais velho (Malaquias 1:2-3; Romanos 9:13); Deus usou um Moisés gaguejante para falar em Seu nome diante do Faraó (Êxodo 4:10); Deus convocou os filhos escravizados de Israel para serem Sua nação (Deuteronômio 4:20; 5:6); Ele chamou Gideão para liderar Seu povo contra os midianitas (Juízes 6:11-16); Deus escolheu o jovem, inexperiente e talvez ilegítimo Davi para ser o rei de Israel (1 Samuel 16:7). Em todas essas ilustrações vemos Deus escolhendo os seres humanos acima dos anjos para governar sobre Sua criação (ver comentário sobre o Salmo 8 e Hebreus 2).
Ao citar este salmo, Jesus ensinou que este mesmo tema se aplicava ao Seu papel como o Messias. Jesus era a pedra que os construtores rejeitaram. Os fariseus e saduceus com quem Ele estava falando eram os construtores que O haviam rejeitado.
O efeito da pergunta de Jesus aos sacerdotes e anciãos foi: "Como é que vocês compreendem o que deveria acontecer aos viticultores iníquos, mas não são capazes de reconhecer que vocês estão se comportando como eles? Vocês não conseguem ver que estão rejeitando a principal pedra angular do Reino de Deus?" Jesus estava, agora, deixando claro aos sacerdotes e anciãos que os viticultores na parábola eram a representação deles mesmos e que Jesus era o Filho do Proprietário da terra, o próprio Deus.
O uso que Jesus faz do Salmo 118 não apenas remontava aos gritos de "Hosana" das multidões, mas também sublinhava dois cumprimentos proféticos das Escrituras. Primeiro, os sacerdotes rejeitariam a Jesus como o Messias (Mateus 26:63-67). E segundo, Jesus ainda seria o Messias e o fundamento sobre o qual todo o Reino de Deus seria construído (1 Coríntios 3:11).
Os sacerdotes e anciãos não conseguiriam impedir que isso acontecesse porque isso vinha do Senhor. Apesar do erro dos sacerdotes e oficiais, Jesus ainda seria a principal pedra angular do "edifício", que é o Reino de Deus, e Israel, bem como a Igreja, que é o Corpo de Cristo. Em outras palavras, sua rejeição a Jesus não diminuiu o fato de Ele ainda ser o Messias. Ironicamente, sua rejeição a Jesus como Messias funcionou para cumprir a profecia messiânica do Salmo 118. Sua rejeição não O desqualificou como Rei. Eles não podiam diminuir, limitar ou impedi-Lo de realizar tudo o que o Messias deveria fazer. Mesmo que O rejeitassem, Jesus ainda se tornaria a pedra angular fundamental do Reino de Deus. Eles não podiam impedir que Deus realizasse Sua vontade.
Após Jesus ressuscitar dos mortos, Pedro citou o Salmo 118:22-23 "Ele é a PEDRA QUE FOI REJEITADA por vós, os CONSTRUTORES, mas QUE SE TORNOU A PRINCIPAL PEDRA ANGULAR" durante seu julgamento, enquanto tentava persuadir o Sinédrio de que Jesus era o Messias (Atos 4:11). Era provável que muitos dos mesmos sacerdotes e anciãos que tinham ouvido Jesus originalmente citar o Salmo 118:22-23 durante a semana anterior à Sua crucificação estivessem presentes naquele momento, quando Pedro mencionou mais uma vez o salmo.
Jesus conclui Sua citação do Salmo 118 com o versículo 23: Isto é obra do Senhor, e é maravilhoso aos nossos olhos. A palavra maravilhoso significa "inesperado" ou "incrível". É mais do que surpreendente que tenha vindo do Senhor a rejeição do Messias por Seu próprio povo (João 1:11). Mas foi através da rejeição de Israel que os gentios foram autorizados a ser enxertados na árvore que é Israel (Romanos 11:11,, 1924).
Teria sido maravilhoso e fantástico para os judeus naquele momento perceber que o Reino do Messias abrigaria a muitos gentios de terras estrangeiras. E, no entanto, é exatamante isso o que aconteceria. Décadas mais tarde, Paulo ainda estava maravilhado com isso em Sua carta aos crentes predominantemente gentios em Éfeso:
"Vocês não são mais estrangeiros, vocês são concidadãos dos santos, e são da casa de Deus, tendo sido edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo o próprio Cristo Jesus a pedra angular, na qual todo o edifício, sendo consturído, cresce em um templo santo ao Senhor, em quem também vós estais a ser edificados juntos numa morada de Deus, no Espírito." (Efésios 2:19-22)
Estas linhas do Salmo 118:22-23 também são referidas em 1 Pedro 2:7-8.
A frase que Jesus citou do Salmo 118 também era referência de uma profecia de Isaías:
"Portanto, assim diz o Senhor Deus: 'Eis que estou colocando em Sião uma pedra, uma pedra testada, uma pedra angular dispendiosa para o alicerce, firmemente colocada. Aquele que nele crê não será perturbado.'" (Isaías 28:16)
Além da lembrança desta citação sobre as esperanças messiânicas do povo e do cumprimento profético das Escrituras, ela também serviu para ressaltar um ponto-chave da parábola de Jesus sobre a vinha e como ela se aplicava aos sacerdotes e oficiais; a saber, que eles estavam rejeitando o filho do proprietário da terra. Jesus explicou este ponto em Seu ensinamento a seguir.
Por isso vos digo que o Reino de Deus vos será tirado e dado a um povo, produzindo o fruto dele. Esta foi a afirmação de Jesus, em termos inconfundíveis, quanto ao que os sacerdotes e anciãos haviam acabado de responder a Ele após Seu questionamento quanto ao que deveria acontecer com os viticultores assassinos, dizendo: "Ele levará esse homens a um fim miserável" (Mateus 21:41a). Jesus conectou sua própria observação à citação messiânica do Salmo 118, mostrando que, ao rejeitarem a Jesus como a principal pedra angular, eles eram como os viticultores perversos que mataram o filho do proprietário da terra.
Em seguida, Jesus diz: “E aquele que cair sobre esta pedra será quebrado em pedaços; mas em quem quer que ela caia, ela o reduzirá a pó.” Esta foi outra alusão a Isaías:
"Então Ele se tornará um santuário; mas para ambas as casas de Israel, uma pedra para bater e uma rocha para tropeçar, e uma armadilha para os habitantes de Jerusalém. Muitos tropeçarão sobre ela, então eles cairão e serão quebrados; eles serão presos e levados cativos." (Isaías 8:14-15).
Aqui Jesus estava dizendo aos sacerdotes e anciãos, os “habitantes de Jerusalém" (Isaías 8:14), que Ele era a pedra de ofensa. No caminho da justiça e da harmonia social, todos pecaram e foram destituídos da glória de Deus (Romanos 3:23). Mais cedo ou mais tarde, entretanto, todos se encontram com a pedra, que é Jesus. Ele é inevitável. Todo indivíduo "tropeçará" em Jesus e "será quebrantado" (Isaías 8:15) por Ele. Ou, como Jesus disse, aquele que cair sobre esta pedra (Jesus) será quebrado em pedaços. Aqueles sobre quem a pedra (Jesus) cair serão reduzidos a pó. Isso prenuncia a iminente dispersão dos judeus para diversas as nações após a perseguição romana, depois de terem continuamente rejeitado a Jesus, mesmo depois de lhes ter sido oferecida outra oportunidade de recebê-Lo como Messias após Sua ressurreição dos mortos (Atos 3:19-20).
O primeiro cenário, o de cair sobre esta pedra e ser quebrado em pedaços, pode descrever aqueles que se encontram com Jesus e são quebrantados por Sua santidade e misericórdia. Quando eles encontram a pessoa de Cristo, são atingidos por Sua santa perfeição. Embora seja um processo doloroso, eles são movidos ao arrependimento e decidem receber a vida eterna através da fé (João 3:14-16).
Quando crêem, essas pessoas nascem de novo e recebem uma nova natureza. Em Cristo, elas têm vida nova. Elas nascem de novo (João 3:16) e são uma nova criação (1 Coríntios 5:17). Jesus, então, se tornará um santuário, uma fonte de conforto e descanso durante sua nova vida. Aquele que cai sobre esta pedra e será quebrado em pedaços é como aquele que perde sua vida (grego "pusche") para salvá-la (Mateus 16:25).
A conversão de Pedro (Lucas 5:8) e a história de Paulo após sua conversão (Filipenses 3:7-11) são imagens de como é “tropeçar” em Jesus e ser quebrantado em termos da salvação pela fé (justificação diante de Deus). O arrependimento de Pedro após Jesus lhe perguntar se ele O amava (João 21:15-17) é uma imagem desse quebrantamento e do retorno à comunhão com Deus (santificação através de uma caminhada de fé).
A outra imagem apresentada por Jesus - Aquele sobre quem a pedra caia, ela o reduzirá a pó - pode se referir aos que rejeitam a Jesus e Sua justiça. Isso se refere aos que confiam em si mesmos; aos que pensam estar bem sem Jesus; aos que não crêem nEle; aos que não vêem necessidade de se arrepender. Esses são aqueles que estão enganados.
Porém, da mesma forma, Jesus é inevitável para esses. Deus é justo. Quem não crê em Jesus condena-se a si mesmo (João 3:18). Quando Jesus lidar com essas pessoas, será como se uma enorme rocha, de repente, caísse sobre elas. Esta pedra pesada irá esmagá-los e espalhar todos os aspectos de suas vidas, incluindo sua justiça própria como pó. Quem quer que rejeite a Jesus fará com que a pedra caia sobre si e ela o esmagará. Por desejar salvar sua própria vida ("pusche") a pessoa a perderá (Mateus 16:25). Este princípio pode aplicar-se aos que ainda necessitam crer, como Paulo antes de seu encontro com Cristo na estrada para Damasco (Atos 9). E pode também se aplicar aos crentes que estão andando em desobediência, como Pedro, quando tentou repreender a Jesus quando o Mestre disse que iria morrer (Mateus 16:23).
Os cobradores de impostos, prostitutas e pecadores arrependidos são os que foram quebrados em pedaços por Jesus. Eles creram na mensagem de Deus (Mateus 21:32). Eles se arrependeram de seus caminhos (Mateus 21:28-29). Suas velhas vidas foram quebradas. Mas, Jesus os curou e os levantou. Eles receberam acesso ao Reino (Mateus 21:31). Por sua fidelidade, eles recebem posições de influência no Reino de Deus (Mateus 21:41, 21:43). Isso representa o novo nascimento (justificação na presença de Deus através da fé), bem como a nova vida (caminhar por fé como nova criação em Cristo, em comunhão com Deus).
Os líderes religiosos a quem Jesus estava endereçando essas coisas eram como aqueles sobre os quais a pedra cai. Quando se tratava da verdadeira justiça, todos eles eram vazios e sem substância (Mateus 21:30). Eles perderam o Reino (Mateus 21:31). Eles não creram na mensagem de Deus quando a ouviram e não se arrependeram (Mateus 21:32). Eles procuraram manter seu antigo modo de vida, com suas regras, costumes e tradições de justiça própria. Eles permaneceram obstinados diante da obra maravilhosa que Deus estava fazendo (Mateus 21:42). Eles eram os viticultores que mataram o filho do proprietário da terra para reivindicar sua herança (Mateus 21:39-39). Eles eram os construtores que rejeitaram a principal pedra angular do Reino de Deus (Mateus 21:42). Esta pedra cairia sobre eles e os reduziria a pó (Mateus 21:41). Por todas essas coisas, Jesus disse que Deus tiraria seu lugar de honra em Seu Reino e o daria a um povo que estivesse realmente produzindo frutos (Mateus 21:44).
Esses sacerdotes e anciãos religiosos se comportavam como a figueira estéril amaldiçoada por Jesus em Seu caminho para a cidade. A menos que eles se arrependessem, eles também murchariam como a árvore, para nunca mais produzir frutos (Mateus 21:19).
Não nos é dito se os líderes religiosos acabaram crendo o suficiente para serem justificados na presença de Deus. A quantidade de fé necessária para tanto era a mesma quantidade que os israelitas no deserto tiveram que demonstrar ao olhar para a serpente de bronze e ser libertos do veneno das víboras (João 3:14-15). Jesus declarou que o ensino dos escribas e fariseus era sólido, mas suas escolhas de vida não combinavam com seus ensinamentos (Mateus 23:3). Isso poderia indicar que eles eram parte da família de Deus, alguém que cria nas Escrituras e que o Messias viria.
Caso isso seja verdadeiro, a repreensão de Jesus aos fariseus em passagens como Mateus 23 pode ser uma sombra de como serão julgadas as obras dos crentes diante do fogo refinador da santidade de Deus no tribunal de Cristo, conforme demonstrado pelo apóstolo Paulo em relação a todos os que creram e nasceram na família de Deus:
"Porque nenhum homem pode estabelecer um fundamento senão aquele que está colocado, que é Jesus Cristo. Ora, se alguém edificar sobre o alicerce com ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada homem se tornará evidente; pois o dia o mostrará porque deve ser revelado com fogo, e o próprio fogo testará a qualidade da obra de cada homem. Se a obra de qualquer homem que ele construiu sobre ela permanecer, ele receberá uma recompensa. Se a obra de alguém for queimada, ele sofrerá perdas; mas ele mesmo será salvo, ainda assim como pelo fogo." (1 Coríntios 3:11-15)