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Significado de Oséias 11:1-7

O SENHOR anuncia que, uma vez que Israel tenha recusado Suas advertências proféticas e tenha decidido não se arrepender, apesar de todo o cuidado e bênção que Deus lhes havia proporcionado, a Assíria, agora, os conquistaria. A Assíria seria o novo rei de Israel. Israel era o primogênito chamado por Deus do Egito. Esta passagem é citada em Mateus como um prenúncio profético da permanência de Jesus no Egito.

Nesta passagem, o SENHOR olha para trás, para os primeiros dias de Israel, buscando explicar como Ele o havia trazido à existência e lhe fornecido Seu terno cuidado. Deus declara: Quando Israel era jovem, Eu o amava (v. 1). O termo traduzido como “jovem” ("na'ar" em hebraico) carrega uma ampla gama de significados. Pode se referir a um rapaz, como em  Gênesis 19:4 ou Gênesis 22:12. Também pode se referir a rapazes, como em Gênesis 14:24  ou 2 Samuel 18:5, 12. Porém, aqui em Oséias, o termo é usado figurativamente para sugerir que Israel estava indefeso e incapaz de carregar as responsabilidades da vida adulta.

Enquanto Israel estava em estado de dependência, o SENHOR o amou. Ele demonstrou Seu amor e bondade por Israel ao redimi-lo da escravidão. Para lembrar a Israel de sua antiga condição de conforto e dependência, o SENHOR declara: Do Egito chamei a Meu filho (v. 1).

Anteriormente, em Oséias, Deus havia usado o pronome "ela" para Israel, encaixando-se com a metáfora da nação como esposa rebelde que havia cometido adultério (Oséias 1:2, 3:1). Aqui, Deus usa o pronome “ele” para se encaixar na metáfora de Israel como um filho. Pode-se considerar que os eventos que aconteceriam com Israel prenunciariam os eventos futuros relacionados ao Messias de Israel. Neste caso, Oséias 11:1 é citado em Mateus como uma profecia a respeito de Jesus, após José ter escapado da tentativa de Herodes de assassinar Jesus quando criança:

"Então José levantou-se e tomou o Menino e sua mãe enquanto ainda era noite, e partiu para o Egito. Lá permaneceu até a morte de Herodes. Isso era para cumprir o que havia sido dito pelo Senhor por meio do profeta: 'DO EGITO CHAMEI MEU FILHO'" (Mateus 2:14-15)

Podemos também considerar que todos os povos são chamados para fora do Egito, no sentido de que o Egito representa uma vida de escravidão e tirania. Talvez o apóstolo Paulo tivesse essa metáfora em mente quando escreveu:

"Não sabeis vós que, quando vos apresentais a alguém como escravos para obediência, sois escravos daquele a quem obedeceis, quer do pecado que resulta em morte, quer da obediência que resulta em justiça?" (Romanos 6:16).

No caso desta passagem de Romanos 6, o público-alvo é o povo de Deus, crentes cuja "fé está sendo proclamada em todo o mundo" (Romanos 1:8). Paulo deseja que os crentes gentios em Roma vivessem na liberdade decorrente da escolha pela vida, em obediência à palavra de Deus. Seu argumento é que esta escolha é a mais razoável a se fazer, porque é a melhor das opções de vida. É o mesmo argumento básico que Oséias traz em seu livro, escrito séculos antes.

Tanto para Oséias quanto para os romanos, o público da mensagem era o povo de Deus. Deus nunca rejeitaria a Seu povo. Porém, Ele disciplina àqueles a quem ama (Hebreus 12:5).

Em Êxodo, a condição de Israel na escravidão do Egito por cerca de quatrocentos anos era horrível após a morte de José, que não mais podia protegê-los (Êxodo 1:8-11). Lá, Israel foi escravizado pelo Faraó e pelos egípcios, experimentando opressão, vergonha e humilhação (Êxodo 1). Porém, Deus enviou uma mensagem ao Faraó através de Moisés, dizendo:

"Eis o que diz o Senhor: 'Israel é meu filho, meu primogênito. Então eu vos disse: 'Deixai ir o meu filho para que me sirva'; mas você se recusou a deixá-lo ir. Eis que vou matar seu filho, seu primogênito'" (Êxodo 4:21-22).

Nesta passagem do Êxodo, Deus chama Israel de "primogênito". O primogênito é o herdeiro, aquele com o direito de governar a família. Neste caso, Deus está dizendo que Israel era o primogênito da terra, com o direito de governar sobre ela. Assim, quando Deus chama Jesus para fora do Egito (Mateus 2:14-15), Ele estava chamando Seu Primogênito sobre toda a criação (Colossenses 1:15). O Primogênito de Deus (Jesus) viveu fielmente, obedecendo a Seu Pai em todas as c. Desta forma, Ele recebeu a recompensa de reinar sobre toda a terra (Filipenses 2:8-10, Mateus 28:18).

Agora, Jesus convida a todos os que creem Nele a seguir Seu caminho e promete recompensar a todos os que vencerem como Ele venceu, ou seja, compartilhando Seu reinado (Filipenses 2:5, Apocalipse 3:21). Os gentios que nascem de novo do Espírito nascem na família de Deus como dom gratuito pela fé (João 3:14-15). Todos os que creem são enxertados na raiz, Israel, e são espiritualmente parte de Israel (Romanos 2:27-29, 11:17). Os crentes do Novo Testamento podem aprender os padrões de causa e efeito dessas lições escritas sobre Israel (1 Coríntios 10:11).

Deus milagrosamente derrotou ao Faraó e seu exército e redimiu a vida de Israel "com mão poderosa e braço estendido" (Êxodo 6:6). Deus fez tudo isso para estabelecer um relacionamento de aliança com Israel (Êxodo 14, Deuteronômio 7:6-8). Ele considerava Israel como Seu filho e o tratava com carinho.

Apesar dos atos redentores de Deus em favor dos israelitas, eles se recusaram a aceitá-Lo como seu salvador: Quanto mais os chamavam, mais se afastavam deles (v. 2). O pronome “os” na primeira parte da frase provavelmente se refira aos profetas de Deus, que chamavam o povo do pacto de volta à fidelidade. Ou seja, quanto mais os profetas de Deus chamavam aos israelitas ao arrependimento, mais eles se rebelavam e fugiam para praticar a idolatria.

Em vez de se voltarem para Deus, os israelitas continuavam sacrificando aos Baals e queimando incenso aos ídolos (v. 2).

No antigo Israel, o incenso - um material usado para a produção de um odor perfumado quando queimado - era um elemento importante na adoração, porque era um sinal de reverência ao Senhor, de quem os israelitas dependiam para sustento e sobrevivência. Assim, o incenso era usado para se ganhar o favor de Deus.

Os israelitas deveriam se conectar a Deus, o libertador divino e aquele que os amava, pela fé. Eles deveriam adorar e servir a Deus fielmente. Mas, em vez disso, eles deram fidelidade a divindades pagãs, especialmente a Baal - o deus cananeu da fertilidade. Eles continuavam sacrificando aos Baals e queimando incenso aos ídolos, o que significa que eles adoravam imagens gravadas como seus deuses, em vez de adorar o Deus verdadeiro e vivo (Êxodo 20:4-6, Deuteronômio 5:7-9).

Naturalmente, quando Israel passou a adotar os deuses pagãos e as formas pagãs de adoração (que incluíam imoralidade sexual desenfreada, inclusive com animais, e sacrifício de crianças - Levítico 18:23, 21), Israel também caiu na cultura pagã de exploração, engano e violência (Oséias 4:2). Em vez de construírem uma cultura de "amor ao próximo", como exigia sua aliança com o Deus Vivo, eles desceram à uma cultura de exploração.

A cultura da exploração é também uma cultura de direitos. A atitude de Israel em relação a Deus demonstrava sua ingratidão, porque Deus o havia redimido e sustentado. Deus havia providenciado Sua aliança a eles (Deuteronômio 10:13). Todas as coisas referentes ao relacionamento de Deus com Israel eram para seu bem.

E, no entanto, Israel abandonou a Deus por ídolos que apenas lhe davam uma desculpa moral para buscarem a libertinagem e a exploração. Porém, Deus declara que, embora Israel O tenha abandonado, ainda assim fui Eu quem ensinou Efraim a andar, Eu os tomei em Meus braços. O pronome “Eu” é enfático no texto em hebraico, sugerindo que foi Deus quem havia treinado a Efraim. O nome Efraim, que significa "duplamente fecundo" (Gênesis 41:52), é usado aqui para todo o reino do norte (Israel). Efraim era a maior das tribos, onde estava localizada a capital, Samaria.

Ao usar Efraim, o SENHOR contrasta Sua bondade (tornando Israel duplamente fecundo) com a ignorância e rebelião de Israel (abandonando a seu benfeitor), porque Ele os havia redimido de sua condição indefesa e ensinado a navegar com sucesso em seu caminho através dos desafios da vida, tornando-se fecundo. Porém, Israel tornara-se cego para essa realidade; eles rejeitaram o bem (Oséias 8:3).

O Deus Susserano era o mestre de Israel, mas o aluno não O ouvia (Oséias 8:1, 12). Como fazem os mestres humanos, o SENHOR havia ensinado os israelitas a andar e o fez com Seu mais terno cuidado ao tomá-los em Seus braços quando experimentavam dor e sofrimento. No entanto, ao contrário dos professores humanos, Deus não tinha nada a aprender com Seus alunos. Ele é onisciente, Ele tudo sabe.

De fato, Deus livrou aos israelitas do cativeiro no Egito de uma forma poderosa e milagrosa (Êxodo 6:6). Ele guiou o povo através do deserto e protegeu-o de tal maneira que suas "roupas não se desgastaram", "nem seu pé inchou nestes quarenta anos" (Deuteronômio 8:4). Os israelitas deveriam entender sua libertação da escravidão como sua cura. Mas, eles não sabiam que Deus os curava (v. 3). Eles não admitiam a verdade de que o SENHOR foi quem os havia redimido e protegido em suas experiências no deserto. Eles escolheram a Baal, decidindo acreditar em uma mentira em vez de acreditar na verdade (Oséias 10:13).

Apesar da falta de fé de Israel, o SENHOR tratou com eles com grande amor e carinho. Deus deixa isso claro declarar: Eu os conduzi com cordões de um homem, com laços de amor, e eu me tornei para eles como alguém que levanta o jugo de suas mandíbulas (v. 4).

O Deus Susserano (governante) lidou gentilmente com Israel, como um fazendeiro conduzindo seu animal ao arado com um cabresto (cordões), removendo o jugo de seu rosto e ombros (mandíbulas) e depois trazendo-lhe ração suplementar (curvado e alimentado). Da mesma forma, o SENHOR havia conduzido com ternura a Israel e suprido para eles no deserto. Quando os israelitas não podiam se alimentar, o Deus Susserano se inclinava e os alimentava (v. 4) durante suas andanças pelo deserto, milagrosamente fornecendo-lhes maná para comer (Números 11, Deuteronômio 8:3, 15, 16). No entanto, os israelitas não eram gratos a Deus.

Portanto, os israelitas não escapariam do julgamento de Deus: Não voltarão à terra do Egito; mas a Assíria - ela será seu rei (v. 5).

Como em Oséias 8:13 e 9:3, o Egito é usado aqui como símbolo de escravidão e exílio. Israel voltaria às condições que tinha no Egito, sendo exilado em uma terra estrangeira. Porém, o destino de Israel no exílio não era retornar ao Egito, mas sim ser governado pela Assíria.

Os israelitas não podiam permanecer na terra. Como eles haviam se recusado a retornar ao Senhor, eles voltariam à escravidão, só que agora na Assíria. Israel havia quebrado sua aliança com Deus e uma das condições para permanecerem na terra como sacerdotes de Deus para as outras nações era seguir o acordo que haviam firmado, ou seja, seguir aos mandamentos de Deus (Êxodo 19:6, 8). O contrato de aliança de Deus com Israel apresentava o exílio como remédio necessário para a quebra do contrato, caso Israel não seguisse a Seus mandamentos.

Deus chamou Israel para mostrar ao mundo uma maneira melhor de viver, para construir uma cultura baseada no respeito mútuo, na verdade e no amor ao próximo (Mateus 22:37-39). Tal cultura autônoma os levaria à cooperação mútua e ao florescimento humano e seria um exemplo para as nações (Êxodo 19:6). Este era particularmente o caso, uma vez que Israel estava localizado numa das principais rotas comerciais do mundo da época. Porém, Israel não foi um exemplo positivo; assim, teria seu exemplo removido; iria para o exílio e seu novo rei seria o rei da Assíria.

2 Reis nos diz até que ponto as más práticas pagãs se haviam instalado em Israel:

"Então fizeram seus filhos e suas filhas passarem pelo fogo, e praticaram adivinhações e encantamentos, e se venderam para fazer o mal aos olhos do Senhor, provocando-O" (2 Reis 17:17).

A frase "passar pelo fogo" refere-se ao sacrifício de crianças. Foi essa cultura de exploração e violência que levou Deus originalmente a julgar as nações de Canaã (Deuteronômio 9:4). Deus havia deixado claro a Israel que, se eles caíssem na mesma cultura de exploração pagã, Ele os julgaria também (Deuteronômio 4:25-27).

Assim, dada a desobediência de Israel, agora a espada girará contra as cidades de Israel e demolirá suas grades e as consumirá (v. 6). A espada representava a destruição militar. A palavra hebraica traduzida como “girar” é apresentada em outras traduções como:

  • Permanecer - a guerra habitaria entre eles
  • Rápido - a espada se tornaria uma ocorrência comum, pois a guerra consumiria as cidades
  • Raiva - a guerra devastaria as cidades
  • Queda - a espada (guerra) desceria sobre as cidades

As cidades seriam sitiadas e seus muros cairiam. A frase “demolir os portões” traz a imagem dos portões da cidade sendo invadidos e o exército atravessando os portões. Isso ocorreu em 722 a.C., a Assíria cercou Samaria, derrotou-a e levou o povo ao exílio (2 Reis 17:5-6). Isso aconteceria por causa de seus conselhos (v. 6), ou seja, por causa das escolhas erradas que fizeram. Israel confiava em si mesmo e nos ídolos e poderes ocultos que eles podiam manipular (2 Reis 17:17). Eles escolheram uma perspectiva falsa, confiando em sua própria habilidade diplomática com o Egito e a Assíria, bem como seu poder militar, em vez de reconhecerem a Deus como sua única fonte de segurança (Oséias 7:11). Eles haviam escolhido crer em mentiras (Oséias 10:13) em vez de ouvir a palavra de Deus e seguir Seus caminhos (Oséias 8:12). Isso os levou à maldade. O povo caiu na cultura pagã da exploração e da violência (Oséias 4:2). Eles afundaram ao ponto de sacrificar a seus próprios filhos (2 Reis 17:17). Seu coração estava endurecido e eles se recusavam a ouvir os profetas e voltar ao Senhor.

Deus conclui esta seção dizendo: Então, Meu povo está inclinado a se afastar de Mi. Embora os chamem para Aquele no alto, ninguém O exalta (v. 7).

Isso significa que os israelitas haviam rejeitado aos profetas que Deus havia enviado para proclamar uma mensagem de arrependimento. Eles ignoraram as advertências proféticas. Eles queriam que Deus cumprisse sua parte na aliança, mas não queriam fazer a vontade de Deus. As pessoas estavam focadas em si mesmas. Eles só se preocupavam em conseguir o que queriam. Eles procuravam explorar aos ídolos, espíritos e outras pessoas (através de engano e violência). Eles buscavam até mesmo forçar Deus a fazer o que queriam. Porém, Deus não era um ídolo a ser manipulado. Deus era o Deus Criador, que havia criado as relações de causa e efeito. Deus sabia como as coisas funcionavam e conhecia o que gera o florescimento humano.

Deus deu a Israel um roteiro de prosperidade em Sua aliança (Deuteronômio 4:8). Quando as pessoas se autogovernam e desenvolvem o foco externo de servir uns aos outros elas conseguem criar uma cultura de respeito mútuo e colaboração. Em vez de engano e violência (Oséias 4:2), elas experimentarão a produtividade e o prazer de comunidades vibrantes (Deuteronômio 28:1-14).

No entanto, Israel havia falhado em seu papel de servir como sacerdote para as nações, mostrando-lhes uma maneira melhor de viver (Êxodo 19:6). Eles haviam adotado a cultura dos cananeus e egípcios (Levítico 18). Eles, agora, precisavam ser removidos da terra, de acordo com os termos do acordo de aliança com Deus, aos quais haviam jurado obedecer (Êxodo 19:8, Deuteronômio 4:26-27).

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